Sexta, 8 de julho de 2016
Pedro Peduzzi e Ana Cristina Campos - Repórteres da Agência Brasil 
Após
 mais de duas horas de reunião com o presidente interino Michel Temer e 
com cerca de 100 empresários do Comitê de Líderes da Mobilização 
Empresarial pela Inovação (MEI), o presidente da Confederação Nacional 
da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse hoje (8) que, para o 
governo melhorar a situação do déficit fiscal, serão necessárias 
“mudanças duras” tanto na Previdência Social quanto nas leis 
trabalhistas.
Temer deixou o evento sem falar com a 
imprensa. Em entrevista depois do encontro, Andrade sugeriu que o Brasil
 adote iniciativas similares às do governo francês, que, de forma 
independente do Parlamento, conseguiu autorizar uma carga horária de até
 80 horas semanais e de 12 horas diárias para os trabalhadores.
“Um
 déficit de R$ 139 bilhões [para 2017]. Acho que foi uma demonstração de
 responsabilidade do governo apresentar as dificuldades que têm e o 
esforço que será feito para contornar essas dificuldades”, afirmou o 
presidente da CNI.
Segundo ele, ao considerar que, em 2016, o 
déficit será R$ 170 bilhões, a conclusão é que haverá, em algumas áreas,
 crescimento de despesas governamentais. “É claro que a iniciativa 
privada está ansiosa para ver medidas duras, difíceis de serem 
apresentadas. Por exemplo, a questão da Previdência Social. Tem de haver
 mudanças na Previdência Social. Caso contrário, não teremos no Brasil 
um futuro promissor”, acrescentou.
Robson Braga defendeu também a
 implementação de reformas trabalhistas. Para ele, o empresariado está 
“ansioso” para que essas mudanças sejam apresentadas “no menor tempo 
possível”.
“Vimos agora o governo francês, sem enviar ao 
Congresso Nacional, tomar decisões com relação às questões trabalhistas.
 No Brasil, temos 44 horas de trabalho semanal. As centrais sindicais 
tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36 passou, para a 
possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas diárias
 de trabalho. A razão disso é muito simples. A França perdeu a 
competitividade de sua indústria com relação aos demais países da 
Europa. Agora, está revertendo e revendo suas medidas, para criar 
competitividade. O mundo é assim e temos de estar aberto para fazer 
essas mudanças. Ficamos ansiosos para que essas mudanças sejam 
apresentadas no menor tempo possível”, argumentou o empresário.
Robson Braga de Andrade reiterou a posição da CNI, contrária ao aumento de impostos.
“Somos
 totalmente contra qualquer aumento de imposto. O Brasil tem muito 
espaço para reduzir custos e ganhar eficiência para melhorar a máquina 
pública antes de pensar em qualquer aumento de carga tributária. Acho 
que seria ineficaz e resultaria, neste momento, na redução das receitas,
 uma vez que as empresas estão em uma situação muito difícil”, disse 
ele.
Também
 presente no evento, a presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento 
Econômico e Social (Bndes), Maria Silvia Bastos Marques, informou que o 
banco investiu R$ 6 bilhões em inovação nos últimos dois anos.
Maria
 Silvia defendeu o diálogo cada vez maior com o setor privado. “Inovação
 é uma das prioridades do banco. Produtividade e competitividade são 
fundamentais para a retomada do crescimento sustentável”, disse a 
presidente do BNDES.
Também participando do encontro, Ricardo Felizzola, presidente do Grupo Parit – holding de
 investimentos que controla as empresas Altus Sistemas de Automação S/A,
 Teikon Tecnologia Industrial S.A e HT Micron Semicondutores Ltda – 
disse que o Brasil precisa aumentar o apoio e financiamento em inovação 
tecnológica para aumentar a competitividade.
A MEI, com quem 
Temer se reuniu, agrega mais de 100 líderes empresariais das maiores 
empresas do país. Com o objetivo de formular propostas de políticas 
públicas e estimular e construir nas empresas um ambiente em que a 
inovação ocupe um papel central de forma a gerar empregos e inserir de 
forma mais efetiva a indústria brasileira nas cadeias globais de valor.
Para
 2016, a MEI tem como agenda prioritária a atualização do marco 
regulatório da inovação, o aperfeiçoamento do marco institucional da 
inovação, aprimoramento dos mecanismos de financiamento à inovação, 
estruturação da inserção global de empresas brasileiras via inovação, 
modernização do currículo das engenharias e o fortalecimento da atuação 
de pequenas e médias empresas inovadoras.