Sábado, 21 de janeiro de 2017
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Em 17 anos de poder, o ditador acumulou US$ 21,3 milhões, a maior parte obtida ilegalmente, de acordo com a Justiça chilena; mas o valor real desse patrimônio é bem maior, revela a investigação realizada pelos jornalistas do Ciper Chile, e ainda depende do desfecho do caso Riggs
Por Pedro Ramírez
Passados dez anos da morte de Augusto José Ramón Pinochet Ugarte, o valor real da fortuna que conseguiu acumular e ocultar no exterior continua um mistério. O caso Riggs, que investigou a origem dessa fortuna, foi encerrado em maio de 2015 com uma avaliação que deve ser corroborada pela Corte Suprema: o patrimônio acumulado pelo ditador corresponde a US$ 21,3 milhões, dos quais US$17,9 milhões foram obtidos irregularmente.
No entanto, essa é apenas a “verdade judicial”. Além dos indícios que apontam a participação de Pinochet em comissões de compra e venda de armas e que nunca foram devidamente investigados, há outro ponto nebuloso que contradiz o valor oficial da fortuna.
O Ciper investigou o vultoso patrimônio imobiliário adquirido ilicitamente por Pinochet e herdado por sua família. Descobriu que equivale atualmente a cerca de US$ 28 milhões, ou 18,9 bilhões de pesos chilenos. Por trás de um emaranhado de transações e empresas, aparecem novos personagens e valores que surpreendem.
A cifra corresponde à soma dos valores de 26 propriedades adquiridas com fundos cuja origem está em parte nos “gastos reservados” de que se apropriou Pinochet como chefe de Estado e comandante em chefe do Exército. Todas essas propriedades continuam registradas em nome do ditador, de empresas que criou em paraísos fiscais ou de alguns de seus familiares próximos.