terça-feira, 21 de abril de 2020

Nota do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) sobre os movimentos contra a vida e a democracia

Terça, 21 de abril de 2020
Do CONIC
 
SOBRE OS MOVIMENTOS CONTRA A VIDA E A DEMOCRACIA

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) se junta às muitas vozes da sociedade civil organizada que manifestaram repúdio aos movimentos de rua do dia 19 de abril de 2020 que, além de pedir o fechamento do STF e do Congresso, reivindicaram a intervenção militar.  

Preocupa-nos, em especial, a participação do presidente da República no Ato Público realizado em Brasília, onde afirmou que “nós não vamos negociar nada!”. Imagina-se que o mandatário tenha se referido à flexibilização da quarentena, absolutamente necessária para impedir o avanço da pandemia do COVID 19 e para impedir o colapso dos hospitais públicos e privados.
Constituição Federal destaca que são direitos sociais, entre outros, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, a previdência social, a proteção à infância, à maternidade e à assistência social. Em uma situação de tamanha complexidade e criticidade, é papel do representante público mais elevado do País articular as diferentes instâncias do Estado para efetivar medidas emergências para minimizar os impactos da pandemia e da crise econômica. Mas, o que temos visto, é a autoridade máxima do país incentivando as pessoas, em especial as mais vulneráveis, a trabalharem com foco apenas na economia, pouco se importando com a vida e a segurança de trabalhadores e trabalhadoras, eximindo-se, assim, das suas atribuições como chefe de Estado. 
 
Neste aspecto, causa-nos pesar ver instituições democráticas, como o próprio STF e o Congresso Nacional, nitidamente apáticas com as diferentes manifestações e posturas anticonstitucionais de quem deveria ser o primeiro a respeitar a Constituição, que jurou cumpri-la e fazer cumprir.
 
A crise política e econômica do país é grave. Urge a criação de processos amplos de diálogo para a avaliação e reconhecimento de responsabilidade dos fatos históricos recentes, que conduziram o país à crise que agora vivemos. 
 
Congresso Nacional, STF, parte das igrejas, Forças Armadas, empresários, agronegócio, meios de comunicação, todos têm a responsabilidade de reconhecer a sua contribuição para chegarmos a esta crise que parece, muitas vezes, irreversível.  
 
Temos de parar o ódio à política, pacientemente forjado, nos últimos anos, com discursos e processos judiciais nem sempre imparciais para justificar a luta contra a corrupção.  
 
A pobreza e a desigualdade aumentam diariamente em nosso país, atingindo os grupos sociais mais vulneráveis. Nossa fé em Jesus Cristo não autoriza políticas de extermínio social para que a economia triunfe. Isso é idolatria. 
 
Pela fé em Jesus Cristo, afirmamos nosso compromisso pela vida de todas as pessoas e pela Democracia ampla e participativa!
 
CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil