domingo, 23 de novembro de 2025

O deserto Brasileiro é de políticos probos e nacionalistas dedicados ao povo e ao país

Domingo, 23 de novembro de 2025
ARTIGO NO PÁTRIA LATINA — PAPO DO DIA — SEXTA-FEIRA 21/11//2025

O deserto Brasileiro é de políticos probos e nacionalistas dedicados ao povo e ao país

Postado originalmente no Pátria Latina em 21 de novembro de 2025

Do Pátria Latina

Pedro Augusto Pinho*

A aprovação, em 18/11/25, pela Câmara dos Deputados por 370 votos a 110 do Projeto Antifacção, só tem similar na também recente (16/9/25) votação da Proposta de Emenda Constitucional 3/2021, a PEC da Bandidagem: 344 votos a favor e 133 contra (354 a 134, no primeiro turno).

O que significa esta maioria esmagadora? Precisa-se de folha corrida, demonstrando o passado marginal, de bandido, de filiado ao Comando Vermelho (CV) ou ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para se candidatar às Assembleias, Câmaras, Congresso? Estas eleições proporcionais, onde o eleitor vota mais num grupamento do que em determinada pessoa?

Como fomos enganados na campanha da redemocratização e como o Brasil deixou de ser um país que progredia para retroceder celeremente na moral e na economia, na vida pública e na ação do Estado, hoje dirigido pelo “mercado”.

Apontam-se torturas, assassinatos, perseguições políticas dos governos militares como se todos tivessem sido iguais. Nada mais errado. Cada um foi diferente e teve um poder distinto lhe protegendo e orientando. Foram do entreguista Marechal Humberto Castelo Branco, orientado pelo embaixador dos Estados Unidos da América (EUA), Lincoln Gordon, ao General Ernesto Geisel, que mandou o Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, retornar a seu país, pois nada tinha a tratar com ele. Mas o que se tem hoje? O banqueiro Daniel Vorcaro, verdadeiro marginal, governadores, sócios do crime organizado (seria desorganizado no passado?), senador, como Ciro Nogueira (PP-PI), e muitos outros, amigos de banqueiros bandidos.

Desde 1989 e a cada eleição, o Congresso Nacional piora sua composição na quantidade de homens probos, nacionalistas, defensores da soberania brasileira e na construção da população instruída, trabalhadora e satisfeita.

O que se vê no Brasil é escândalo após escândalo. O escândalo PC Faria, no governo Collor, o escândalo da compra de votos para reeleição de Fernando Henrique Cardoso, o escândalo da Lava Jato envolvendo saques à Petrobrás, que teve fatias de sua governança entregue aos EUA numa colaboração ilegítima e corruptora do Departamento de Justiça (DOJ) estadunidense com a 13ª Vara Federal de Curitiba e o Tribunal da Justiça Federal da 4ª Região (TRF-4), o escândalo do Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, por ocultar a existência de contas bancárias no exterior e ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobrás, em março de 2015, e muitos outros escândalos no período de governo de Jair Bolsonaro.

E cada escândalo subtrai dos recursos públicos quantias sempre maiores: Lojas Americanas R$ 50 bilhões; Carbono Oculto R$ 52 bilhões; Regime Próprio de Previdência Social dos Estados do Paraná, Rio de Janeiro, Amazonas, Espírito Santo, Amapá, Distrito Federal e Rio Grande do Sul R$ 67 bilhões etc.

De acordo com recente relatório da Polícia Federal, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, desviou para o deputado federal Euclydes Petterson, do Republicano de Minas Gerais, R$ 14,7 milhões do sistema de aposentadoria do INSS; demonstrando que não há cargo, partido nem estado, é uma lambança só!

Teria sido sempre assim no Brasil? Claro que não. O que nos levou a esta situação catastrófica, de três quartos da Câmara, significativa maioria de senadores, ministros e ex-ministros presos ou respondendo processo, para ficarmos no âmbito federal, envolvidos em crimes e corrupção, foi a guinada de 1980 para o neoliberalismo.

Analisemos com dados e isenção o significado desta mudança de “nação soberana para o estado servil”, revertendo a expressão, título esperançoso da obra de 1987 de José Walter Bautista Vidal, membro do Conselho Editorial do Pátria Latina, criador do Proálcool (1975), falecido em junho de 2013.

Desde o primeiro estado constituído no Brasil, em 1549, o Governo Geral da colônia conduzida por Tomé de Sousa, até outubro de 1930, vitoriosa a Revolução Nacionalista dirigida por Getúlio Vargas, com o interregno de novembro de 1891 ao de1894, sob a presidência de Floriano Peixoto, fomos um país saqueado, cujos dirigentes eram sócios ou servidores dos estrangeiros: portugueses, ingleses e estadunidenses.

Tivemos então o interregno de 18 anos, sob a condução de Vargas, quando se institucionalizou, pela primeira vez, o Estado Nacional do Brasil, com soberania, defesa da cidadania (educação e saúde) e o verdadeiro fim da escravidão, com o Ministério do Trabalho, a legislação trabalhista, a carteira de trabalho, o repouso remunerado, o descanso semanal e as férias, a cada 12 meses de trabalho.

É óbvio que aqueles que viviam dos favores e comissões dos donos do Brasil, que tinham escravos, que sua ignorância era bem acolhida pelos espertos estrangeiros, colocaram-se na oposição a Vargas. E com apoio das imprensas vendidas, sempre as tivemos, assim como todas as colônias em todo tempo e lugar, passavam a combatê-lo e criticá-lo como ditador e corrupto; debaixo do palácio, sede da república, corria um “mar de lama”, mas que, na verdade, regava os cofres e contas dos banqueiros, latifundiários, escravistas e advogados dos interesses alienígenas e criminosos.

A partir de novembro de 1930 até seu suicídio, em agosto de 1954, Getúlio construiu o Brasil com sua competência, honestidade e profundo patriotismo; mas não teve um só momento de sossego.

Sua morte comoveu a nação, retardou por dez anos o golpe para retorno ao estado colonial, mas não o impediu. Os opositores de Vargas não se envergonhavam do servilismo explícito com que se relacionavam com os exploradores do Brasil. Hoje estes opositores são os corruptos, os ricos condutores dos bandidos, milicianos, das associações criminosas, sócias dos traficantes que dominam o Brasil. E tem a protegê-los as mídias virtuais, as plataformas de comunicação, as redes de televisão e os sites de convivialidade. Estes mudam o significado das palavras, deturpam a realidade dos fatos, divulgam as falsas notícias e corrompem todas as mentes, em especial as mais ignorantes, e as pervertem.

O embaixador Adriano Benayon (“Globalização versus Desenvolvimento”,1998) analisa a infiltração do entreguismo após a morte de Vargas, especialmente com o golpe de 31 de março de 1964. “Goulart facilitou a tarefa dos conspiradores, cedendo espaço ao poder estrangeiro na política econômica, não endossando a nacionalização da norte-americana ITT, por Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul. Não quis nomeá-lo ministro da Fazenda, embora devesse a investidura ao impetuoso cunhado”. Prossegue Benayon: “Os promotores do modelo dependente, estrangeiros e locais, contaram, ademais, para desestabilizá-lo, com a distribuição de dinheiro e o controle da mídia. Os que ocuparam posições de mando político de 1964 a 1966, no governo ou fora deste, estavam ligados a serviços secretos e diplomáticos estrangeiros”.

São estas mesmas forças, corruptas e corruptoras, que tomaram o Brasil a partir do governo do general João Batista Figueiredo, embora não mais se identificassem com uma nação mas com uma ocupação: a das finanças, já agora apátridas.

Ainda o embaixador Benayon: “Durante os 40 anos (que se seguiram a 1980) seguintes ao início da intensificação da penetração estrangeira na mídia local, transformou-se a estrutura da indústria, dos bancos e das demais atividades econômicas, as quais, na quase totalidade, passaram a pertencer a empresas transnacionais. Isso torna mais absolutista a tirania exercida sob a capa “democrática”. No próprio setor da publicidade, em 2004, das 10 maiores empresas em atuação no Brasil apenas uma, a 8ª na classificação, é de capital nacional”.

A continuidade, onde o objetivo não é a produção nem o bem estar da população, é o domínio do ilícito, do crime e de seus associados. Vem daí a aprovação do Projeto de Lei da Antifacção, enfraquecendo os órgãos federais, não pela suposta descentralização, mas porque a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e os agentes do Tesouro Nacional não se submetem às pressões das marginalidades estaduais e seus comparsas, obtendo resultados positivos na luta contra a corrupção e o crime.

As eleições de 2026 poderiam ser uma oportunidade de livrar o poder legislativo dos marginais que lá se encontram, mas dificilmente isso ocorrerá, enquanto as mídias, as plataformas de comunicação, tiverem o controle das finanças internacionais, apátridas

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, membro do Conselho Editorial do Pátria Latina.