Quinta, 1 de maio de 2025
Dois óbitos foram registrados em hospital psiquiátrico do DF nos últimos 4 meses; grupo recomenda afastamento da direção
Relatório de diligência realizada no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) um dia após a morte de uma paciente de 52 anos aponta novos detalhes sobre o óbito e as condições de funcionamento da instituição. Segundo o documento, ao qual o Brasil de Fato DF teve acesso, no primeiro momento da visita, funcionárias negaram que “qualquer intercorrência ou fato relevante” teria acontecido no hospital nos últimos dias.
O texto também indica contradições no discurso da direção do HSVP sobre a morte, além de trazer novos relatos de tortura por parte das pessoas internadas no hospital psiquiátrico localizado em Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal. Uma delas teria ouvido da equipe da instituição que seria a “nova Raquel“, em referência à jovem de 24 anos encontrada morta no local na noite de Natal de 2024.
A diligência no HSVP foi realizada no dia 23 de abril com o objetivo de confirmar uma denúncia de morte recebida pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) no dia anterior e de verificar as mudanças dos protocolos assistenciais após a morte de Raquel França.
Além da coordenação da Comissão, que é presidida pelo deputado distrital Fábio Felix (Psol-DF), participaram da visita representantes do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, do mandato do distrital Gabriel Magno (PT-DF), do grupo Psicologia e Ladinidades/Saúde Mental e Militância no DF (UnB) e do Fórum Revolucionário Antimanicomial do DF. Também acompanharam a diligência a presidenta do Conselho Regional de Psicologia (CRP 01/DF) e os deputados federais Erika Kokay (PT-DF) e Pastor Henrique Vieira (Psol-DF), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Luta Antimanicomial da Câmara dos Deputados.
“Tudo normal”
Ao chegar ao HSVP, a equipe que realizou a diligência foi recebida por duas enfermeiras da instituição. Ao serem questionadas sobre a rotina do hospital nos últimos dias, elas teriam dito que “tudo estava normal, sem qualquer ocorrência atípica”. O relatório também aponta que a instituição apresentava “funcionamento regular”.
Foram outras pacientes do hospital que relataram ao grupo a ocorrência de uma morte. A equipe conversou com a mulher que encontrou Eva de Oliveira, de 52 anos, desacordada no chão do banheiro, no dia anterior à visita, 22 de abril. Segundo a paciente, ela encontrou Eva caída de cabeça para baixo em frente ao vaso sanitário. Havia sangue onde Eva bateu com o rosto no chão.