A organização da Falange Petista e suas espetaculares ações
*Jorge Antunes
São
13h30 de sábado, dia 26 de novembro de 2011. Estou chegando à minha
casa, vindo de Ceilândia, onde vivi a mais triste, surpreendente e
amedrontadora experiência por que passei nos últimos 27 anos.
Situações
semelhantes eu havia vivido nos anos de chumbo, no Rio de Janeiro, nas
passeatas e manifestações estudantis na Cinelândia, na Av. Rio Branco e
no Calabouço. Na época não havia o PT. O que existia eram outras forças
violentas: a polícia da ditadura militar, seus pobres cavalos que
tombavam sob nossas rolhas e bolas de gude e, também, as terríveis
tropas à paisana do CCC (Comando de Caça aos Comunistas).
Um
grupo grande de militantes do PSOL fomos, hoje pela manhã, panfletar em
Ceilândia, na intenção de levar à população as denúncias que cada vez
mais se multiplicam contra o governador Agnelo Queiroz. O povo, que não
lê as revistas semanais e outros órgãos de imprensa, precisa conhecer
todas as evidências que demonstram a podridão do atual governador do DF.
Nosso panfleto, intitulado “Brasília não merece Agnelo”, traz texto que
não acrescenta coisa alguma em tudo aquilo que está saindo na imprensa
ultimamente. Apenas reproduz o que o poder judiciário investiga em
segredo de justiça.
Não
dá para duvidar da palavra dos denunciantes. Um deles, amicíssimo do
governador, pode ser alcunhado de “amigo do peito” do denunciado. Este
diz que quando dirigia a Anvisa emprestou 5.000 reais ao amigo, hoje
acusador. O leitor sabe muito bem que não é fácil encontrar amigo ou
parente que se disponha, sem mais nem menos, a emprestar aquela quantia.
No mesmo dia, Agnelo autorizou a concessão do Certificado de Boas
Práticas para a empresa União Química, em que trabalhava o amigo que
depositava os cinco mil reais.
Graças
ao panfleto do PSOL, o povo simples, afastado da mídia impressa, pode
agora saber o que toda a pequena e a alta burguesias já sabem: o
denunciante depositou 5.000 reais na conta bancária particular do
Diretor Geral da Anvisa (Agnelo Queiroz), no mesmo dia em que Agnelo
concedia o Certificado à empresa do amigo, hoje denunciante.
Nossa
panfletagem prosseguia, mas de modo dramático, angustiante e perigoso. O
povo na rua, os vendedores das lojas, os comerciários e comerciantes
ficavam estatelados, boquiabertos, perplexos com as ações e a fúria não
comum em nossa capital federal. Cerca de cem petistas, todos devidamente
uniformizados com as camisas vermelhas de estrela no peito, avançavam
sobre nós, nos cercavam, nos ameaçavam.
Logo
chegaram policiais. Militantes petistas se aproximavam empurrando
manifestantes do PSOL. Poucas vezes algum dos policiais interveio,
afastando o raivoso petista. Os policiais tiveram aumentado seu efetivo
num determinado momento. Não se percebia de onde surgiam. De início eram
apenas três. De repente já eram uns sete ou oito. Começaram a caminhar
cercando-nos, e, principalmente, ao Toninho que, tal como os outros seus
companheiros, dava corajosamente continuidade à panfletagem.
Vejo
que o PT criou, no Distrito Federal, sua Falange fascista. Seus métodos
são exatamente iguais aos da Falange Espanhola que, vitoriosa na Guerra
Civil, deu sustentação ao governo fascista do General Francisco Franco.
A violência e o desrespeito à livre expressão tornaram-se práticas
comuns dos petistas.
As
agressões aumentavam. Gritos tentavam encobrir nossas falas dirigidas
aos cidadãos na rua. Alguns petistas mais afoitos, agressivos,
arrancavam maços de panfletos de nossas mãos. Corriam. Voltavam
ameaçadores. Controlávamos surpreendentemente os nervos, as reações,
pois víamos que a tropa falangista do PT fazia de tudo para que
aceitássemos as provocações.
Depois
de uns vinte minutos de caminhada, sempre cercados pelos membros da
Falange, percebemos que nossos panfletos escasseavam. Maços e mais maços
nos eram roubados de nossas mãos. Não satisfeitos, alguns petistas
passavam a arrancar o panfleto das mãos da gente simples do povo que
acabava de receber o papel. Um de nossos companheiros se afastou, rumo
ao estacionamento, para buscar mais panfletos em seu carro. Péssima
ideia. Foi seguido. Ao abrir o carro, foi agarrado por petistas enquanto
outros se enfiavam no automóvel recolhendo pacotes com os panfletos.
Um
dos policiais que nos seguiam e nos cercavam, retirou seu revólver do
coldre, colocando-o à frente, no cinto da calça. Eu estava atrás dele e
observei claramente sua ação disfarçada. Um cidadão, cabelos grisalhos,
aproximou-se de mim e sugeriu que chamássemos a imprensa com urgência,
pois –achava ele– os policiais estavam “do lado dos petistas”.
Deu
para imaginar perfeitamente os momentos dramáticos que o deputado
italiano Calvo Sotelo viveu em 1936, nos instantes que antecederam seu
assassinato pela polícia que “protegia” a ele e aos outros manifestantes
na rua.
A
atitude estranha do policial, que mudou sua arma de lugar, me
preocupou. Passei à frente dele e, ostensivamente, abaixei-me para ler
seu nome na lapela do uniforme. Li: CB Railson. Fixei longamente meu
olhar no distintivo. Já havia terminado de ler, mas insisti fingindo
ainda não ter lido: enfim ele percebeu que eu lera e gravara seu nome em
minha mente.
Seguimos,
atravessando a rua em passos largos. Os petistas nos seguiam aos
gritos, dirigindo-nos palavrões e acusações gratuitas. Os policiais
também.
De
repente senti meu pé esquerdo preso por outro pé. Não havia um juiz
para apitar a falta. Catei cavaco. Olhei para trás e percebi que não
havia qualquer pedra drummondiana no caminho. O obstáculo covarde era o
pé do Cabo Railson. Ele olhou para o lado, fingindo nada ter acontecido.
Intimidei-me e corri para a frente, ao lado do Toninho. Nessa altura
meus próprios companheiros de partido, os mais musculosos, professores
de Academia de ginástica, não permitiam que ninguém se aproximasse de
Toninho.
A
Falange estava ultra-organizada, pois a tropa não se restringia à
centena de petistas com suas camisas vermelhas. Na rua, paralelamente ao
desfile patético e dramático, um carro de som enorme vomitava, por seus
altofalantes, os mais ignóbeis impropérios. A população reagia com
comentários de espanto.
A
implantação da ditadura de Franco, na Espanha, levou ao poder a
Falange, que se transformou em um partido fascista, extremamente
eficiente na repressão às oposições políticas. O fanatismo e o desespero
do PT, hoje, estão levando o partido ao extremo do absurdo,
aperfeiçoando seus métodos de repressão a seus opositores. Na ânsia de
se perpetuar no poder, o PT inicialmente apelou para a hoje famosa
fórmula do mensalão, comprando consciências, votos e dignidades.
A
prática de agente corruptor foi escancarada, denunciada, e, agora, ela
passa a ser método difícil de ser efetivado. A violência, agora, parece
ser o único método de ação política para aqueles desesperados que se
apegaram ao poder. Vislumbrando cenários possíveis para 2014, ano da
Copa, ano das eleições para o governo do DF, os petistas querem a todo
custo inventar uma tábua da salvação para Agnelo, pois não dispõem de
outro nome para sua nominata. Ao buscar cega e desesperadamente a tábua
de salvação, apelam agora para as tábuas, os paus, as pedras, os socos,
os empurrões, o roubo, a estupidez total.
*Secretario-Geral do PSOL-DF e professor aposentado da Universidade de Brasília-UnB
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
A seguir, mensagem da senadora Marinor Brito (Psol-Pa) sobre a
agressão de petistas aos militantes do Psol que participaram do ato “Fora
Agnelo” no sábado (26/11) na Feira da Ceilância:
"Minha solidariedade em nome do Psol do Pará aos Camaradas do
DF, que honram as bandeiras do Socialismo. É preciso ter moral para
organizar as lutas do povo e estar no meio dele denunciando a corrupção e
cobrando atitudes transparentes. Vocês do Psol do DF vão continuar de cabeça
erguida. Que moral tem essa gangue que se instalou no gov. do DF para nos
agredir. São corruptos e covardes. Força na luta meus camaradas. É assim que
vamos fortalecer o nosso projeto de partido dirigente e de massas. Um
abraço solidário e fraterno. Marinor Brito"