Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

MPDF pede explicações sobre cancelamento de recursos para reforma do Teatro

Quinta, 31 de agosto de 2023
Foto retirada do site  www.brasil.gov.br

Decreto retirou R$6 milhões do orçamento inicial, de R$ 54 milhões, para revitalização da Sala Martins Pena.

Do MPDF
A Procuradoria Distrital dos Direitos do Cidadão (PDDC) requisitou à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, no prazo de dez dias, informações acerca do remanejamento orçamentário da reforma do Teatro Nacional. O ofício foi expedido nesta quinta-feira, 31 de agosto.

De acordo com o Decreto nº 44.898/2023, publicado no Diário Oficial do DF, em 29 de agosto de 2023, serão cancelados R$ 6 milhões do orçamento da obra. O recurso foi transferido para a Secretaria de Planejamento e Orçamento do DF com o objetivo de custear despesas com serviços de vigilância.

O Ministério Público do Distrito Federal quer saber a justificativa para o cancelamento de recursos e se a alteração compromete a execução da reforma do Teatro Nacional no cronograma planejado.

O início da reforma da Sala Martins Pena do Teatro Nacional foi orçada em cerca de R$ 54 milhões, sendo que a estimativa da reforma completa está, aproximadamente, em R$ 250 milhões.

Em junho deste ano, o procurador Distrital dos Direitos do Cidadão, Eduardo Sabo, visitou as obras no local. Naquele momento, aproximadamente 7% da execução financeira e física tinham sido cumpridas. As obras foram iniciadas em janeiro deste ano e estão sendo realizadas pela Novacap e pela Secretaria de Cultura. A previsão inicial de entrega da Sala Martins Penna era de 18 meses. “O corte orçamentário gera preocupação ao Ministério Público. Estamos acompanhando de perto, para que o teatro seja devolvido à população do DF, e precisamos esclarecer possíveis impactos”, salienta Sabo.

Leia mais

Participante dos ataques de 8/1 diz à CPI que só entrou no congresso para usar o banheiro

Quinta, 31 de maio de 2023

Foto: Eurico Eduardo/ Agência CLDF

O depoente negou tudo o que havia relatado à Polícia Civil

O depoente negou tudo o que havia relatado à Polícia Civil

A CPI dos Atos Antidemocráticos ouviu, nesta quinta-feira (31), o depoimento de Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, preso por conta das invasões de 8 de janeiro. Segundo investigações, ele integrava o acampamento bolsonarista na frente do QG do exército em Brasília e teria participado de reuniões em que eram planejados ataques a bomba na rodoviária do plano piloto.

O presidente da comissão, deputado Chico Vigilante (PT), leu o depoimento prestado por Settin à Polícia Civil do DF (PCDF), em que ele afirma que participava de grupos bolsonaristas que questionavam o resultados das eleições e que pediam intervenção militar. No depoimento à PCDF, ele afirmou ainda que vários participantes do acampamento sugeriram colocar bombas na rodoviária e na subestação de energia elétrica de Brasília.

No entanto, Settin negou todo o depoimento e pediu que fosse desconsiderado tudo o que declarou à polícia, o que causou estranheza aos parlamentares. “Eu estava sem meus óculos, eu queria ir embora logo, estava em pânico”, declarou Settin sobre o depoimento prestado. Ele confirmou que frequentou o acampamento, mas que “só passava lá de vez em quando”.

 

“Só entrei no congresso porque precisava usar o banheiro”, diz Armando sobre o 08/01

O depoente confirmou ainda que estava junto do grupo de manifestantes no dia 8 de janeiro, mas que não depredou nenhum prédio público e que só entrou no Congresso Nacional porque precisava usar o banheiro. “Minha namorada e eu ficamos com vontade de urinar, por isso entramos no prédio invadido”, declarou.

Ele afirmou ainda que chegou a subir na rampa do Palácio do Planalto, Mas que não entrou no prédio porque sua intenção no movimento era pacífica. “Eu fui por curiosidade, só isso”, alegou.

“Eu pedia intervenção militar, mas nem sabia o que era”, disse Settin.

Ao ser questionado sobre as motivações do acampamento e dos ataques às sedes dos três poderes, o depoente confessou que as pautas mais recorrentes eram o pedido de intervenção militar e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Settin afirmou que hoje, no entanto, avalia que foi induzido formular essas concepções por meio “do que via na mídia e nos grupos de mensagens”.

“Eu estava pedindo [intervenção militar], mas eu não sabia nem o que era na verdade, eu estava desesperado. Hoje eu não quero mais nada”, declarou à CPI.

Meses na prisão

Armando passou quatro meses preso e disse à CPI que teve contato com os envolvidos na tentativa de explosão de um caminhão-tanque de combustíveis (Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira) apenas no presídio, e que nunca havia os encontrado antes de ser preso, negando qualquer envolvimento com a tentativa de explosão. Ele reclamou ainda da alimentação que recebeu no presídio durante esse período: 
“Aquela comida nem meu cachorro come”, afirmou.

Ele também contou à comissão que entrou em contato com diversos políticos ligado à direita pedindo ajuda por “ter sido preso injustamente” e que chegou a receber visita do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e do senador Magno Malta (PL-ES).

Motivações

Settin explicou sua aproximação à extrema-direita informando que, ainda durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, soube pelas redes sociais que o Governo Federal implantaria uma política segundo a qual quem fosse proprietário de moradias com algum cômodo livre, seria obrigado a oferecer sua casa para abrigar algum sem-teto. “A gente ia na onda”, afirmou.

“A pregação chegou a tal ponto de o senhor acreditar que teria que repartir a sua casa”, declarou Vigilante, impressionado com a justificativa do depoente.

“Depoimento confuso”, diz Pepa

O deputado Pepa (PP) não quis fazer perguntas, uma vez que, segundo ele, o depoente estava contrariando tudo o que havia contado à Polícia. “Eu nunca vi um depoimento tão confuso na minha vida”, afirmou o distrital.

O relator da CPI, deputado Hermeto (MDB), disse crer que a justiça conseguirá estabelecer as penas necessárias relativas à atuação de cada um que participou dos ataques. “Eu tenho fé que a justiça vá individualizar cada um, é assim que ajustiça faz. Cada um, na medida em que participou, dos organizadores, financiadores e qualquer um que agiu pra romper o Estado democrático”, declarou o distrital.

Ao final da sessão, Chico Vigilante informou que a comissão vai encaminhar um pedido à Polícia Civil pedindo que seja aberto inquérito para apurar o fato de Settin desmentir o depoimento que ele próprio havia prestado, para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

Christopher Gama - Agência CLDF

==================

Do Blog Gama Livre. Disse um dos dois depoentes da CPI hoje (31/8) na CLDF: "... só entrou no congresso para usar o banheiro". "Minha namorada e eu ficamos com vontade de urinar, por isso entramos no prédio invadido”.

Quanto ao depoente, fica a dúvida se ele queria apenas mijar ou se era um cagão. Dúvida cruel. Mijão ou cagão?

MPF denuncia ex-legistas por laudos falsos na ditadura militar. Harry Shibata e Antonio Valentini omitiram tortura em militantes

Quinta, 31 de agosto de 2023

Maria de Moraes Angel Jones

Antônio Carlos Bicalho Lana
===========================


Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil - Brasília

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo denunciou os médicos-legistas Harry Shibata e Antonio Valentini, que atuavam no Instituto Médico Legal (IML), por terem elaborado laudos necroscópicos falsos sobre as mortes dos militantes políticos Sônia Maria de Moraes Angel Jones e Antônio Carlos Bicalho Lana, ocorridas em 1973, durante a ditadura militar brasileira. A denúncia foi encaminhada à 6ª Vara Federal de São Paulo.

Segundo o MPF, os laudos necroscópicos feitos pelos dois médicos omitiram que as vítimas foram torturadas. Sônia Maria e Antônio Carlos integravam a Aliança Libertadora Nacional (ALN), um dos grupos mais destacados de oposição à ditadura militar. Ela era viúva do estudante Stuart Edgart Angel Jones, que foi morto pela repressão em 1971.

Em novembro de 1973, eles foram capturados quando viajavam de São Vicente, no litoral paulista, para São Paulo. Não há informações oficiais sobre o que ocorreu após essa captura, mas a hipótese mais provável, segundo o Ministério Público, é a de que os dois tenham sido mantidos em um centro clandestino na zona sul da capital paulista, conhecido como Fazenda 31 de Março, onde foram torturados por dias, até que foram executados a tiros. Os corpos foram depois encaminhados ao IML com a marcação de uma letra T, referente à palavra terrorista e que indicava aos legistas que deveriam tomar certas precauções, como a omissão de dados que pudessem apontar a prática de tortura.

Nos laudos necroscópicos, os dois médicos-legistas teriam, segundo a denúncia, negado as evidências de tortura, limitando-se a informar que os militantes haviam morrido em decorrência de perfurações por projéteis. Essa informação convergia para a versão oficial que foi produzida na época de que teria ocorrido uma suposta “troca de tiros com os agentes de repressão”. No atestado de óbito de Sônia Maria, o médico-legista Shibata também deixou de identificá-la com seu verdadeiro nome, utilizando apenas o codinome, o que trouxe dificuldades para que familiares pudessem encontrar o seu corpo.

Sônia Maria e Antônio Carlos foram enterrados como indigentes no cemitério Dom Bosco, em Perus, na zona norte de São Paulo. As ossadas só foram encontradas em 1991.

MPDFT obtém condenação à reparação cível de pastor que fez publicações misóginas

O Núcleo de Gênero do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (NG/MPDFT) obteve a condenação em primeira instância de pastor de igreja localizada em Samambaia, por ter publicado na internet expressões misóginas e ofensas aos direitos humanos das mulheres. Com contas nas redes sociais que acumulam mais de 256 mil seguidores, o pastor fez postagens de textos e vídeos com conteúdo pautado na discriminação de gênero e com potencial incentivador de violência contra a mulher. A decisão foi proferida em ação que tramita na 12ª Vara Cível de Brasília.

De acordo com o NG/MPDFT, a primeira publicação misógina ocorreu em 21 de setembro de 2021 e teve grande repercussão. Na publicação, além de ofensas, o pastor justificou comportamento agressivo contra a mulher.

Após postar o texto, o réu publicou um vídeo no YouTube com conteúdo semelhante, alegando que estava sendo vítima de pessoas que “desconheciam de hermenêutica” e agiam de má-fé e mau-caratismo ao denunciá-lo perante as redes sociais e autoridades.

Em manifestação, o MPDFT argumentou que a gravidade de pronunciamentos discriminatórios e preconceituosos de tal jaez merecia repreensão em razão dos dados e estatísticas de violência contra a mulher no Brasil, que não nos deixam olvidar que vivemos em um país onde inúmeras dimensões de poder e escolha ainda são determinadas pelo gênero”.

No caso do vídeo, o MPDFT afirmou que o requerido utilizou-se de seu discurso de autoridade e de seu alcance nas redes sociais, dada a significativa quantidade de seguidores que o acompanham, para apoiar a disseminação de longevo e inaceitável ódio contra as mulheres.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Descubra os segredos do sistema da dívida pública na live da TV Fórum com a participação da ACD

Quarta, 30 de agosto de 2023

Em uma live altamente educativa promovida pela TV Fórum, Maria Lúcia Fattorelli falou sobre o que está por trás do mistérios do sistema da dívida pública,  foco do trabalho da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD).\Entrevistada pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, a fundadora da ACD contou a história da entidade, lembrando dos tempos do plebiscito popular no ano 2000, marcando o início de uma jornada para questionar a dívida do nosso país.

Maria Lúcia também trouxe à tona um paralelo impressionante entre a dívida brasileira e a de países da América Latina, com destaque para o Equador. Os mecanismos e interferências do FMI foram analisados, revelando padrões chocantes. A mesma história se repete, seja aqui ou lá.

Confira esta conversa esclarecedora. Assista à entrevista completa no vídeo abaixo e descubra como a Auditoria Cidadã da Dívida está trabalhando para um futuro financeiro mais justo e transparente para todos. 🎥🔗

https://youtu.be/1ivHOrHARt4?si=DVoZETRHueJcw6am

 Acesse também: https://www.youtube.com/watch?v=1ivHOrHARt4


#AuditoriaCidadãDaDívida #ACD #TransparênciaFinanceira #EmpoderamentoSocial

ASSISTA —Ouvidor das policias de SP pede fim imediato da Operação Escudo

Quarta, 30 de agosto de 2023

Cláudio Silva diz que versões das polícias e de familiares de vítimas da Operação Escudo são muito conflitantes - Igor Carvalho

Claudio Silva sugere que governador Tarsísio de Freitas ouça moradores no Guarujá

Beatriz Drague Ramos
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 30 de Agosto de 2023

O governo do Estado de São Paulo deveria interromper imediatamente a Operação Escudo, disse Claudio Silva, Ouvidor das Polícias de São Paulo (SP), nesta quarta-feira (30) ao Brasil de Fato, durante o programa Central do Brasil.

Para Silva, a incursão das forças policiais que deixou até o momento 23 pessoas mortas e mais de 600 presas na Baixada Santista, litoral sul de SP deve ser paralisada para que seus efeitos sejam apurados.

“A operação deve acabar, minimamente ser suspensa, para que seja feito uma avaliação dos efeitos dela sobre a vida das pessoas presas, mortas, familiares das pessoas mortas, além das famílias que de alguma forma foram impactadas pela ação da operação.”

Silva que inclusive já recebeu ameaças desde a deflagração da Operação também sugere que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou sua equipe visitem o Guarujá, uma das cidades mais afetadas pela Operação Escudo.

“Que ele pudesse destacar pessoas da assessoria dele, pessoas próximas a ele para visitar esses lugares como a gente fez, para entender efetivamente o que aquelas pessoas estão sentindo, o que elas temem.”

Confira a entrevista em vídeo exibida no programa Central do Brasil desta quarta-feira (30):


Confira a entrevista na íntegra:

Brasil de Fato: Moradores da Baixada Santista relatam que policiais da Operação Escudo ameaçam matar 30 pessoas, o equivalente à idade do soldado da Rota morto em 27 de julho. A Ouvidoria chegou a ouvir isso? O que o senhor tem a dizer a respeito de ameaças como essas?

Claúdio Silva: Recebemos essa denúncia e ela não veio só de uma pessoa, veio de várias, inclusive nós recebemos um post de um policial que apresentava o placar das mortes e em um dos dizeres de uma postagem dele, ele falava que [na ocasião] já tinham 12 mortes: "até que para 30 está indo rápido". Isso tudo está documentado e foi encaminhado para a Corregedoria e para o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) num relatório que a gente está produzindo, provavelmente nos próximos dias.

Procon suspende operação da 123 Milhas no Distrito Federal

Quarta, 30 de agosto de 2023

Com a decisão, a empresa não pode vender novas passagens aéreas ou pacotes de viagens no DF

A partir desta quarta-feira, 30, a agência de viagens 123 Milhas está proibida de operar no Distrito Federal. Por determinação do Procon do DF, órgão vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania, a empresa não pode mais vender novas passagens aéreas ou pacotes de viagens, promocionais ou não, para consumidores da capital do país.

A decisão do Procon, que é cautelar, vem na esteira do aumento expressivo de reclamações no DF de consumidores com problemas com a 123 Milhas, após a agência suspender pacotes turísticos e emissão de voos da linha promocional, com datas previstas entre setembro e dezembro de 2023. Desde a data da suspensão, no último dia 18, até ontem, 28, 142 consumidores já reclamaram no órgão em relação ao atendimento da empresa.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Após deslocamento de competência, MPF passa a atuar em casos de homicídios de líderes de trabalhadores rurais em Rondônia

Terça, 20 de agosto de 2023

A pedido da PGR, STJ federalizou apuração sobre morte de lideranças que denunciaram grilagem de terras e exploração ilegal de madeira no estado

Foto ilustrativa: Arquivo/Agência Brasil

O Ministério Público Federal (MPF) atuará em seis inquéritos relativos a crimes de homicídio praticados contra líderes de trabalhadores rurais e outras pessoas que denunciaram grilagem de terras e exploração ilegal de madeira em Rondônia. Até então, os crimes eram investigados pelas autoridades estaduais. A decisão de federalizar a apuração das mortes foi tomada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na última quarta-feira (23), ao acolher pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) feito em setembro de 2019, por meio do Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) 22.

Os inquéritos federalizados se referem às mortes de Renato Nathan Gonçalves, Gilson Gonçalves, Élcio Machado, Dinhana Nink, Gilberto Tiago Brandão, Isaque Dias Ferreira, Edilene Mateus Porto e Daniel Roberto Stivanin. As vítimas eram, em sua maioria, lideranças de movimentos em prol dos trabalhadores rurais e responsáveis por denúncias de grilagem de terras e de extração ilegal de madeira.

Ao defender a transferência das investigações para o âmbito federal, o MPF alegou que os crimes, muitas vezes resultantes de extrema violência e prática de tortura, decorrem do grave conflito agrário instalado no Estado de Rondônia. O órgão demonstrou ainda que, além de morosas, as investigações locais foram inconclusivas e insuficientes para punir os responsáveis, seja pela corrupção de agentes públicos ou pelo sucateamento dos instrumentos de segurança pública e investigação do Estado.

De acordo com o MPF, tal cenário demonstra a incapacidade da esfera estadual em oferecer resposta pronta, efetiva e eficaz aos crimes, com sério risco de responsabilização perante a comunidade internacional protetiva de direitos humanos. Além disso, o órgão chamou atenção para a existência e o desenvolvimento de organizações criminosas que atuam em benefício de grupos mais fortes, visando a manter o controle sobre as terras.

Rondônia é, atualmente, o segundo estado com o maior número de mortes relacionadas à luta por terras, perdendo apenas para o Pará. Entre 2015 e 2016, o estado chegou a estar no topo do ranking, contribuindo para a liderança mundial do Brasil em mortes no campo.

De acordo com a decisão do STJ, o pedido apresentado pelo MPF preenche todos os requisitos de ordem constitucional e legal para o deslocamento de competência da esfera estadual para a federal. Entre eles, a grave violação de direitos humanos, a possibilidade de responsabilização do Brasil em razão de descumprimento de obrigações contraídas em tratados internacionais e a incapacidade de órgãos locais darem respostas efetivas às demandas.

Medida excepcional – A federalização de crimes pode ser considerada exceção no mundo jurídico e exige provas da incapacidade das autoridades locais e risco concreto de impunidade. Além da tentativa de garantir investigação mais eficiente para que ilícitos sejam esclarecidos e seus eventuais autores julgados e punidos, a atuação dos órgãos policiais e judiciários da União pode prevenir a responsabilização do Brasil nas cortes internacionais.

A transferência de investigações ou processos para a Justiça Federal visa, ainda, a garantir o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo país nos tratados internacionais de direitos humanos.

É amanhã (quarta, 30/8): Audiência Pública sobre Política de Juros

Terça, 29 de agosto de 2023

Há tempos, no Brasil, impera uma política de juros altos que drena os recursos públicos do país, sem qualquer contrapartida e transparência. Esta audiência visa debater o assunto. Se você se preocupa com um país com menos desigualdades, com oportunidades iguais e melhor distribuição de seus recursos, sua participação é fundamental!

Entenda o contexto: Estamos em busca da aprovação do projeto de lei complementar PLP 104/2022, que tem como objetivo limitar os juros no Brasil. Agora, esse projeto está na Comissão de Finanças e Tributação (CFT). Sua aprovação é vital para conter a sangria de recursos públicos, que são direcionados para o pagamento de juros abusivos em nosso país.
A audiência pública é fundamental para que este movimento se fortaleça. O evento terá a presença de convidados como o Dr. Fernando Siqueira (diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras – AEPET), Prof. Ladislau Dowbor (economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Prof. Marco Antônio Mitidiero Júnior (professor da Universidade Federal da Paraíba). Representantes da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), do Banco Central e do Ministério da Fazenda também estarão presentes.
Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, será uma das palestrantes. “Juntos, podemos mostrar o quanto estamos comprometidos em transformar o limite dos juros em uma lei concreta”, destaca.
Anote na agenda:
🗓 Data: 30/08
⏰ Horário: 10h
🏛 Local: Anexo II, Corredor das Comissões da Câmara dos Deputados, Plenário 04
Ou participe online:
#audienciapublica #audiencia #jurosnobrasil #temquevirarlei #limitedosjurosjá

O papel do Banco Central na geração da dívida pública ilegítima

Terça, 29 de agosto de 2023

Da Auditoria Cidadã da Dívida

Em artigo publicado pelo ExtraClasse.org.br, a Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), Maria Lucia Fattorelli, faz um histórico em que ilustra a imensa responsabilidade da direção do Banco Central na formação e crescimento da dívida pública ilegítima.

Ela explica cronologicamente como o sistema da dívida tem sido usado como justificativa para inúmeras medidas macroeconômicas nocivas que afetam a vida de todas as pessoas e prejudicam o funcionamento da economia do país.

Essa chamada dívida tem sido um instrumento de transferência de recursos públicos para bancos e grandes rentistas, e está por trás do teto de gastos sociais (que segue presente no arcabouço fiscal); da política de resultado primário (que suprime investimentos sociais para que sobrem mais recursos para as despesas financeiras com a dívida); sucessivas contrarreformas; privatizações etc.

Leia o artigo na íntegra no ExtraClasse.org.br

 

Direitos do cidadão: MPF promove seminário Enfrentamento do Neonazismo na Região Sul em Florianópolis (SC) nos dias 14 e 15 de setembro

Terça, 29 de agosto de 2023

Arte: Comunicação/MPF

Iniciativa da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão busca diálogo com pesquisadores, entidades ligadas à defesa dos direitos humanos, MP, polícias e governo federal

Do MPF
O Ministério Público Federal (MPF) vai realizar o seminário Enfrentamento do Neonazismo na Região Sul, nos dias 14 e 15 de setembro, em Florianópolis, no auditório da Procuradoria da República em Santa Catarina.

O seminário é uma iniciativa conjunta da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) com o Núcleo de Apoio Operacional à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão na 4ª Região (Naop PRR4) e das Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão (PRDC) nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

De acordo com o procurador regional da República na 4ª Região e coordenador do Naop PRR4, Marcelo Beckhausen, os dois dias de seminário em Florianópolis servirão para o MPF traçar estratégias conjuntas para abordar o problema junto às demais partes envolvidas, a partir da troca de ideias, diálogos e ampliação do espaço de atuação da instituição no enfrentamento do discurso de ódio.

Os debates sobre o combate à intolerância e ao discurso de ódio observado em grupos neonazistas na região Sul do Brasil, com foco nas políticas públicas e nas ações na área criminal, contarão com a participação de pesquisadores da temática do neonazismo no sul do país, entidades representativas dos Direitos Humanos, Museu do Holocausto, polícias Federal e Civil dos três estados (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina), Ministério dos Direitos Humanos, Ministério da Justiça e Ministério da Educação, além de órgãos de governo ligados à tutela do direito do cidadão.

INVESTIGADO —Ricardo Salles vira réu em ação sobre contrabando de madeira ilegal

Terça, 29 de agosto de 2023
De acordo com o documento, a liberação teria ocorrido após uma reunião, em fevereiro de 2020, entre Ricardo Salles e representantes do setor madeireiro - Twitter/Ricardo Salles

O então ministro teria permitido "a representação de interesses privados em detrimento do interesse público", diz o MPF

Caroline Oliveira
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 29 de Agosto de 2023

O ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) se tornou réu por supostamente participar de um esquema de “facilitação ao contrabando de produtos florestais” e exportação de madeira ilegal, de acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF) recebida pela 4ª Vara Federal/Criminal do Pará, nesta segunda-feira (28).

Na denúncia, o MPF aponta os crimes de facilitação de prática de contrabando ou descaminho, obstrução da ação fiscalizadora do Poder Público em questões ambientais e participação ou promoção de organização criminosa. O então ministro teria permitido “a representação de interesses privados em detrimento do interesse público”.


Os produtos de origem brasileira foram encontrados nos Estados Unidos, sem a documentação mínima para exportação. O transporte só teria sido possível graças à ajuda de dois servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Eles teriam legalizado de forma retroativa cinco contêineres de madeira que haviam chegado aos países compradores sem autorização do órgão.

Os funcionários públicos, segundo o MPF, emitiram certidões e um ofício sem valor jurídico a fim de liberar a madeira que havia sido apreendida para a exportação. O documento, no entanto, não foi aceito ao entrar nos Estados Unidos “em razão da evidente ilegalidade”.


De acordo com o documento, a liberação teria ocorrido após uma reunião, em fevereiro de 2020, entre Ricardo Salles e representantes do setor madeireiro envolvidos no suposto esquema. Depois do encontro, teria sido feito um atendimento "quase que imediato" em relação às demandas das empresas, com parecer técnico “legalizando, inclusive com efeito retroativo, milhares de cargas expedidas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020”.

“A mais alta cúpula do Ministério do Meio Ambiente e a alta direção do Ibama manipularam pareceres normativos e editaram documentos para, em prejuízo do interesse público primário, beneficiar um conjunto de empresas madeireiras e empresas de exportação que tiveram cargas de madeira apreendidas nos Estados Unidos”, diz a denúncia do MPF.

Além de Ricardo Salles, outras 21 pessoas foram denunciadas pelos mesmos crimes de corrupção passiva, crimes contra a flora e organização criminosa.

Nas redes sociais, Salles disse que está certo da “seriedade e imparcialidade do Judiciário demonstrarão a falácia ali contida”. “Procuradores apresentaram denúncia das madeiras contra mim e os coronéis da PM que trabalhavam comigo (alguma surpresa!?!), contrariando, inclusive, conclusões do próprio delegado do caso. Veremos”, disse ainda.

Edição: Vivian Virissimo

Agibank é multado em mais de R$ 800 mil por empréstimo indevido a idosos

Terça, 29 de agosto de 2023

Do Procon-DF
No Distrito Federal, lei proíbe que instituições financeiras ofereçam crédito a idosos, aposentados e pensionistas, por telefone

Na última semana, o Procon – órgão vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) – aplicou mais de R$ 806 mil em multa no banco Agibank em razão de oferta de crédito, feita por telefone, a dois idosos e um aposentado no DF.

A punição se baseia em uma lei distrital recente, de número 6.930, de agosto de 2021, que proíbe instituições financeiras de oferecem qualquer tipo de empréstimo e cartão de crédito consignado a idosos, aposentados e pensionistas, por meio de ligação telefônica, no Distrito Federal.

No caso em questão, o Procon recebeu três reclamações, de dois idosos e um aposentado, contra o Agibank, alegando terem realizado em seus nomes contrato de refinanciamento de empréstimos ou solicitação de cartão de crédito consignado, porém sem a autorização dos consumidores.

A partir daí, o órgão de defesa notificou o banco, que justificou as transações enviando cópias dos supostos contratos feitos pelos clientes. Nesses documentos constavam informações que o meio utilizado para as contratações foi “via telefone”.

“Os consumidores procuram o Procon para reclamar de um novo empréstimo ou de um cartão de crédito consignado, que eles não tinham solicitado ao banco. Em sua defesa, o Agibank nos enviou os supostos contratos, que terminaram por complicar ainda mais a situação. O banco erra pelo menos duas vezes: em oferecer crédito sem nenhuma autorização ou em oferecê-lo a idosos ou aposentado por telefone ou WhatsApp”, explica o diretor-geral do Procon, Marcelo Nascimento.

O valor total das aplicadas multas nos três processos administrativos no Procon contra o Agibank é de R$ 806.780,00 em decorrência de descumprimento de normas do Código de Defesa do Consumidor e da Lei distrital n. 6.930/2021.

Assessoria de Comunicação Social
PROCON-DF – Instituto de Defesa do Consumidor

Falta estado nacional para existência e progresso da sociedade humana

Terça, 29 de agosto de 2023
Joanesburgo, África do Sul, 24.08.2023 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidentes dos países amigos do BRICS, posam para foto oficial após a reunião do grupo, no Sandton Convention Centre, em Joanesburgo. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Pedro Augusto Pinho*
O genial antropólogo, homem público e político Darcy Ribeiro, na Réplica aos diversos comentários sobre seus trabalhos de antropólogo (“As Américas e a civilização” e “O processo civilizatório”) publicados na “Current Anthropology”, em 1969, apresenta quadro esquemático das etapas evolutivas da sociedade humana, conforme diversos autores e da sua própria compreensão (Darcy Ribeiro, “Configurações Histórico-Culturais dos Povos Americanos”, Global Editora, SP, 2016).

Uma das diferenças está na forma de organização dos convívios humanos.

Como é de conhecimento geral, o homem primitivo era um ser individualista buscando caçar e coletar da natureza seus alimentos. Este homem solitário percebeu que ter outro que atuasse ao seu lado, aumentava sua possibilidade de obter e manter os alimentos. Que dois ajudavam mais do que um, até que se apercebeu que, entre eles, um se destacava pelas soluções ou pelo convencimento dos demais, a liderança natural. Esta liderança vai formar as hordas nômades, estacionárias, tribos e, ao fim, as aldeias que passam a um estágio mais avançado de sobrevivência com a agricultura e o pastoreio.

Darcy é o mais explícito cientista a demonstrar a evolução da sociedade humana. Esta sociedade que irá passar por diversas formas de organização, evolutivas e regressivas, atribuindo a si mesma e a deuses, as respostas que encontram para os problemas da organização social.

Neste século XXI, a civilização ocidental e sua área de influência se encontram em fase regressiva. Porém não desesperadora, pois há reações que se avolumam e indicam a retomada do desenvolvimento e das novas modalidades de organização. Estes são os temas que trataremos no artigo.

TRANSFERINDO RECURSOS DE QUEM NÃO TEM, PARA QUEM OS TEM EM ABUNDÂNCIA

No estágio que estamos de conhecimento antropológico não há dúvida que os homo sapiens surgiram a milhares de anos na África, no entorno da faixa do Equador, em condições de calor e umidade que só existem semelhantes na região amazônica. Porém não há qualquer evidência que destoe destes humanos africanos terem saído daquele continente antes de 210 mil anos.

Assim, a evolução da sociedade humana, sua diversidade física, seus relacionamentos datam de 200.000 anos. Período onde as condições da superfície terrestres também passaram por diversas alterações, formando e desaparecendo ilhas, separando istmos, sofrendo glaciações e insolações, vulcões, terremotos, e diversas catástrofes, que denominamos hoje, ambientais, e que condicionaram a dispersão e as relações entre humanos.

Simplificadamente, pois não estamos desenvolvendo teorias antropológicas, podemos dizer que os humanos saindo da África, adotaram duas posturas, que formaram as bases das sociedades: a da colaboração e a da dominação.

De algum modo, as condições geográficas, que sempre condicionam a formação cultural, também influenciam, quando não determinam a formação das bases, pois iremos encontrar a colaboração muito mais arraigada e permanente entre os orientais do que entre os ocidentais, tomando o Oriente Médio, a saída da África, como divisor.

Examinemos um fato bem conhecido: a tecnologia desenvolvida pelos chineses antes da transformação do século XIV ocorrida na Europa. A impressão, a pólvora e a bússola não serviram para dominar qualquer população, apenas impulsionaram o comércio. Já ao receberem estes conhecimentos, os europeus partiram para dominar a África, as Américas e impor sua civilização, costumes e extrair as riquezas destes continentes sem deixar qualquer benefício em troca.

Foram países europeus que, a partir dos conhecimentos chineses, transformados em armas de conquista, criaram as colônias espanholas, portuguesas, holandesas, britânicas, francesas, belgas, alemãs e toda Europa construiu sua história de guerras entre as populações locais. E tiveram um pensamento que foi sendo moldado a partir dos gregos, romanos e hebreus para dar-lhes a justificativa que permitisse colocar a cabeça no travesseiro e dormir.

O pensamento competitivo de tal modo dominou a Europa e suas colônias que faz parecer, para nós, brasileiros, doutrinados na pedagogia colonial, característica humana, natural, não imposta. E, entre as colônias europeias, uma delas, os Estados Unidos da América (EUA) incorporou em tal profundidade estas características da formação e de tal modo que, ao se tornar o país mais forte do mundo, nada mais fez do que garantir este pensamento, impondo-o pelas armas, mudanças de governos, e pela ampla divulgação pela comunicação de massa e pelos sistemas e programas de instrução e cultura.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


DUAS ANÁLISES

I – OS BRICS
Entre 22 e 24 de agosto de 2023 realizou-se em Joanesburgo, na África do Sul, a reunião da 15ª Cúpula dos BRICS: Brasil (B), Rússia (R), Índia (I), China (C) e África do Sul (S).

Adotando a comparação do representante da Federação Russa, ministro Sergey Lavrov, a reunião começou com time de basquete, cinco jogadores, e terminou com time de futebol, onze membros, BRICS+6.

A análise do significado deste acréscimo foi esplendidamente realizada por Javier Tolcachier, no artigo “O BRICS cresce. O que cresce com os BRICS?”, para a TeleSUR, em 27/08/2023, de onde transcrevemos em tradução livre:

“De fundamental importância nestes tempos de redesenho do mapa geopolítico global e de evidente transição para a multipolaridade, é constatar que nenhum dos novos membros do BRICS pertence à OTAN, nem é um parceiro global, o que talvez explique por que a Turquia, demasiado interessada em polo associativo e econômico ascendente, não está entre os escolhidos, pelo menos por enquanto.

Por outro lado, tanto a Arábia Saudita como os Emirados Árabes Unidos são aliados militares tradicionais dos EUA no Oriente Médio, um papel de liderança que tem sido ofuscado pela China nos seus esforços para mediar a paz, coroados pelo recente acordo entre os teocráticos governos saudita e iraniano. Ambos os países, por sua vez, apresentam diferenças históricas com Israel, considerado enclave com arsenal nuclear de influência direta dos EUA na região, o que explica a busca pelo equilíbrio.
Da mesma forma, o fato de a Etiópia acolher a sede da muito ativa União Africana (UA), que reivindica e exerce influência diplomática fundamental nos assuntos internos de África, acrescenta elementos ao entendimento da sua inclusão nos BRICS+6.

A Argentina, por sua vez, tem sido, juntamente com o Brasil sob governos progressistas, um importante motor de instâncias soberanas de integração regional como a UNASUL ou a CELAC, o que fortalece o signo multipolar e se opõe à alegada exclusividade do domínio dos EUA ou eurocêntrico sobre a América Latina. O país sul-americano esteve ao lado do Egito, país fundador do Movimento dos Não-Alinhados, defensor histórico de um maior equilíbrio na governança global”.

Examinada a razão das inclusões, Tolcachier discorre sobre as consequências que vão muito além das econômicas, das integrações por malhas de comunicação virtual e de transporte terrestre, aéreo e naval, nas ações da Iniciativa Cinturão e Rota, portos, aeroportos, transferência de tecnologias para operação e desenvolvimento de recursos que estreitem as relações da China com o mundo.

Escreve: “A formação e expansão de um bloco de países com raízes culturais diversas como o BRICS+6 configuram não só a reação à continuidade neocolonial em termos econômicos e políticos, mas a elevação de outros padrões de pensamento e comportamento a um nível de paridade, fortalecendo assim a diversidade”.

“A globalização atual, entendida como um processo para o qual diferentes culturas tendem a convergir sem perder o seu estilo de vida e identidade, é muito diferente da globalização, corrente homogeneizadora promovida pelo imperialismo, pelos grupos financeiros e pela banca internacional”. “É evidente que o novo âmbito desta associação, que surge da reação cultural global às tentativas de padronização do mundo, de acordo com os desejos corporativos ocidentais, supõe uma importante abertura a diferentes possibilidades de autonomia relativa e de relacionamento entre os povos, sem mediações paternalistas”.

Também questiona o que vem sendo considerado democrático e libertador: “no que diz respeito ao espírito antidemocrático, deve-se notar que nenhum dos governos ocidentais críticos fica atrás dos BRICS, uma vez que a acumulação de poder nas mãos de grandes corporações e fundos de investimento impede que os votos sejam qualificados como verdadeiras eleições dos povos, possibilitando verdadeiras alternativas sistêmicas”. Quanto à liberdade, como encontrá-la na submissão dos povos à pedagogia colonial? “Colocando entre parênteses os verdadeiros obstáculos que nestes países obstruem a liberdade de escolha pessoal e coletiva e oprimem inaceitavelmente aqueles que não concordam com as ideologias dominantes, poder-se-ia perguntar, não sem deixar um gosto amargo na boca de um humanista, se estes traços de intolerância não foram o reflexo de vontade popular majoritária”.

E prossegue: “Certamente esta é uma fase da humanidade em que todo comportamento violento precisa ser superado, embora estas noções de futuro encontrem resistência em velhos hábitos. Neste sentido, serão as próprias populações que terão de trabalhar na modificação das suas paisagens interiores, o que por sua vez terá um impacto positivo no tipo e modelo de organização social que escolherem livremente”.

“Um aspecto pouco atendido, neste âmbito temporal marcado pelo imediatismo, é o ponto de vista histórico mais ampliado. Nesta perspectiva, o BRICS+6 está a conseguir, com a inclusão dos seus novos membros, reunir várias das principais civilizações da história da humanidade. As acumulações milenares do Egito, da China, da Índia e do mundo persa, as enormes contribuições dos povos eslavos e da estepe siberiana — uma concentração dos modos de vida de muitos povos, através da participação da Rússia — da Etiópia e África do Sul, dois espaços considerados berços da humanidade, a articulação com a nação árabe e a contribuição dos povos e culturas latino-americanas e afro-americanas formam um mosaico, ainda incompleto, que revela o entrelaçamento e a renovação criativa de fontes míticas profundas”.

Poderíamos dizer que é um passo enorme para a cooperação no lugar da dominação. E Javier Tolcachier conclui: “Desta forma, o Ser Humano deixará para trás a pré-história violenta, rumo a continuar juntos no seu caminho de libertação como espécie”.
Cerimônia de posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

II – O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL BRASILEIRO (STF)

No noticiário de STF, em 24/08/2023: “Pedido de vista do ministro André Mendonça suspendeu o julgamento, pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), do Recurso Extraordinário (RE) 635659, com repercussão geral (Tema 506), em que se discute a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio. Até o momento, há cinco votos pela inconstitucionalidade da criminalização do porte de maconha para consumo próprio e um voto que considera válida a previsão do artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006)”.

Seria o vício da droga uma questão jurídica? Algo a ser regulado e aplicado conforme a lei? Ou chegamos a tal ponto de incompreensão das funções do Estado que transferimos responsabilidades dos poderes sem que haja qualquer questionamento.

Há, sem que apoie suas ações, razões para que o povo, principalmente os mais desinformados, que se encontram em grande número nas classes médias, apoie os ataques bolsonaristas ao judiciário brasileiro. Este foi o poder que melhor se posicionou com o triunfo das finanças apátridas na administração do País.

O Brasil vem sofrendo a mercantilização de todas as funções públicas desde o processo iniciado em 1980, no governo Figueiredo, aguçado no governo Collor, levado ao ápice por Fernando Henrique Cardoso, que teve continuidade com o golpe de Temer e o governo Bolsonaro, sem que os governos petistas agissem para reverter ou impedir sua continuação. Hoje, em termos institucionais, com as tecnologias do século XXI, vivemos o período da República Velha, quiçá do II Império.

Os Estados Nacionais não tem formulação que lhe dê perpetuidade. Eles se formam com a evolução da sociedade e, como tal, do mesmo modo assinalado por Darcy Ribeiro, apresentam avanços e regressões. Como já ficou evidente, sob falsas alegações, compra de consciências e intensa ação da comunicação, as sociedades identificaram o neoliberalismo com a liberdade e a democracia, aceitando o modelo de sociedade de mercado.

Porém esta não cabe no desejo de progresso e participação, comum aos povos, especialmente àqueles que ainda hoje não alcançaram a soberania decisória.

O caso brasileiro é particularmente notável pois foram regimes centralizadores e autoritários, imbuídos de verdadeiro nacionalismo, que levaram o País ao mais alto estágio civilizatório alcançado. Quando foi possível criar as organizações que planejaram e executaram o salto do país, com maioria absoluta de analfabetos, chegasse próximo à alfabetização total e desenvolvesse o sistema educacional que possibilitasse a mais ampla instrução: os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPS), hoje um fantasma a assombrar os gestores das finanças.

Também a criação de toda estrutura para dotar o Brasil da mais importante atividade econômico-social, a produção de energia: hídrica, fóssil, nuclear e da biomassa. Com essa base se promoveu o desenvolvimento industrial e a capacitação tecnológica exportadora de soluções para diversas áreas do conhecimento. E tudo isso com a formação cultural nacional, nas artes plásticas, na música, nas danças, na literatura, e na pesquisa e registro do folclore brasileiro.

Esta base possibilitou a realização de sonhos e a esperança de continuidade, um futuro ainda melhor, destruído pela falácia da redemocratização.

Então um caso de saúde pública e educação se transforma em um caso de disputa jurídica, que nenhuma solução trará para os que caíram no vício e serão vítimas das marginalidades públicas e privadas, porque no regime das finanças a corrupção acompanha as ações.

O julgamento citado serviu para demonstrar que a ausência de Estado Nacional é quase a rotina do judiciário, cada vez mais distante das necessidades nacionais.

CONCLUSÃO

A esperança está na oposição de países e governos às finanças apátridas, à banca, que o crescimento dos BRICS mostra um caminho. Não se trata de milagres, mas de trabalho consciente e esclarecedor das opções da sociedade do século XXI: o progresso civilizatório que será da cooperação e da participação coletiva ou das ilusões democráticas que levam ao aprisionamento da mente, ao individualismo e à regressão do padrão de vida.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, foi membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG) e atualmente preside a AEPET – Associação dos Engenheiros da Petrobrás.

29/08/2023.

Convite para acompanhar nesta quarta-feira, 30 de agosto, a Audiência Pública sobre Política de Juros promovida pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados

Terça, 29 de agosto de 2023


Convite para participar da Audiência Pública sobre Política de Juros promovida pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados
Dia 30/08/2023 [quarta-feira] às 10 horas

Prezados amigos e amigas da ACD, representantes de Núcleos e entidades apoiadoras, 

Desde o ano passado, a ACD tem trabalhado incansavelmente pela aprovação do projeto de lei complementar PLP 104/2022, que limita os juros no Brasil. Cabe lembrar que, com o importante apoio de nossas entidades parceiras, apresentamos proposta legislativa, que foi aprovada pela Comissão de Legislação Participativa, originando o PLP 104/2022. Esse projeto se encontra a Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e precisa ser aprovado urgentemente, a fim de estancar a enorme sangria de recursos públicos, das pessoas e empresas para o pagamento de juros extremamente abusivos praticados no Brasil.

Para debater a Política de Juros no Brasil, a CFT da Câmara dos Deputados promove Audiência Pública no dia 30 de agosto (próxima quarta-feira), às 10h, no Anexo II, Corredor das Comissões da Câmara dos Deputados, Plenário 04.

A participação efetiva, tanto presencialmente como na transmissão ao vivo que será feita no canal do Youtube da CTF, será fundamental para mostrar o imenso interesse da sociedade no limite dos juros. Por isso, pedimos que anotem na agenda e compareçam presencialmente, se possível, ou acompanhem pela página da CFT na web: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cft ou no canal da Câmara no Youtube: https://www.youtube.com/@CamaradosDeputadosoficial.

Dentre os convidados a se pronunciar durante a referida audiência pública, contaremos com a participação ilustre do Dr. Fernando Siqueira (engenheiro diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras — AEPET); Prof. Ladislau Dowbor (economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Prof. Marco Antônio Mitidiero Júnior (professor da Universidade Federal da Paraíba). A CFT também aprovou convite a representantes da Federação Brasileira de Bancos  (FEBRABAN), do Banco Central e do Ministério da Fazenda.

Eu também estarei entre os palestrantes e conto com o apoio de todos e todas para que tenhamos uma expressiva participação, tanto presencial como virtualmente, capaz de mostrar o quanto defendemos que o limite dos juros tem que virar lei.

Forte abraço,

Maria Lucia Fattorelli

Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida


Coordenação Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida 
SAUS, Quadra 5, Bloco N, 1º andar – Brasília/DF – CEP:70070-939 - Edifício Ordem dos Advogados do Brasil
Telefone (61) 2193-9731 — E-mail contato@auditoriacidada.org.br — www.auditoriacidada.org.br