Quarta, 29 de maio de 2013
Documentos
 revelam que Rafael Cordeiro de Oliveira, adjunto de Habitação, e 
familiares atuaram em cargos de cooperativa habitacional conveniada com o
 GDF e com o governo federal. Investigação aponta indícios de tráfico de
 influência
                
               
     
 
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   "Eu sou um servidor público federal, 
militante político e sempre integrei os movimentos populares. Tenho 
ligação política com as associações, como outros gestores também têm. A 
minha irmã é uma profissional militante. Esse período em que ela foi 
diretora (da cooperativa), eu estava no Ministério da Educação e não 
tinha perspectiva de ser secretário de Habitação" 
    Rafael Oliveira, secretário adjunto de Habitação | 
  
 A Corregedoria da Secretaria de Transparência e Controle do DF analisa 
um processo enviado pelo Tribunal de Contas do DF (TCDF), no qual o 
secretário adjunto de Habitação, Rafael Cordeiro de Oliveira, aparece 
como suspeito de ter se beneficiado do cargo em proveito próprio. O alvo
 da denúncia é a Associação Pró-Morar do Movimento Vida de Samambaia 
(AMMVS), conveniada com o GDF e o governo federal para representar 203 
entidades habitacionais do DF no processo de habilitação de pessoas de 
baixa renda interessadas em participar da 4ª Etapa do Riacho Fundo 2.
 
 
No ano passado, o processo tinha sido arquivado pela Secretaria de 
Transparência — o titular da pasta era Carlos Higino Ribeiro de Alencar,
 atual secretário executivo da Controladoria Geral da União (CGU) — “por
 não conter, à época, elementos que pudessem confirmar a denúncia então 
apresentada”. Mas a assessoria de imprensa do órgão informou ontem que a
 atual secretária, Vânia Vieira, “determinou o reexame do caso”.
 
 
Documentos comprovam que Rafael de Oliveira, secretário adjunto de 
Habitação desde 4 de janeiro de 2011, tem vários familiares ligados a 
movimentos sociais de Brasília, principalmente a AMMVS — ele próprio 
aparecia, em 2010, como secretário executivo da entidade. O pai dele, 
Carlos Roberto de Oliveira, é um dos diretores da União Nacional por 
Moradia Popular do DF e também atuou na associação como suplente, 
conforme Portaria nº 24 de 12 de março daquele ano. ...
 
 
Também chama a atenção que, até maio de 2011, a irmã de Rafael, Daniela
 Kely de Oliveira, exerceu o cargo de diretora financeira da AMMVS. 
Documento assinado por um auditor de controle externo do TCDF confirma o
 vínculo. “Levando em conta que o Sr. Rafael de Oliveira foi nomeado em 
4/1/2011 para o cargo de secretário adjunto da Sedhab, chegamos à 
conclusão de que este senhor atuou à frente da Secretaria em período 
concomitante com a gestão de sua irmã, como diretor financeira da 
AMMVS”, revela o texto.
 
 
Atualmente, Daniela trabalha na secretaria da entidade. Ela seria 
responsável por entregar os endereços dos imóveis e receber a 
documentação dos filiados das cooperativas. “Sem ela lá, nada surge. Ela
 não está como diretora só no papel, mas é quem faz tudo. A mudança na 
presidência foi só para abafar”, denunciou a presidente de uma 
associação ao Correio, além de mais de 10 pessoas ouvidas pela 
reportagem. Diversos filiados também confirmaram a informação, além de 
uma gravação em que uma coordenadora de cooperativa menciona a atuação 
de Daniela frente à associação.
 
 
Segundo o relator e conselheiro do TCDF, Manoel de Andrade, a 
investigação está no âmbito do Ministério Público de Contas do DF. “Essa
 denúncia vem sendo apurada, e a denunciante traz sempre informações 
novas. Em razão disso, o Ministério Público se mostrou interessado em 
apurar também”, explicou. Manoel afirma que o tribunal deve dar um 
parecer sobre o caso em duas semanas. “Se fosse por total desproposital,
 essa denúncia teria sido arquivada. Até o momento, ela está se 
sustentando. Ela está sendo tratada em caráter sigiloso, e a gente evita
 entrar em seus meandros”, disse.
 
  
Entenda o caso
 
Fraude com dinheiro público
 
 
O terreno onde serão construídas 5.904 unidades habitacionais, chamado 
de 4ª Etapa do Riacho Fundo 2, foi doado em 2006 pelo governo federal 
para cooperativas do DF. Na época, a Secretaria de Patrimônio da União 
firmou um convênio com o GDF e a Associação Pró-Morar do Movimento Vida 
de Samambaia (AMMVS) para que ela representasse 203 entidades. A União 
deveria viabilizar o financiamento das moradias por meio da Caixa 
Econômica Federal, e o GDF, promover as obras de infraestrutura, além 
de, em parceria com o movimento social, desenvolver o projeto 
urbanístico e promover a habilitação dos beneficiários. Desde a última 
segunda-feira, o Correio publica reportagens com denúncias de fraude no 
processo de habilitação das pessoas. Há quem cobre entre R$ 15 mil e R$ 
20 mil como “entrada” para garantir o sonho da casa própria. Esse 
dinheiro que, segundo os representantes das entidades, seria pagar taxas
 de projetos e alvará, na verdade, acaba dividido pelo menos 50 
golpistas.
Por Mara Puljiz - Correio Braziliense
    
Fonte: Blog do Sombra com informações do Correio Braziliense