Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Vulnerabilidade menstrual: Pela segunda vez, TCDF puxa orelha da Secretaria de Saúde

Segunda, 31 de julho de 2023

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna
Nenhum centavo dos R$ 7 milhões alocados no orçamento desse ano, para compra de absorventes a serem distribuídos a adolescentes da rede pública de ensino e mulheres em situação de pobreza, foi usado, segundo o TCDF.

Por Chico Sant’Anna
A Secretaria de Saúde (SES/DF) tem até novembro pra informar sobre suas ações no sentido de assegurar a disponibilização gratuita de absorventes higiênicos e coletores menstruais a mulheres em situação de vulnerabilidade econômica e social. O prazo foi dado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), que quer saber o motivo de a SES não ter usado os R$ 7 milhões destinados no Orçamento do DF nesse ano, pela Câmara Legislativa. O dinheiro tinha por destino cobrir os gastos com a compra de insumos e absorventes higiênicos. No entanto, não houve execução orçamentária para esse fim.

O TCDF quer saber se o GDF está descumprindo a Lei nº 6.569/20, que institui a Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Essa norma prevê, entre outras coisas, a distribuição gratuita, no Distrito Federal, de produtos que possibilitem condições adequadas de higiene íntima para adolescentes da rede pública de ensino e mulheres em situação de pobreza.

Leia a íntegra

CONTRA O PRECONCEITO —Organização é atacada por promover diálogo com pais de alunos sobre diversidade em escola do DF

Segunda, 31 de julho de 2023
Em 2021, o Centro de Ensino Fundamental 8 de Sobradinho foi um dos finalistas da etapa nacional do Prêmio de Educação em Direitos Humanos Óscar Arnulfo Romero - Foto: Álvaro Henrique/SEEDF

Evento realizado em julho, tratou sobre o papel da família no processo educacional de crianças e adolescentes LGBTs

Valmir Araújo
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 31 de Julho de 2023

O que era para ser uma roda de conversa com adultos sobre educação e questões LGBTQIA+, se tornou em mais uma demonstração de preconceito e intolerância.

Realizada no dia 19 de julho para pais dos alunos do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 08 de Sobradinho II, região administrativa do Distrito Federal, o evento 'Diálogo: famílias que acolhem – a importância da família no processo educacional de crianças e adolescentes LGBTQIAPN+' foi alvo de ataques e constrangimento.

Coordenador da Casa Rosa, um espaço de acolhimento e assistência para pessoas LGBTQIA+, Pedro Matias foi o palestrante da atividade. “Eu fui levar um material informativo para conversar com as famílias. O evento foi à noite, no contraturno, com adultos. Esse já é um trabalho que a Casa Rosa já faz em muitas escolas aqui do DF”, explicou Matias.

Segundo ele, haviam pessoas “infiltradas” que não eram pais de alunos e foram até lá para “patrulhar” e tentaram interromper a atividade várias vezes, mas ainda assim o evento foi realizado.

Depois da atividade, o deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP) entrou em ação e enviou um ofício para a Secretaria de Educação do DF pedindo esclarecimentos sobre o evento, o que motivou a repercussão do vídeo em que uma pessoa tenta interromper o palestrante.

De acordo com Pedro Matias, depois disso a escola recebeu notificações de denúncias que foram feitas na Ouvidoria, questionando se a atividade poderia ter acontecido e o teor do conteúdo apresentado, além da própria manifestação do parlamentar informando que a atividade não poderia acontecer.

Com a repercussão do vídeo, Pedro Matias conta também que matérias sem contextualização foram divulgadas sobre o episódio e ele passou a ser alvo de discurso de ódio nas redes sociais.

“A partir daí gerou-se um imenso debate, ataques massivos. Minha imagem estava exposta, como representante da Casa Rosa e eu recebi inúmeras ameaças”, contou Matias, ressaltando que todas as atividades que ele realiza estão amparadas na legislação vigente.

Gama: escuridão quase total nas ruas principais da Quadra 13 do Setor Sul. Haja incompetência, haja falta de interesse. De quem? De quem? Você sabe, você sabe, né?

Segunda, 31 de julho de 2023

Clique na imagem abaixo e veja o vídeo no Instagram do Portal Gama Cidadão





domingo, 30 de julho de 2023

Marcha das Mulheres Negras toma conta de Copacabana

Domingo, 30 de julho de 2023

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Manifestantes pedem combate ao racismo e à violência

Publicado em 30/07/2023 - Por Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil - Rio e Janeiro

Mulheres negras de várias partes do estado do Rio de Janeiro tomaram conta da orla de Copacabana neste domingo (30). Elas participaram da 9ª Marcha das Mulheres Negras, que levou para o bairro da zona sul carioca o lema Mulheres Negras Unidas contra o Racismo, Toda Forma de Opressão, Violência e pelo Bem Viver.

A manifestação foi organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras - RJ e contou com a participação de diversos coletivos ligados ao combate da desigualdade racial. O evento fecha a semana de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho, e acontece na véspera do Dia Internacional da Mulher Africana.

A escritora Maria da Conceição Evaristo, dona de uma produção literária que combate a opressão do povo negro, leu o manifesto de abertura da marcha. “Vamos ocupar uma das orlas brasileiras de maior visibilidade, é um ato de coragem e denúncia”, disse ao microfone para as milhares de negras presentes.

“Marchamos pelo bem viver. O bem viver convoca a uma política de participação coletiva da população negra, de construção de poder horizontal e de distribuição dos lugares de decisão para mulheres negras”, completou a escritora que, neste mês, inaugurou um centro cultural na região conhecida como Pequena África, no Rio de Janeiro.

Ao lado de Conceição Evaristo, cerca de dez griôs carregavam uma faixa de abertura da marcha, com o tema da edição deste ano. Griôs são contadoras de histórias, muito respeitadas nas comunidades onde vivem.
A escritora Conceição Evaristo, na IX Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Juventude

Coaf aponta movimentação 'atípica' de R$ 3,7 milhões nas contas de Mauro Cid

Domingo, 30 de julho de 2023

Tempero: Coaf aponta movimentação 'atípica' de R$ 3,7 milhões nas contas de Mauro Cid

Programa traz comentários sobre os principais acontecimentos políticos da semana em formato de revista semanal

Redação
Rádio Brasil de Fato
30 de Julho de 2023

O jornalista José Eduardo Bernardes substitui Rodrigo Vianna nesta semana na apresentação do Tempero da Notícia. - Willians Campos/ Brasil de Fato

Caso revelado pelo Coaf lembra esquemas de rachadinha que envolvem os membros da família Bolsonaro

Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou uma movimentação, no mínimo atípica, de R$ 3,7 milhões em apenas 10 meses, pelo tenente coronel Mauro Cid, o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

As movimentações aconteceram entre julho de 2022 e maio de 2023, período que compreende, inclusive, as eleições presidenciais. O caso revelado pelo Coaf lembra e muito os esquemas de rachadinha que envolvem os membros da família Bolsonaro e o próprio ex-presidente.


Bolsonaro, inclusive, nunca explicou de onde saíram os R$ 89 mil em cheques, depositados na conta da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Mauro Cid está preso desde maio, quando uma operação da Polícia Federal acusou Cid de ter ajudado a forjar cartões de vacina contra a covid-19 para que Bolsonaro e seus familiares ingressassem nos Estados Unidos.

Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato, que nesta semana tem apresentação do jornalista José Eduardo Bernardes.


Élcio de Queiroz fez delação premiada e apontou o ex-policial militar Ronnie Lessa como responsável pelos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

sábado, 29 de julho de 2023

Avós encontram neto n° 133 sequestrado pela ditadura argentina

Sábado, 29 de julho de 2023
© Cris Sille/TELAM

Exame de DNA confirmou sua verdadeira identidade

Publicado em 29/07/2023 - Por Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil - Brasília

A organização Avós da Praça de Maio encontrou o neto número 133 sequestrado pela ditadura argentina que controlou o país de 1976 a 1983. O neto perdido foi quem espontaneamente procurou a organização ao desconfiar que não era filho do casal que dizia ser seus pais.

Ele é, na verdade, filho de Cristina Navajas e Julio Santucho, ex-membros da organização Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), guerrilha que lutava contra a última ditadura militar do país sul-americano.

“Hoje, sinto que me devolveram uma parte minha”, disse o pai do neto 133, Julio Santucho, em entrevista à Télam, a agência pública de notícias da Argentina.

“Se parece muito comigo, me lembra eu quando tinha sua idade”, completou. A mãe do neto 133, Cristina Navajas, foi sequestrada pela ditadura quando estava grávida e segue desaparecida desde julho de 1976.
Buscas

Já a avó do neto nº 133, Nélia Navajas, morreu em 2012 sem encontrar nem o neto, nem a filha. Ela foi uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio e contou com a ajuda do irmão do neto desaparecido, Miguel “Tano” Santucho, que liderou as buscas do irmão e da mãe. “É um dos momentos mais luminosos da minha vida. Me custa acreditar que estou vivendo isso”, comentou o irmão do neto encontrado esta semana.
Avós encontraram neto n° 133 sequestrado pela ditadura argentina. Foto - Cris Sille/TELAM

A presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, de 92 anos, comemorou mais essa vitória da organização. “Encontrar outro neto, devolver seus direitos, sua identidade, nos enche de felicidade”. A líder das Avós acrescentou que a organização segue de braços abertos “para receber e seguir encontrando os netos que faltam”.

Em comunicado, as Avós da Praça de Maio informaram que o neto 133 foi registrado como filho de um integrante das forças de segurança argentinas e uma enfermeira, em 24 de março de 1977. Desde jovem, tinha dúvidas sobre a própria identidade.

A irmã adotiva mais velha foi quem o alertou de que não era filho biológico dos pais que acreditava ter. “Em duas oportunidades, enfrentou o apropriador para saber a verdade, mas o homem sustentou sempre ser seu pai biológico”, afirma a organização.

Ao procurar as Avós da Praça de Maio, o neto nº 133 pôde fazer um exame de DNA que confirmou a sua verdadeira identidade.

Segundo o Ministério da Justiça e Direitos Humanos da Argentina, ainda existem mais de trezentas pessoas de cerca de 45 anos, nascidas entre 1975 e 1983, que seguem desaparecidas. As Avós da Praça de Maio calculam que cerca de 500 bebês de presos políticos da ditadura argentina foram sequestrados, tendo sido entregues a famílias de militares, abandonados em instituições de caridade ou vendidos.

Edição: Kleber Sampaio

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Justiça condena Roberto Arruda, ex-governador do DF, a perda de direitos políticos e multa de R$1,5 milhão

Sexta, 28 de julho de 2023
Além de Arruda, TJDFT condenou também mais quatro réus

Publicado em 28/07/2023 
Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) condenou, nesta quinta-feira (27), o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda e outros quatro réus em um processo judicial relacionado à chamada Operação Caixa de Pandora, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em novembro de 2009.

Chefe do Poder Executivo distrital na época em que a PF investigava a suposta distribuição de recursos ilegais à base aliada do governo distrital, o ex-governador José Roberto Arruda foi condenado à suspensão de seus direitos públicos por 12 anos. Arruda ainda terá que pagar, sozinho, uma multa de R$ 1,5 milhão.

Além das punições individuais, o juiz titular da 2ª Vara da Fazenda Pública, Daniel Eduardo Branco Carnacchioni, condenou Arruda a pagar, junto com os outros quatro réus, uma segunda multa de R$ 1,5 milhão, a título de reparação dos danos aos cofres públicos. Este valor, contudo, ainda deverá ser corrigido pela inflação, mais juros de 1% ao mês.

Ó o leite!!! Procon recolhe 1,2 mil litros de leite contaminado no Distrito Federal

Sexta, 28 de julho de 2023


Procon recolhe 1,2 mil litros de leite contaminado no Distrito Federal

O produto retirado de circulação é da marca Natville. O leite é UHT, de caixinha longa vida.

Mil e duzentos litros de leite UHT da marca Natville foram apreendidos por fiscais do Procon entre os dias 24 e 28 de julho. A operação foi iniciada depois de o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) constatar a contaminação do produto em uma fábrica no Sergipe, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspender a comercialização, distribuição e uso dos lotes fabricados entre janeiro e maio de 2023. 

“Rastreamos os estabelecimentos pelas notas fiscais de venda desses produtos e comparecemos aos mercados que os adquiriram. Reforçamos a importância de o consumidor não comprar leite longa vida da marca Natville nesse momento”, afirma o diretor-geral do Procon, Marcelo Nascimento.

A maior parte das apreensões foi feita em Planaltina e Arapoanga, no Distrito Federal. Os mercados têm 20 dias para devolver os produtos impróprios para o consumo ao distribuidor ou ao fabricante. Esses locais serão multados somente se venderem o leite da marca Natville.

O leite UHT da Natville é armazenado em embalagem Tetra Pak, conhecido pelo consumidor como leite de caixinha longa vida.

A operação do Procon continua na semana que vem.


Fonte: Assessoria de Comunicação Social
PROCON-DF – Instituto de Defesa do Consumidor

O Brasil posto à margem do desenvolvimento

Sexta, 28 de julho de 2023
Roberto Amaral*


O Brasil posto à margem do desenvolvimento

A história da humanidade desconhece exemplo de país que se tenha desenvolvido e aspirado à categoria de potência (sob qualquer título) sem antes haver investido, sistemática e pesadamente, em educação, ciência e tecnologia e desenvolvimento industrial, exatamente nesta ordem, porque sem ciência e tecnologia não há indústria nem desenvolvimento, qualquer, a começar pelo desenvolvimento social, que exige pleno emprego e distribuição de renda. E sem desenvolvimento industrial nenhum país pode aspirar à soberania, e seu povo a algum grau de liberdade. A industrialização proporciona aumento da produtividade, enseja criação de empregos em todos os setores da economia, em face de seu poder multiplicador, promove o desenvolvimento de novas tecnologias e inovação, além de maior diversificação econômica. E quem não domina a tecnologia e a inovação, e não tem indústria, tampouco tem forças armadas dignas desse nome, ou seja, capazes de garantir a defesa do país, eis que terminam condenadas a fabricar o inimigo interno (a população que as sustenta) para construir o autoengano de que têm alguma razão de ser. A experiência brasileira é exemplar nesse triste sentido.

É notório o papel da Escola de Sagres para o ciclo das conquistas marítimas portuguesas. De igual modo é impensável a revolução industrial inglesa sem a invenção da máquina a vapor, que, por seu turno, mudou as regras do guerrear até então conhecido, regras que variam a cada conflito — e os conflitos, afora o mais, servem para o teste e aperfeiçoamento dos novos inventos.

A preeminência da tecnologia como condição para o desenvolvimento econômico e a soberania, que passa pelo desenvolvimento industrial, é o testemunho dos EUA desde o século 18, e da União Europeia de hoje, que sobrevive, mesmo politicamente subalternizada, graças aos frutos acumulados de seu passado de desenvolvimento científico, tecnológico e industrial. É de igual sorte a lição da Índia e dos “Tigres asiáticos”. Mas o modelo paradigmático de desenvolvimento acelerado e contínuo é oferecido pela China.

Os países asiáticos se desenvolveram na contramão do atraso brasileiro, persistente, porque é persistente, entre nós, a ditadura de uma mesma classe dominante, aquela que vem do engenho e da casa-grande e hoje se instala na Faria Lima para, dali, conectada com Wall Street, comandar o grande capital, o centro do poder real, desapartado da produção que gera bens e serviços.

Nos fins do século 18, quando ainda vegetávamos na colônia, avessa ao desenvolvimento, os EUA optaram pela integração na revolução industrial inglesa de 1780. O Report on Manufactures, de Alexander Hamilton, data de 1791. Naquele então continuávamos exportadores de açúcar e das matérias-primas demandadas pela Europa, proibida, pela corte de Lisboa, qualquer iniciativa visando à produção de manufaturas. Bem depois, já em 1864, em mais uma vitória da terra, os empreendimentos do Barão de Mauá, empresário pioneiro na industrialização nacional, conheceram a bancarrota, apressada pela má vontade de um imperador autoritário e incuravelmente reacionário, velho de senilidade precoce. Hoje somos tão só uma expectativa de desenvolvimento na periferia do capitalismo; uma sociedade obscenamente injusta, pois arrimada na desigualdade mais profunda — que se manifesta nos planos econômico, social, racial e de gênero — e gritantes desníveis regionais.

Enquanto os EUA caminhavam para a industrialização, o Brasil, ao se apartar de Portugal, erguia um império arcaico dominado pelos senhores da terra, usufrutuários de uma agricultura predatória, explorada como latifúndio, sustentada na escravidão de negros africanos e indígenas apresados e na exploração do branco pobre. O latifúndio, terras a perder de vista, que, pela vastidão de suas extensões dispensava cuidados, é consagrado em 1850, com a Lei das Terras, o estatuto da propriedade privada sacralizada e da agricultura de exportação, fechando o acesso à terra aos que nela queriam e precisavam trabalhar.

SEU CARRO PAGA IPVA. JATINHOS E IATES NÃO

Sexta, 28 de julho de 2023
Assim, a tributação figura como um mecanismo, entre outros tantos, de concentração acentuada de riqueza e renda em segmentos historicamente minoritários e privilegiados da sociedade brasileira.


Aldemario Araujo Castro
Advogado
Mestre em Direito
Procurador da Fazenda Nacional
Brasília, 28 de julho de 2023

A Reforma Tributária da PEC n. 45/2019 foi (e ainda será) cantada em verso e prosa na (e pela) grande imprensa. É possível afirmar, sem margem para dúvidas, que a aprovação da referida Reforma é um bom e emblemático retrato do Brasil atual. Os interesses socioeconômicos mais poderosos e articulados formam sua espinha dorsal. O empresariado de grande porte, direta e indiretamente, não cansa de mencionar a importância da simplificação, eliminação de distorções, redução de custos operacionais, eficiência econômica e modernização das incidências tributárias. O tratamento diferenciado e privilegiado para o capital financeiro e o agronegócio exportador foi cuidadosamente consagrado. Os interesses populares com justiça fiscal e distribuição equânime da carga tributária foram contemplados de forma secundária, com extensão e intensidade nitidamente insatisfatórias.

A tributação de veículos automotores foi um dos pontos tratados na Reforma Tributária da PEC n. 45/2019. Esse traço da Reforma chama especial atenção justamente pelos aspectos gerais mencionados anteriormente. Com efeito, os carros usados em deslocamentos laborais, atividades educacionais e lazer (veículos terrestres) sofrem a incidência do IPVA (imposto sobre a propriedade de veículos automotores). Entretanto, os aviões, especialmente jatinhos, e as embarcações, especialmente iates, embora sejam veículos automotores não pagam IPVA. A profunda injustiça fiscal presente na tributação brasileira raramente fica tão escancarada como nesses casos de exigência e não cobrança do IPVA.

A ausência de cobrança de IPVA em relação a aeronaves e embarcações é tão absurda que foi tratada pela PEC n. 45/2019. Em sua forma atual, como aprovada pela Câmara dos Deputados, a Reforma Tributária contempla um dispositivo que determina expressamente a tributação dos referidos bens pelo IPVA. Entretanto, foram estabelecidas exceções à regra geral de tributação de todos os veículos automotores, independentemente do meio de deslocamento (terrestres, aquáticos e aéreos). Segundo a PEC n. 45/2019, não pagarão IPVA: a) aeronaves agrícolas e de operador certificado para prestar serviços aéreos a terceiros; b) embarcações de pessoa jurídica que detenha outorga para prestar serviços de transporte aquaviário ou de pessoa física ou jurídica que pratique pesca industrial, artesanal, científica ou de subsistência; c) plataformas suscetíveis de se locomoverem na água por meios próprios e d) tratores e máquinas agrícolas. A consagração dessas exonerações tributárias demonstra a força político-econômica de determinados segmentos da sociedade brasileira.

Importa destacar que o tratamento tributário privilegiado para os veículos automotores mencionados (aviões, helicópteros, lanchas e iates) não se baseia em uma norma constitucional que afasta a exigência de tributos. Foi o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar o Recurso Extraordinário n. 255.111/SP, que decidiu não estar no campo de incidência do IPVA as embarcações e aeronaves. Trata-se, como é fácil perceber, de uma das interpretações mais infelizes do Supremo. Afinal, é inegável que embarcações e aeronaves são veículos automotores (delimitação material da incidência tributária expressamente prevista na Constituição). Ademais, esses veículos automotores são justamente aqueles que denotam maior capacidade econômico-contributiva de seus proprietários.

Esse último dado mostra que a reforma da tributação brasileira, rumo à justiça fiscal, não está concentrada no plano constitucional. O cumprimento da exigência de progressividade para o imposto de renda requer a edição de lei ordinária. A tributação dos rendimentos das pessoas físicas provenientes de lucros ou dividendos também depende apenas de lei ordinária. A desoneração do patrimônio rural e o favorecimento do latifúndio improdutivo, no âmbito do ITR (imposto territorial rural), foram obras de lei ordinária e, por esse mesmo instrumento normativo, podem ser revertidos. Eliminar a isenção de imposto de renda na distribuição dos lucros e dividendos ao exterior é uma providência ao alcance do legislador ordinário. A superação do estranho “juros sobre o capital próprio”, sem paralelo em nenhum lugar do globo, depende apenas de uma lei ordinária. Eliminar o regime de tributação exclusivamente na fonte sobre rendimentos de capital, no âmbito do imposto de renda, pode ser efetivado por lei ordinária. A criação do imposto sobre grandes fortunas, decisão do constituinte originário, depende de lei complementar. A lista de distorções tributárias a serem corrigidas no plano da legislação ordinária e complementar vai longe.

Em tese, seria possível efetivar uma excelente reforma tributária, sob a ótica da justiça fiscal, somente no plano infraconstitucional. A maior parte dos benefícios fiscais indevidos é obra do legislador da instituição do tributo. São regimes especiais com pagamento a menor, isenções, reduções de alíquotas e bases de cálculo e toda sorte possível e imaginável de instrumentos redutores dos tributos devidos. Ademais, é patente que a tributação incide em maior extensão no consumo e pesa menos quando incide sobre a renda decorrente do capital e sobre a propriedade.

Assim, a tributação figura como um mecanismo, entre outros tantos, de concentração acentuada de riqueza e renda em segmentos historicamente minoritários e privilegiados da sociedade brasileira. A grande maioria dos brasileiros, representada por trabalhadores, aposentados, estudantes, consumidores de bens e serviços, micro e pequenos empresários e agricultores familiares, responde pela maior parte da carga tributária.

Essa última consideração precisa ser sublinhada para afastar o discurso fácil, e falso, de que mudanças no sistema tributário brasileiro não podem aumentar a carga tributária. Como não aumentar a incidência tributária em relação a segmentos sociais que pagam pouco ou quase nada de tributos, embora ostentem as maiores capacidades econômico-contributivas? Por outro lado, por que não reduzir significativamente a carga tributária suportada por setores da sociedade que praticamente sustentam a arrecadação e poderiam dinamizar a atividade econômica, carreando para o consumo e a poupança parte substancial dos recursos atualmente dirigidos aos cofres públicos?

A construção de uma sociedade democrática, justa, sustentável e solidária passa necessariamente pela formatação de um sistema tributário onde impere a justiça fiscal na forma da distribuição equânime da carga tributária segundo o critério da efetiva capacidade econômico-contributiva. O caminho até lá é longo, demorado e penoso, até porque a maioria dos prejudicados pela tributação regressiva em vigor insiste em escolher repre
sentantes (notadamente parlamentares) comprometidos com o status quo, num verdadeiro suicídio tributário.

quinta-feira, 27 de julho de 2023

DELAÇÃO —Caso Marielle e Anderson: leia o depoimento de Élcio Queiroz com o relato do dia do assassinato

Quinta, 27 de julho de 2023

Marielle Franco no plenário da Câmara dos Vereadores, em 2017, durante o exercício de seu mandato - Foto: Divulgação

Brasil de Fato teve acesso à delação do ex-PM que traz detalhes dos acontecimentos de 14 de março

Igor Carvalho
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 27 de Julho de 2023

ALERTA DE CONTEÚDO SENSÍVEL

"Ele já estava com o vidro aberto e eu só escutei a rajada; da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço... faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho... mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou 'vão bora'; eu nem vi se acertou quem, se não acertou."

O relato acima é de Élcio Vieira Queiroz, ex-policial militar, acusado de dirigir o carro que conduzia o assassino da vereadora Marielle Franco, Ronnie Lessa, no dia 14 de março de 2018, data da execução da parlamentar.

Em delação firmada com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, Élcio Queiroz admitiu sua participação no assassinato de Marielle, confirmou que Lessa foi o executor e entregou que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, integrava o grupo que planejou o atentado.

Suel foi preso na última terça-feira (24), em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, acusado de participar do assassinato de Marielle Franco. Ele já foi condenado, em 2021, por tentar interferir na investigação sobre o crime e cumpria prisão domiciliar.

A delação começou às 14h52, no dia 14 de junho deste ano, no Comando de Aviação Operacional (CAOP), que fica no hangar da Polícia Federal, dentro do aeroporto de Brasília. Até 17h27, Queiroz respondeu perguntas de delegados e promotores, e explicou seu envolvimento no atentado que matou Marielle.

De acordo com o ex-PM, sua participação começou exatamente no dia do assassinato, quando recebeu uma mensagem de Lessa pedindo que ele dirigisse o Cobalt prata que serviu de transporte para o atentado. Até então, explicou Queiroz, ele nunca havia escutado falar de Marielle Franco e nem sabia que existia um plano para matá-la.

Durante as quase três horas de depoimento, Queiroz narrou os detalhes do dia 14 de março, como a locomoção até a Casa das Pretas, onde a vereadora participaria de uma roda de conversa, a perseguição ao veículo que levava Marielle Franco e o momento dos disparos.

O Brasil de Fato teve acesso à delação de Queiroz e destacou os pontos que ajudam a compreender como os assassinos se movimentaram e executaram Marielle Franco.

A delação

Na abertura do depoimento, o delegado da PF Guilhermo Catramby pede que Élcio Queiroz fale sobre sua relação com Ronnie Lessa e que narre o encontro dos dois na festa que marcou a virada do ano de 2017 par 2018, dentro do condomínio Vivendas da Barra, onde já vivia o ex-presidente Jair Bolsonaro.

É neste evento que aparece, pela primeira vez, o nome de Suel e é quando os investigadores descobrem que Lessa já tinha tentado executar Marielle Franco:

ELCIO: O RONNIE é padrinho de consideração do meu filho Patrick; o Patrick gosta muito dele, ele faz as vontades do Patrick, então a nossa relação é nesse sentido, de família, eu sou amigo da família dele, ele é amigo da minha família.

No dia 31 (de dezembro de 2017), nós passamos nossa família junto com a dele, na casa dele na Barra da Tijuca, no Condomínio Vivendas; já tínhamos bebido bastante, aí em tom de desabafo ele comentou comigo que estava chateado, que ele estava num trabalho já algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher; estava com esse trabalho ele, o SUEL e o MACALÉ; estavam nessa época aí, já um tempo “campanando” esse alvo e teve uma oportunidade de chegar até esse alvo um dia, na área do Estácio, e na hora que foi pra acontecer o fato, o crime, no caso seria uma execução... o piloto (inaudível) do carro era o MAXWELL, o atirador na frente seria o RONNIE, o outro no banco de trás seria o EDMILSON MACALÉ. O RONNIE achou que houve um refugo, o carro deu um problema, pediu pra emparelhar, era um táxi; essa pessoa, essa mulher estaria num táxi e tinha uma oportunidade, só que na hora que ele mandou emparelhar, o carro deu um problema; e o RONNIE desabafou comigo, dizendo que não acreditava que teve problema, que foi medo, refugou; o MAXWELL que refugou no momento que queria, e a função dele era dirigir, do RONNIE seria o atirador; e do MAXWELL seria contenção do local em si, ele teria que descer do carro e sustentar ...MACALÉ.

Novamente indagado pelo delegado Catramby, Queiroz explica a origem da arma utilizada por Lessa no assassinato de Marielle Franco:

ELCIO: Sim, o que eu sei é o que foi passado por ele; essa arma ele adquiriu, segundo ele, tudo eu estou passando segundo ele me passou; de que houve um incêndio no Batalhão de Operações Especiais, no paiol, e essa arma foi extraviada; essa e outras armas foram extraviadas nesse incêndio aí, e essa arma ficou com uma pessoa que eu não sei quem é; essa pessoa conseguiu fazer a manutenção dela e vendeu pra ele; então ele tinha essa arma aí, conseguiu essa arma, por que ele já trabalhou no Batalhão de Operações Especiais, e o que acontece, essa arma já usou em serviço, pela numeração é de uma pessoa, mesmo policial que está acostumado a trabalhar sempre com a mesma arma; é costume, pessoa eu quero afinar o número 75 já sabe que aquela arma não vai dar problema; então tinha um carinho por aquela arma, que ele usava sempre quando estava em operação no Batalhão de Operações Especiais; e ele reformou ela todinha, deixou ela cem por cento.

Imagem de Élcio Queiroz, no dia em que prestou depoimento, no âmbito de seu acordo de delação premiada com a PF e o MP / Foto: Divulgação

Neste trecho, Queiroz começa a narrar todos os seus passos no dia da execução de Marielle Franco.

ELCIO: No dia 14 de março eu estava de serviço nas Casas Bahia em Santa Cruz da Serra, fazendo acompanhamento; não é nem escolta; acompanhamento, que era só uma pessoa com meu veículo particular, Renault Logan (inaudível); vinha de Santa Cruz da Serra com três caminhões; até depois o senhor tem todos os dados do motorista, localização, GPS e tudo, tem como confirmar; em suma eu vim descendo com os três caminhões; teria que fazer a área de Madureira e Rocha Miranda; acompanhei os caminhões até o Madureira Shopping, dois caminhões ficaram no Madureira Shopping, o outro foi fazendo porta a porta em Rocha Miranda, enquanto os dois ficaram estacionando lá dentro; a minha função era acompanhar porta a porta a entrega de eletrodomésticos; por volta do meio dia, pelo aplicativo “CONFIDE”, recebi mensagem do RONNIE LESSA perguntando onde eu estava, se estava em casa, enfim se eu estava de folga; por onde eu estava; eu falei que estava trabalhando, e ele perguntou que horas eu sairia; eu falei que estava com esse caminhão, mandei até a foto pelo aplicativo CONFIDE, pra mostrar que eu estava no viaduto de Rocha Miranda em frente o grêmio recreativo de Rocha Miranda; aí mandei pra ele pra realmente ver que eu estava ali, não estava em casa; tô aqui, tô trabalhando, e não sei que horas vou sair; aí ele falou se até umas dezessete horas... umas dezenove horas... eu estaria liberado; aí eu falei que tinha esse caminhão; tem um outro lá; aí acabou que os caminhões que eu teria que fazer acompanhamento de Madureira, do Shopping Madureira me dispensou; então acabou o serviço duas horas da tarde; aí eu perguntei: mas pra que é? Ele respondeu que era pra dirigir pra ele; aí eu falei, mas qual foi, pra que é? aí eu recebi uma imagem pelo aplicativo CONFIDE; quem conhece sabe que tem que deslocar o dedo, correr o dedo pela tela, então fica tipo uma tarja acompanhando a imagem; não dá pra ver a imagem total, ela vai conforme vai passando o dedo, ela vai correndo; aí depois automaticamente ela se destrói; como eu estava ali meio que parado, dirige não dirige, atento, eu só vi a imagem de várias mulheres reunidas; depois eu soube que era um evento da Casa das Pretas.

GENOCÍDIO —Durante governo Bolsonaro, mais de 3,5 mil crianças indígenas de até 4 anos morreram no Brasil

Quinta, 27 de julho de 2023

Força Aérea Brasileira (FAB) resgata jovem Yanomami com quadro de desnutrição e malária - Divulgação Júnior Hekurari Yanomami

Dados foram apresentados pelo Cimi nesta quarta; Relatório mostra que, em 2022, 180 indígenas foram assassinados no país

Pedro Stropasolas
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | | 26 de Julho de 2023

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) registrou um total de 3.552 óbitos de crianças indígenas com idade entre 0 e 4 anos. A informação consta no Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, lançado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) nesta quarta-feira (26), em Brasília (DF), com dados de 2022.

Os registros fornecidos pela secretaria por meio da Lei de Acesso à Informação revelam a ocorrência de 835 mortes de crianças indígenas desta faixa etária no ano passado.

"As crianças são as maiores vítimas deste cenário de violência", sintetizou a professora Lucia Helena Rangel, uma das coordenadoras da publicação.

O relatório

O relatório traz um panorama de quatro anos de paralisação total das demarcações de terras indígenas, aumento dos conflitos, invasões nos territórios e desmonte das políticas públicas voltadas aos povos indígenas e dos órgãos responsáveis por fiscalizar e proteger seus territórios.

"Estamos diante de um cenário de horrores. São horrores cometidos contra pessoas, natureza, espíritos, contra todos os povos", pontuou Lucia Helena Rangel.

O cenário desolador ficou evidenciado em casos como as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, brutalmente assassinados em junho na região da Terra Indígena (TI) Vale do Javari (AM), e pela crise sanitária e ambiental sem precedentes no território Yanomami, gerada pela expansão do garimpo ilegal.

O levantamento do Cimi, organizado em três capítulos, reúne dados sobre violações contra os direitos territoriais indígenas, como conflitos, invasões e danos aos territórios; violências contra a pessoa, como assassinatos e ameaças; e violações por omissão do poder público, como desassistência nas áreas da saúde e da educação, mortalidade na infância e suicídios.

MOBILIDADE URBANA — Prefeito de Porto Alegre anuncia privatização da Carris, estatizada por Brizola em 1953

Quinta, 27 de julho de 2023

A prefeitura informou que as linhas serão entregues por um período de 20 anos - Foto: Leonardo Contursi

Estatizada nos anos 1950, empresa voltará ao controle da iniciativa privada

Redação
Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) | 27 de Julho de 2023

A mais antiga empresa de ônibus em operação no Brasil será entregue à iniciativa privada. Fundada no século 19, ainda no Brasil Império, pelo imperador Dom Pedro II, a Companhia Carris Portoalegrense, da capital gaúcha, será concedida pelo prefeito Sebastião Melo (MDB). Por duas vezes, em 1999 e 2001, a Carris foi considerada pela Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP) como a melhor empresa de ônibus urbano do país.

Foi o que anunciou a prefeitura nesta terça-feira (26), ao informar que as linhas operadas pela Carris serão entregues por um período de 20 anos. Hoje, a empresa atende 22% do transporte coletivo de Porto Alegre. É uma sociedade de economia mista cujo controle acionário é da prefeitura.


A decisão visa “potencializar o equilíbrio nos custos com o transporte coletivo para o município”, segundo a prefeitura. O decreto anunciando a desestatização foi publicado na terça-feira (25). Quem obtiver a concessão ficará, além da frota, com o imóvel hoje ocupado pela Carris.

Em 1953, a Carris, então uma empresa privada estrangeira, controlada pela norte-americana Eletric Bond & Share, foi estatizada pelo governo Leonel Brizola. Com a estatização, a empresa passou a atender os trajetos que a iniciativa privada não tinha interesse em assumir.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Homem é condenado por crime de injúria praticado contra a esposa

Quarta, 26 de julho de 2023
         
                                                     Imagem ilustrativa
Do TJDF

A 3ª Turma Criminal do TJDFT manteve, em parte, decisão que condenou um homem pelo crime de injúria contra sua esposa, em razão de xingamentos, com palavras de baixo calão na presença da filha mais nova do casal. A Turma manteve a pena restritiva de direitos imposta ao réu, porém reduziu o valor da reparação por danos morais para R$ 1.500, 00.

De acordo com o processo, o homem recorreu da sentença para pleitear absolvição, por entender que não há provas suficientes para a condenação, ou que seja concedido o perdão judicial. Em sua defesa, alegou ter sido injustamente provocado pela vítima em discussão anterior.

Ao julgar o recurso, a Turma destacou que, no caso, a materialidade e autoria delitivas estão devidamente comprovadas pelas gravações ambientais feitas pela esposa; pelo registro de Ocorrência Policial; pelos termos de declarações extrajudiciais; pela ata notarial de constatação de conteúdo de vídeo; bem como pela prova oral produzida sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.

FARSAS E FALÁCIAS DAS FINANÇAS APÁTRIDAS E AS SOLUÇÕES NA ERA VARGAS

Quarta, 26 de julho de 2023

Cabe a todos nós, brasileiros, verdadeiramente patriotas, lutar pela reconstrução do Estado Nacional, pela reestatização das ações do Estado entregues por valores ínfimos à sanha privatista do Consenso de Washington, colocar a educação, a saúde e o trabalho como elementos indispensáveis à soberania nacional, devendo ser função do Estado sua execução, manutenção e proteção.


Pedro Augusto Pinho*

Qual o povo mais enganado? Certamente aquele pior informado; que ao invés de conhecer a realidade, se nutre de fantasias, de pregações ideológicas. O brasileiro é um povo bem informado, que conhece a realidade do seu país, que tem conhecimento das origens de seus males, que são muitos? Lamentavelmente, não.


Entre notáveis brasileiros, um foi Alberto Tôrres (1865-1917). Fluminense de Itaboraí, governador (Presidente da Província) do Rio de Janeiro, de 1897 a 1900, fez de sua trajetória política mais um dedicado magistério sobre o Brasil e a política nacional e fluminense do que de cata de votos. Deixou-nos numerosos escritos, como este, no jornal “O Povo”, em 1899, onde enumera os que vivem à farta no Brasil: “a família Imperial, a corporação extravagante dos políticos, dos banqueiros, os validos palacianos e os caudilhos eleitorais” (Barbosa Lima Sobrinho, “Presença de Alberto Tôrres”, Civilização Brasileira, RJ, 1968).


Seria uma característica brasileira? Claro que não.


Na década de 1970, as finanças, para combater o petróleo como fonte primária de energia, criaram as “crises do petróleo”, imputando-as aos produtores árabes, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). E como a marcar a diferença entre as culturas do Oriente Médio e as europeias, estas finanças divulgaram o príncipe sueco ou norueguês pedalando sua bicicleta pela cidade, numa demonstração que o petróleo não era insubstituível. Mas não teve o mesmo empenho em demonstrar quanto do orçamento do país era destinado a manter a confortável vida, em férias permanentes, da nobreza da Nação.


Quase 70 anos antes, Alberto Tôrres mostrava, e os brasileiros concordariam, que era absolutamente despropositado despender qualquer percentagem do orçamento nacional para manter uma família e seus bajuladores, acólitos, serviçais. E também alertava sobre a classe dos banqueiros e daqueles que tinham na política a profissão, não a missão de defender o povo.


Getúlio Vargas assume, em 03 de novembro de 1930, a Presidência do Governo Provisório da Revolução Vitoriosa em 24 de outubro de 1930. Promulgada a Constituição, em 16 de julho de 1934, Getúlio é eleito, em 17 de julho, Presidente Constitucional do Brasil, vencendo seu opositor, Antônio Augusto Borges de Medeiros, por 175 a 59 votos.


A Constituição Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, mesmo dia em que implanta o período do Estado Novo, buscou defender o Brasil de ameaças ideológicas estrangeiras que varriam o mundo e, em especial, a Europa naquele momento. Lembrar que, em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pelo exército alemão, tem início a II Grande Guerra, que cerceou a liberdade ampla em todos os países.


Vargas havia criado, para transmissão pelas rádios, o “Programa Nacional”, que foi ao ar, pela primeira vez, no dia 22 de julho de 1935, na voz do locutor carioca Luís Jatobá. Em 1938, passou a ter transmissão obrigatória, com horário fixo das 19 às 20h, mudando sua denominação para “A Hora do Brasil”. Em 1962, entrando em vigor o Código Brasileiro de Telecomunicações, o programa passa a ser denominado “A Voz do Brasil”.


OBJETIVOS ATUAIS DAS FINANÇAS APÁTRIDAS


Desde a Revolução de 1930, com melhores e outros não tão bons momentos, o Brasil cresceu, criou sua indústria nacional, desenvolveu tecnologias adequadas às condições brasileiras, gerou emprego e renda para grande parte dos cidadãos, e escolas para maior compreensão da nossa realidade e capacitação para o trabalho. Durou meio século este desenvolvimento.


Na década de 1980, as finanças apátridas obtêm duas grandes vitórias que reverteram a situação de progresso político, social e econômico que o mundo, em geral, conhecia: as desregulações financeiras, iniciadas nas duas maiores praças: Londres e Nova Iorque, e a edição do decálogo orientador dos governos de todos países, denominado “Consenso de Washington” (1989).


Os malefícios do poder das finanças no mundo estão exigindo a pena de um Alberto Tôrres para os enumerar. Sem esta pretensão, nos restringirmos a três males: as falácias das comunicações de massa, a invasão da corrupção em todos os níveis da sociedade humana e o desmonte dos Estados Nacionais.


AS MÍDIAS


Jornais, televisão, telefone, computador, celular e internet são os principais meios de comunicação da contemporaneidade. Até 1980, as propriedades das mídias eram diversificadas. Ainda que de ampla maioria conservadora, existia certo tipo de disputa, de concorrência que obrigava à diversidade de tratamento e mesmo do foco sobre determinados setores da vida nacional e daqueles sobre os estrangeiros.


Jornais, revistas e canais de rádio mais voltados para a política e para o funcionamento dos órgãos públicos, outros para os esportes e notícias de atividades criminosas, outros, ainda, para divulgação e análise de acontecimentos culturais. A televisão ainda tinha um conteúdo maior de entretenimento, que invadia até os noticiários.


Pode-se afirmar que, no geral, as mídias se apresentavam como intermediárias entre a geração dos fatos, nem sempre acessíveis aos seus interessados, e este público que recebia as informações. Esta ação vicária era e continua sendo usada para a doutrinação, atualmente para formação do “pensamento único”, da “globalização”, do “mercado” no lugar do Estado.


Foram as finanças que melhor entenderam a importância da teoria matemática da informação, da cibernética e a levaram para a comunicação de massa e seu domínio.


O caso Dreyfus, em dezembro de 1894, marcaria a imprensa escrita europeia (o jornalista Bernard Lazare, em novembro de 1896, publicou, na Bélgica, o inflamado “Um erro judiciário: a verdade sobre o Caso Dreyfus”). Em janeiro de 1898, o jornal parisiense “L’Aurore”, dirigido por Georges Clemenceau — futuro primeiro-ministro na época da I Grande Guerra — estampou na primeira página a carta-aberta ao presidente Félix Faure intitulada “J’ccuse”, do renomado escritor Émile Zola.  Divisão na reação popular e condenação ao processo judicial no “Affaire Dreyfus”.


O rádio se torna o mais importante veículo com o uso que dele faz o presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt, entre 1933 e 1944, ao iniciar suas famosas "conversas ao pé da lareira", explicando o mundo conturbado da II Grande Guerra, imprimindo, pela voz, intimidade, segurança, e até proximidade, no tom de conversa. Permitia, também, que a complexidade das “razões de Estado”, sofressem simplificação e superficialidade com que os temas políticos passariam a ser tratados nos Estados Unidos da América (EUA), exemplo para o mundo.


O cinema será a mídia do III Reich. Para o que Adolf Hitler contou com Helene Bertha Amalie "Leni" Riefenstahl (1902-2003), representante dos ideais da estética nazista, nascida e falecida na Alemanha. A própria passividade da população alemã diante das atrocidades da guerra, para não falar na colaboração, somada ao elevado índice de assistência dos filmes, por quase uma década (1935 a 1945), indicam que o cinema teve papel fundamental na visão popular sobre a política de então.


A televisão traz a ideia do espetáculo, ainda que confirme a constatação do canadense Marshall McLuhan (1911-1980) de que o novo meio incorpora funções do meio anterior: a diversão no cinema e na televisão seriam os exemplos.


Tudo, no entanto, se transforma quando as mídias passam para o controle das empresas gestores de ativos e, coerentemente ao modelo financeiro, em processo de permanente absorção das mais fracas pelas mais poderosas. Hoje, não mais do que algumas dezenas de “gestoras” controlam praticamente todas as mídias.


Buscando os controles acionários das televisões, das produtoras cinematográficas, das rádios, jornais, revistas e, principalmente, das mídias digitais, eletrônicas, o caro leitor encontrará sempre: BlackRock, Vanguard Group, Fidelity Investments, State Street Global, J.P. Morgan Chase, Allianz Group, Capital Group, Goldman Sachs, BNY Mellon, Amundi, UBS, Legal & General Group, Prudential Financial, T. Rowe Price Group, Invesco, Northern Trust, Franklin Templeton e/ou BNP Paribas.


Dominando as comunicações, as finanças influenciam quase a totalidade das informações que a população tem acesso, suas razões e seus entendimentos, o povo passa da categoria de cidadão para de crente, ele segue o pensamento e a conduta definidos como corretos pela mídia. Constituirá, certamente, um povo enganado.


A CORRUPÇÃO


Robert Skidelsky comparando o que economistas designam “Era de Ouro do capitalismo” europeu e estadunidense (1950 a 1970), com o período por ele denominado “Consenso de Washington” (1980 a 2009), aponta o crescimento médio global da economia de 4,8% para o primeiro período e 3,2% para o segundo.


E com as seguintes taxas de desemprego, nos mesmos períodos: para os EUA, 4,8% e 6,1%; para o Reino Unido, 1,6% e 7,4%; para França, 1,2% e 9,5%; e para Alemanha, 3,1% e 7,5% (R. Skidelsky, “Keynes: The Return of the Master”, Allen Lane, UK, 2009).


Neste livro, Skidelsky afirma ser o centro do pensamento e da práxis atuais a liberdade negativa — a ideia de que a sociedade e aqueles que a governam não devem fazer qualquer julgamento sobre o que é desejável para as pessoas, mas apenas deixar os indivíduos tão livres quanto possível para perseguir seus objetivos, sejam eles quais forem.


Com relação à economia, a visão “mainstream” vê o capitalismo como um fim em si mesmo, a expressão da vontade da população retransmitida “via mercado”. Isso contrasta com a visão de Keynes de que o capitalismo é um meio e não um fim, e deve permitir que as populações tenham lazer, busquem a "boa vida", principalmente vivendo de forma ética e apreciando os prazeres que se encontram nas relações humanas.


Robert Jacob Alexander (1939), não é comunista ou socialista, mas um oxfordiano e, desde 1992, membro do Partido Conservador inglês. Historiador econômico, autor de numerosos trabalhos, principalmente analisando o legado de Lord Keynes, tem conhecimento e responsabilidade para colocar o “Consenso de Washington” como corruptor da sociedade.


E começa por fazer do voto comprado, da ignorância dos fatos pelas mídias que são propriedades financeiras, e o eleitor nem sabe em quem nem para o que está votando, a “democracia”.


A Lei nº 14.185, de 14 de julho de 2021, é um exemplo da corrupção. Ela tem origem no Projeto de Lei (PL 3877, de 10/11/2020), do senador Rogério Carvalho - PT/SE. Tramita em regime de urgência. Na Câmara dos Deputados recebe parecer favorável da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). Votada em turno único.


Qual assunto é tão importante e de tamanha urgência que vai do projeto de lei à sanção presidencial em oito meses, passando pelas duas casas do Congresso?


Esta lei autoriza os bancos a transferirem, no fim de cada expediente, os saldos existentes em todas as contas, de todas agências, de todos os clientes, para aplicação no Banco Central. E receber os valores transferidos, com os juros da aplicação, na manhã do próximo dia de funcionamento dos bancos.


Traduzindo, esta lei transfere recursos públicos para o enriquecimento dos bancos, ou seja, do sistema financeiro, e ainda, como bônus especial, aumenta o valor da Dívida do Governo, que justificará a manutenção de taxas de juros em altos patamares.


“Art. 1º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a acolher depósitos voluntários à vista ou a prazo das instituições financeiras.


Parágrafo único. A remuneração dos depósitos referidos no caput deste artigo será estabelecida pelo Banco Central do Brasil”.


Porém a corrupção, pelas mídias, parece ser aplicável somente a pessoas físicas, nunca em instituições, e cujas atividades políticas, empresariais ou midiáticas causam empecilho aos assaltos ao Tesouro Nacional, como o da lei mencionada.


O Brasil perde, promovendo legalidade à maior transferência indevida de recursos públicos, diante da qual, o maior desfalque de um político ou funcionário público, é verdadeiramente insignificante, confrontado com um “depósito voluntário”.


O FIM DO ESTADO NACIONAL


Tudo que até aqui escrevemos é, sem dúvida, muito sério e merece toda atenção dos brasileiros. Mas o que reservamos para o final é vital. Trata da nossa própria existência como cidadãos brasileiros. Na breve síntese do livro de Robert Skidelsky, nosso caro leitor pode observar a citação do “mercado”, como a referência para a vida das pessoas.


Mas quem é o “mercado”, senão o ápice da concentração de renda, o maior exemplo de tirania, que lhe obriga a comprar o que não lhe interessa e a desdenhar o que verdadeiramente lhe importa? E, mais grave, é quem promove a destruição do Estado, iniciando pela sua ação fiscalizadora, pelos órgãos que deveriam obrigar a sujeição de todos à lei, democraticamente.


O decálogo “Consenso de Washington” objetiva, explicitamente, diminuir a regulação e o controle da economia, adotar o livre mercado, reduzir o tamanho do Estado e aumentar a abertura econômico-financeira para o exterior.  Resumindo, entregar a vida das pessoas, em todo mundo, aos capitais sediados nos paraísos fiscais, que decuplicaram entre 1980 e 2000.


Três exigências do Consenso de Washington:


a) Política de Privatizações: reduzir ao máximo a participação do Estado na economia, no sentido de transferir, a todo custo, as empresas estatais para a iniciativa privada.


b) Redução fiscal do Estado: reduzir os gastos do Estado através do corte em massa de funcionários, terceirizando o maior número possível de serviços, e diminuição das leis trabalhistas e do valor real dos salários, a fim de cortar gastos por parte do governo e garantir arrecadação suficiente para o pagamento da dívida pública.


c) Reforma fiscal: promover profundas alterações no sistema tributário, no sentido de diminuir os tributos para as grandes empresas, fazendo com que elas aumentem seus lucros e grau de competitividade.


Em outras palavras, reverter inteiramente o projeto da Era Vargas, que é da valorização do trabalho, dar igualdade de tratamento ao salário e ao lucro, promovendo a justiça social e o amplo desenvolvimento da sociedade. E a função do Estado, neste particular, será a de garantir democraticamente a igualdade nas negociações. E, igualmente, de dar soberania ao povo e ao Estado, mediante a educação e o controle nacional das tecnologias e da economia.


Sem Estado, substituído pelo “mercado”, a população se encontra na situação de um exército que vai para guerra sem armas e sem munições.


CONCLUSÃO


Cabe a todos nós, brasileiros, verdadeiramente patriotas, lutar pela reconstrução do Estado Nacional, pela reestatização das ações do Estado entregues por valores ínfimos à sanha privatista do Consenso de Washington, colocar a educação, a saúde e o trabalho como elementos indispensáveis à soberania nacional, devendo ser função do Estado sua execução, manutenção e proteção.


Restringir às finanças a subsidiária das ações produtivas e comerciais, devendo ser avaliadas como custo, e assim controladas pelos órgãos fiscalizadores do Estado.


É óbvio, mas deve ser sempre repetido, que o nacional deve ter precedência sobre todo importado. Não existe concorrência sadia entre eles, pois os países estrangeiros, principalmente os mais ricos, chegaram a esta situação pelo esbulho das demais Nações.


*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, atual presidente da AEPET — Associação dos Engenheiros da Petrobrás.