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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 13 de maio de 2025

Pessoas pretas receberam 80% menos do que brancas no DF em 2024, aponta IBGE

Terça, 13 de maio de 2025

Embora tenha maior rendimento per capita do Brasil, DF lidera ranking de desigualdade de renda


Brasil de Fato — Brasília (DF)
13.maio.2025

Apesar de ter a maior renda média mensal do país, o Distrito Federal também lidera o ranking da desigualdade social no Brasil. O abismo é ainda mais profundo quando se analisa os recortes de gênero e raça: mulheres ganham 31,1% a menos do que homens, e pretos recebem 80,7% a menos do que brancos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C): Rendimento de Todas as Fontes (2024), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (8).

A pesquisa mostra que em 2024 o DF registrou o maior Índice de Gini — indicador que mede o nível de desigualdade de renda numa escala de 0 a 1 — do país: 0,547, enquanto o nacional foi de 0,506. Em seguida, vem os estados de Pernambuco (0,532) e Roraima (0,530). “Enquanto no Brasil a desigualdade diminuiu, segundo os dados do IBGE, aqui no Distrito Federal ela aumentou. Realmente somos a capital da desigualdade”, comentou o deputado distrital Fábio Felix (Psol-DF).

Historicamente, o DF mantém o posto de maior rendimento domiciliar per capita, calculado dividindo a soma da renda de todas as pessoas de um domicílio pelo número de moradores. Em 2024, segundo o IBGE, essa média foi de R$3.276 no DF. São Paulo, com R$ 2.588, e Santa Catarina, com R$ 2.544, estiveram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. A média nacional foi de R$ 2.020, maior valor da série histórica e com alta de 4,7% ante 2023.

O DF se afasta do topo quando se trata da parcela da população mais pobre. No ranking da média dos ganhos dos 40% da população com menor renda, o DF aparece em 6º lugar. com R$ 779. Nesse caso, quem lidera são os estados de Santa Catarina, com R$ 997 mensais por pessoa do domicílio, seguido do Rio Grande do Sul, com R$ 892. A média nacional para o rendimento domiciliar dos 40% mais pobres ficou em R$ 601 mensais por pessoa em 2024.

Gênero e raça

A pesquisa do IBGE também traz dados sobre o rendimento de todas as fontes, que é a soma de todos os tipos de renda que uma pessoa recebe individualmente. Para esse índice, a média da população do DF em 2024 foi de R$5.043.

Quando se observa mais de perto, porém, os números revelam abismos: homens ganham, em média, R$ 5.632, enquanto as mulheres recebem R$ 4.295 — uma diferença de 31,1%. A desigualdade se aprofunda ainda mais quando o critério é raça. Pessoas brancas têm rendimento médio de R$ 6.975, já os pardos recebem R$ 3.893 e os pretos, R$ 3.859 — ou seja, uma diferença de 80,7% entre brancos e pretos.

“Nós não podemos entender esses dados só como um ranking distante da realidade. Se a gente olha para o lado aqui no Distrito Federal, nós temos o Sol Nascente e o Lago Sul numa distância tão pequena. Temos o Lúcio Costa com pessoas morando num espaço regularizado, e no Setor de Inflamáveis [SIA], as pessoas sendo despejadas de forma truculenta, violenta. É preciso fazer alguma coisa para enfrentar a desigualdade nessa cidade”, avaliou Fábio Felix.