Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 25 de setembro de 2021

Macunaíma em Nova York: Bolsonaro e comitiva a assembleia geral da ONU reencenam livro e filme em NY

Sábado, 25 de setembro de 2021

Bolsonaro e comitiva na rua em Nova York.


Do Blog Bahia em Pauta
ARTIGO DA SEMANA
Vitor Hugo Soares

Macunaíma em NY: Mico na ONU e Covid de Queiroga

Ao rever cenas protagonizadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, à frente de sua comitiva, em Nova York, às vésperas da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, onde o chefe de estado brasileiro, por praxe, fez o discurso de abertura, esta semana, restou inevitável a comparação com a cena inicial de “Macunaíma”, aclamado filme de Joaquim Pedro de Andrade, com Grande Otelo no primoroso papel do “herói sem caráter”, baseado na obra prima homônima do escritor Mário de Andrade: o dono de um caminhão pau-de-arara estaciona na periferia de uma metrópole, cobra o dinheiro da passagem de cada um dos párias, viajantes ilegais, e ordena: “Sumam todos, rápido. Agora é cada um por si, e Deus contra”.

De pronto vêm imagens do atual dono do mando e sua comitiva – impedidos de entrar nos restaurantes, por falta de comprovante de vacinas contra Covid 19 – repartindo e comendo pedaços de pizza, com as mãos, no meio da rua, na mais cosmopolita capital do planeta. E do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tal qual um boneco de teatro mamulengo, com o dedo médio em riste – (cotoco, no dizer do senador amazonense, Omar Aziz, na CPI da Covid) – em gesto obsceno e grotesco dirigido aos manifestantes que vaiavam a comitiva.