© Foto / André Motta de Souza/Agência Petrobras
Fonte: SPUTNIK Brasil
17.01.2023
O geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de exploração e produção da Petrobras e um dos responsáveis pelo descobrimento dos poços de petróleo do pré-sal, solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) o bloqueio do pagamento de R$ 21,99 bilhões em dividendos pela empresa a acionistas.
Conforme noticiou o jornal O Globo, o pedido foi inicialmente negado pelo ministro Augusto Nardes, que pediu informações à companhia e posteriormente se afastou do tribunal. Agora Estrella cobra que o presidente do TCU, Bruno Dantas, tome uma medida.
Segundo o geólogo, a distribuição de dividendos feita pela Petrobras é "totalmente atípica e desproporcionalmente maior que as distribuições de dividendos feitas por todas as grandes petroleiras do mundo, sejam elas estatais ou estritamente privadas".
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"Esta distribuição de dividendos não atende ao melhor interesse da empresa (mesmo que se tratasse de empresa totalmente privada) e menos ainda ao fim público que inspirou sua criação. Trata-se de um verdadeiro abuso de poder de controle que, nesse caso, por agradar também aos acionistas privados, acabou sendo perpetrado sem qualquer questionamento."
Em live realizada em maio de 2022, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da Petrobras, defendeu que a empresa pague menos dividendos. O parlamentar quer que a empresa invista recursos antes de repassar diretamente aos acionistas.
Felipe Campos Cauby Coutinho, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), disse em entrevista à Sputnik Brasil em novembro que "as distribuições de dividendos promovidas pela direção da Petrobras em 2021 e 2022 são insustentáveis".
O engenheiro apontou que elas foram possíveis graças à "redução dos investimentos; níveis insuficientes para manter reservas e a produção de petróleo; e vendas de ativos rentáveis e estratégicos, além dos preços do petróleo conjunturalmente altos".
Em 2022, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a distribuição de dividendos de R$ 43,7 bilhões a acionistas, pagos em duas parcelas: uma em dezembro e a outra neste mês.