Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 21 de março de 2023

SEM MOBILIDADE —Gama: Comunidade rural reclama de descaso do GDF

Terça, 21 de março de 2023

Queda de ponte no Gama dificulta locomoção das pessoas desde dezembro do ano passado - Arquivo pessoal/ montagem BdF DF

Ponte caída há mais de 3 meses prejudica moradores

Thamy Frisselli*
Brasil de Fato | Brasília (DF) 20 de Março de 2023

Desde o dia 31 de dezembro de 2022, uma ponte caiu em Ponte Alta do Gama, localizada no km 33 da DF 180, zona rural da região administrativa do Gama. Sem a ponte, dezenas de moradores estão sem locomoção para atividades básicas.

De acordo com moradores da região, as autoridades já foram avisadas. A população aponta que não consegue trafegar com carros, as crianças estão perdendo aula, idosos estão doentes sem assistência médica, trabalhadores correndo o risco de perder o emprego e os agricultores rurais sem produzir, por não passar trator, nem insumos.

Para a acupunturista Waléria Silva, que mora na área afetada, essa situação retrata o desinteresse do Governo do Distrito Federal com a população rural da Ponte Alta Sul do Gama. "Os políticos só aparecem na época da eleição com promessas como as do atual governador, que começou a obra da estrada DF 180 na chuva", observa.

Ainda de acordo com os moradores, foram realizados reparos provisórios para passagem de pedestres, mas sem retorno para a solução efetiva do problema. "A estrada provisória que fizeram pelo morro, ficou muito perigosa, pois em alguns trechos têm abismos dos dois lados da estrada com quase 30 metros de altura", denunciam.

A corretora de imóveis, Luygella França de Brito, que mora na região desde 2001, fala sobre a falta de manutenção na ponte. "Esta ponte nunca teve manutenção, com o passar dos anos nunca tivemos retorno e enquanto isso a Ponte foi sofrendo o desgaste natural das fortes chuvas. Nossa vida retrocedeu de tal forma que me lembrei dos tempos que não tínhamos carro lá em casa e andávamos todos a pé no sol e na chuva na poeira e na lama. Literalmente a lama e a chuva atual, estão causando o impedimento com do nosso direito de ir e vir. Como pais, não podemos nem mandar nossas crianças para escola no dia de muita lama, porque fica impossível passar, carro somente pela estrada alternativa pelo morro da Capela São Francisco, que demora mais de 1 hora em um trajeto que não levava 5 minutos até a pista. Estamos isolados como trabalhadores rurais, precisamos muitas vezes de trator para arar nossas terras e produzir, viver do que plantamos", destaca.

Ainda de acordo com Luygella cerca de 12 famílias estão prejudicadas diretamente.

No dia 17 de março, a administradora regional do Gama, Joseane Feitosa, realizou reunião com moradores da Ponte Alta Sul, para tratar a respeito de ações para a recuperação de ponte interditada. "A ponte continua interditada para carros. Já realizamos com o DER, Novacap, Secretaria de Governo e Seagri um estudo e agora vem um engenheiro técnico para realizar um projeto para que dê uma alternativa para que seja reformada essa ponte ou construída uma nova ponte", afirmou a administradora em vídeo nas redes sociais, mas sem apontar previsão.

Waleria Mendonça Martins, mãe de dois filhos pequenos, enfrenta a dificuldade de levar as crianças na escola e do trabalho do marido que além de agricultor é músico. "Depois de três meses a administradora veio dar uma satisfação, mas não significa que vamos para de ir atrás dos nossos direitos. Compras de supermercado e até de ração para os animais são feitas e passam pela ponte. Imagina o gasto que vamos ter ao ter que subir o morro cheio de barranco e ir para o Casa Grande para ir pro Gama? Ninguém da conta de combustível".

O Brasil de Fato entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Administração do Gama para saber sobre as ações previstas para atender a demanda da população. Até o fechamento da matéria, ainda não havia resposta. Assim que ela vier, a matéria será atualizada.


Edição: Flávia Quirino