A posição do banco Bradesco não deixa dúvidas quanto ao acerto das ponderações de Coutinho. “É importante determinar como este desembolso será repartido ao longo dos próximos cinco anos, uma vez que o mercado tende a prestar mais atenção aos pagamentos de dividendos de curto prazo”, avaliou a equipe do Bradesco BBI.
No artigo “Direção da Petrobrás segue míope, investe pouco e paga muito dividendo, revelam os resultados do 3T23”, Coutinho demonstra que a relação entre o pagamento de dividendos e o investimento líquido até o terceiro trimestre de 2023 foi 25 vezes mais alta se comparada com a média de 2005 a 2020.
“Em 2021 e 2022 a razão média entre os dividendos pagos e o investimento líquido foi de 804%, no resultado consolidado até o 3º trimestre de 2023 foi de 310,70%, enquanto entre 2005 e 2020 foi de 12,7%, em termos médios”, contabiliza o vice-presidente da AEPET, ponderando que, “se lucros e dividendos distribuídos hoje, são resultados dos investimentos realizados no passado, é evidente que elevar a distribuição dos dividendos, em detrimento dos investimentos, comprometerá o resultado futuro.”
A Petrobrás admitiu que o novo plano estratégico (2024-2028) deve manter o investimento do plano atual (2023-2027), 30% menor que a média histórica desde 1965, e 71% menor se comparado com o investimento médio anual, entre 2009 e 2014, de US$ 53 bilhões em valores atualizados.
Coutinho mostra ainda que tal política é temerária mesmo na comparação com as empresas privadas, já que o investimento da Petrobrás no 3º trimestre de 2023 ficou em apenas 38% em relação à média das demais, enquanto a relação entre os dividendos pagos e os investimentos líquidos foram 5.6 vezes superiores à média das concorrentes.
Rogerio Lessa