Segunda, 23 de janeiro de 2017
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna
Por Chico Sant’Anna
17 de janeiro marca o fim do Lixão da Estrutural, considerado o maior da América do Sul. A Estrutural não mais receberá resíduos sólidos e toda a coleta do Distrito Federal será destinada ao aterro sanitário de Samambaia. O fechamento do lixão é comemorado por ambientalistas, mas preocupa lideranças comunitárias da Estrutural. A interrupção dos descarregamentos pode representar mais que o fim do lixão, pode ser também a falência da cidade.
O lixão nasceu há quase 50 anos. Deu guarida a uma pequena vila de catadores, que na década de 80 enfrentou a Polícia Militar do governo Cristovam e, depois, com Roriz, conseguiu a fixação. Hoje, com uma população de 40 mil pessoas, a Estrutural detém os mais baixos indicadores socioeconômicos do DF. Vive essencialmente da sucata. Segundo a Pesquisa da Codeplan, a renda familiar é a mais baixa da Capital: em 2015 era de R$ 2.004,00, equivalentes, a época, a 2,54 salários mínimos: um ganho per capita pouco superior a meio salário mínimo (0,66 SM). O desemprego, em 2015, era de 9,6% e dos que trabalhavam, apenas 52% tinham carteira assinada e benefícios previdenciários.
Lixo que sustenta
Com a interrupção do fornecimento da principal matéria prima, todo esse quadro socioeconômico tende a se agravar. Não apenas para os 2700 catadores e centenas de carroceiros, que garimpam as riquezas jogadas fora pelo brasiliense e fazem o transporte miúdo. Estudos da Associação Comercial da Estrutural indicam que a renda que circula na cidade, em seu comércio, é essencialmente proveniente da sucata. Não por menos, a Estrutural abriga hoje a segunda maior empresa brasileira de reciclagem. Na cidade, tudo que é rejeitado por outros moradores vira dinheiro: garrafas pet, latinhas de alumínio, sucatas metálicas. Já existiam até projetos de se criar ali o maior centro de captação de vidro do Centro-Oeste.
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