Terça, 15 de julho de 2025
A entrada de Trump na campanha eleitoral
“Palavras, palavras, palavras”
– Shakespeare, Hamlet
Pedro Amaral
Numa cena memorável de “Wall Street – Poder e Glória” (1987), de Oliver Stone, o especulador inescrupuloso Gordon Gekko, interpretado por Michael Douglas, explica a seu pupilo bestificado as regras do jogo em que sempre vence: “O 1% mais rico possui metade da riqueza do país, cinco trilhões de dólares. Noventa por cento dos americanos lá fora possuem pouco ou nenhum patrimônio líquido. [...] Eu não crio nada. Eu sou o proprietário. Nós é que fazemos os regulamentos; nós tiramos o coelho da cartola enquanto todo o mundo se pergunta como é que a gente consegue. Mas você não é inocente a ponto de achar que vivemos numa democracia, né, Buddy? É o livre mercado. E você faz parte dele.”
Quando o filme – uma crítica de Stone, filho de um corretor da bolsa de valores, a esse universo amoral e parasitário – foi lançado, Donald John Trump contava 41 anos de idade e comandava o império imobiliário de sua família, com foco em projetos extravagantes de arranha-céus, hotéis e cassinos (aproveitando o crescimento de uma bolha que não tardaria a estourar), e aperfeiçoava o dom de usar a seu favor as facilidades de um sistema financeiro e uma ordem jurídica moldados para beneficiar o homem branco endinheirado. Embevecidos, os meios de comunicação exaltavam o seu “toque de Midas”.
Havendo iniciado sua trajetória na década anterior, Trump estava habituado aos usos e costumes da máfia nova-iorquina, especialmente os capi do setor de construção, como Paul Castellano (chefe da família Gambino) e Anthony “Fat Tony” Salerno (capo do clã Genovese). Além disso, o estrambótico businessmanalardeava seu flerte com a carreira política por meio de entrevistas e anúncios pagos na imprensa, e lançava, com êxito, The Art of the Deal, o primeiro dos livros que assinou, testemunho de seu apreço pela automistificação, pela hipérbole como recurso retórico e pela mentira como ferramenta de trabalho.
Quando o filme – uma crítica de Stone, filho de um corretor da bolsa de valores, a esse universo amoral e parasitário – foi lançado, Donald John Trump contava 41 anos de idade e comandava o império imobiliário de sua família, com foco em projetos extravagantes de arranha-céus, hotéis e cassinos (aproveitando o crescimento de uma bolha que não tardaria a estourar), e aperfeiçoava o dom de usar a seu favor as facilidades de um sistema financeiro e uma ordem jurídica moldados para beneficiar o homem branco endinheirado. Embevecidos, os meios de comunicação exaltavam o seu “toque de Midas”.
Havendo iniciado sua trajetória na década anterior, Trump estava habituado aos usos e costumes da máfia nova-iorquina, especialmente os capi do setor de construção, como Paul Castellano (chefe da família Gambino) e Anthony “Fat Tony” Salerno (capo do clã Genovese). Além disso, o estrambótico businessmanalardeava seu flerte com a carreira política por meio de entrevistas e anúncios pagos na imprensa, e lançava, com êxito, The Art of the Deal, o primeiro dos livros que assinou, testemunho de seu apreço pela automistificação, pela hipérbole como recurso retórico e pela mentira como ferramenta de trabalho.