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(Millôr Fernandes)
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domingo, 12 de junho de 2016

'Os sonhos não envelhecem': Erundina se candidata à prefeitura de SP

Domingo, 12 de junho de 2016
Da Mídia Ninja
Foto: Mídia Ninja.
 
Nesse sábado (11) a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSOL-SP), lançou oficialmente sua candidatura à prefeitura da cidade, reagrupando a esquerda local em seu entorno. Compondo a chapa, o também deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).

“Mais do que administrar e governar São Paulo, vamos liderar politicamente e garantir que os destinos do país se corrijam e se encaminhe uma solução para todas as cidades. Somos grandes porque temos as mulheres, os negros, os LGBTs, os jovens e os idosos, como eu, com a gente. Eles estão protagonizando um novo momento da vida política do país, como a juventude, juntando tanta gente e tanta força", disse a candidata, que foi a primeira mulher a ser eleita para a prefeitura da cidade, nos anos 1980.
Foto: Mídia Ninja.

terça-feira, 1 de março de 2011

O PSB e sua manobra paulista

Terça, 1 de março de 2011
 Por Ivan de Carvalho
         Luiza Erundina foi, pelo PT, a primeira prefeita de São Paulo, de 1989 a 1992 e hoje é deputada federal pelo PSB. Importante: esta é a sigla do Partido Socialista Brasileiro.

Ontem, o blog bahiaempauta.com.br destacava a seguinte frase da mal encarada, mas não antipática velha senhora de 76 anos: “Se admitir isso, o partido vai passar da esquerda para a direita. O DEM sustentou a ditadura militar, que nos impôs tortura, exílio e desaparecimentos. É uma mistura que a química não admite.”

Coitada da química, quando manipulada pelos políticos brasileiros. Então, esta ciência passa a admitir qualquer mistura. Sem censura. Erundina, que se considera uma liderança de “esquerda”, como tantas outras pessoas que da mesma forma se rotulam, talvez nem saiba explicar com clareza exatamente o que significa ser “de esquerda” ou ser “de direita”. Apenas vale assinalar que a suposta existência de uma “esquerda” pressupõe a suposta existência de uma “direita”.

Então, talvez não faça lá muito sentido a afirmação de Erundina, ao referir-se à provável ou já quase certa transmigração do prefeito paulistano Gilberto Kassab do Democratas para o PSB – via um partido-ponte a ser criado para esse fim específico – de que a absorção de Kassab pelo Partido Socialista Brasileira levaria este da “esquerda” para a “direita”. Se “esquerda” e “direita” situam-se em lugares incertos e não sabidos do espectro político, a avaliação da ex-prefeita Erundina é, no mínimo, arriscada, mas possívelmente abilolada.

Ela, na entrevista à Folha, deixa absolutamente claro que já está isolada na seção paulista do PSB e que a entrada do prefeito Kassab (com a expectativa, quase promessa de ser o candidato deste partido a governador em 2014) a deixaria numa espécie de solitária. E denuncia que a migração do Kassab do DEM para o PSB nada mais é do que uma jogada do tucano José Serra para infernizar a vida política do governador também tucano Geraldo Alckmin.

           Simples: Kassab seria candidato do PSB a governador, concorrendo com Alckmin, que estaria buscando a reeleição. A parte serrista do PSDB e do DEM paulista apoiaria Kassab, já então do PSB, contra Alckmin.

Quanto ao governo federal e ao PT – que estimulam Kassab a ir para o PSDB, ao invés de para o PMDB, como ele pensara a princípio e chegara a acertar com o vice-presidente da República, o peemedebista Michel Temer (hoje o mais exímio engolidor de sapos da República) –, atingiriam dois objetivos convergentes. Impediriam a ressurreição do PMDB paulista, que está atualmente morto com um deputado federal e quatro estaduais e plantariam o PSB com firmeza no maior colégio eleitoral do país, fazendo deste partido o contra-peso para neutralizar o PMDB.

 Ora, não vejo nada demais em o PSB acolher Kassab, um político de curta história e ideologicamente uma caixa preta. O problema é acolher gente como Afif Domingos, do DEM e vice-governador paulista, que não é mesmo de “esquerda” nem de “direita”, mas politicamente um democrata e economicamente um liberal cujo ideário (seria burro se tivesse ideologia, mas não tem) é bem conhecido. O PSB perde mesmo o rótulo de “esquerda” se acolher Afif, mas creio que Afif perde sua história, que é boa, se for para o PSB.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.