Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 24 de junho de 2019

A relevância da democracia participativa para as demandas de convívio

Segunda, 24 de junho de 2019
Por
Salin Siddhartha*


A sociedade está estruturando-se num contexto de saturação. O gigantismo hiperconsumista ataca o meio ambiente natural, faz crescer o recalque psicossocial criado pelas desigualdades e não leva em conta o interesse público.

É relevante, na fase histórica atual, que a democracia assuma um novo papel, de modo a incorporar demandas de convívio que sejam, em muitos sentidos, sensíveis à tolerância. A democracia participativa é o mecanismo de inserção das demandas de convívio que se torna uma ferramenta política equalizadora de um novo racionalismo, a partir do empoderamento local, que dê conta do protagonismo ansiado pelas individualidades populares para se tornarem visíveis a tanta saturação.
O custo desse gigantismo produtor de uma cultura hiperconsumista e padronizada da época pós-moderna em que vivemos é a dificuldade de realizar uma reeducação ética, o que faz com que o processo econômico deixe de responder às reais necessidades dos diversos indivíduos e grupos que compõem a sociedade, principalmente no Brasil e nas diversas nações que se descolonizaram em um capitalismo tardio. No entanto, uma nova cidadania pode emergir do somatório das atitudes democráticas participativas que tenham por agentes os diversos entes do movimento social em várias manifestações locais.
O reequilíbrio entre as necessidades e as soluções econômicas e sociais passa por uma dinâmica política de ação local que transforme o modo de tomada de decisões para o desenvolvimento econômico e social, atuando como articulador de um relacionamento entre o público e o privado, de maneira a efetivar respostas às verdadeiras demandas econômicas da sociedade.
Um sistema de dominação hiperconsumista é um chocante ataque a uma práxis que reconcilie o sentido da humanidade presente na cultura de cada homem e de cada mulher. Uma reeducação ética, valendo-se das manifestações tradicionais culturalmente introjetadas nas pessoas, pode recuperar certos valores produzidos no passado humanista, necessários para a ressensibilização da contemporaneidade. O empoderamento das comunidades locais por intermédio de formas diretas de democracia é a grande saída para uma pedagogia ética.
Para tanto, os esforços da sociedade têm de ser estimulados por políticas públicas a ser estabelecidas pelos governos, de maneira que fiquem encarregados de promover a inclusão das parcelas da população não alcançadas pelos empreendimentos privados, valendo-se, inclusive, do Terceiro Setor, defendendo-se, então, valores que garantam a igualdade e a justiça nas relações sociais.
Cruzeiro-DF, 23 de junho de 2019
SALIN SIDDARTHA
------------------
*Texto publicado originariamente no Jornal Info Cruzeiro