Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 22 de agosto de 2021

Museu da Bíblia: justiça volta a impedir a obra

Domingo, 22 de agosto de 2021
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna


O juiz Carlos Maroja, em sua sentença, ressalta que o Plano Piloto é tombado internacional e nacionalmente, que a implantação do Museu da Bíblia pode representar a descaracterização “de outro monumento”, o próprio Eixo Monumental, e lembra que a sociedade de Brasília tem questionado a construção desse novo monumento “em dias em que a população lastima que um outro monumento nacional do porte de um Teatro Nacional apodrece há anos, inacessível tanto ao sempre carente setor cultural candango como a uma população ainda mais carente de arte e cultura”.

Por Chico Sant’Anna
Domingo é um dia especial para a fé cristã. O termo domingo vem do latim, dies domini, que significa “dia do Senhor”. Segundo a bíblia, no livro do Gênesis, Deus criou o mundo em seis dias consecutivos e reservou o sétimo para descansar. Segundo Mateus 21:1-1, Lucas 19:28-44, Marcos 11:1-10 e João 12:12-19, foi num domingo, o de Ramos, que Jesus Cristo entrou triunfalmente em Jerusalém. Uma semana depois, aconteceria a ressureição, que marca o Domingo de Páscoa dos Católicos. Assim, na tradição cristã, domingo tem um sentido diferenciado. Dentre os dias da semana, é o dia especial para adorar a Deus. Agora, um outro Domingo, o de 22 de agosto de 2021, também vai ficar na mente dos cristãos, em especial a dos Pentecostais e Neopentecostais. Nessa data, a Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do Distrito Federal expediu liminar suspendendo o Edital nº. 18/2021, da secretaria de Cultura do DF, referente a escolha do projeto arquitetônico para o Museu da Bíblia. A deliberação do Juiz Carlos Maroja, em ação impetrada pela deputada Julia Lucy (Novo), determina, também, a paralisação de todos os demais atos que digam respeito “ao planejamento e execução de um museu na área do Eixo Monumental.”

Na ação pública impetrada pela parlamentar, é alegado que a obra do Museu da Bíblia é “faraônica”, orçada em mais de R$ 26 milhões, que não foi precedida de audiência pública; e que o gasto de R$ 122 mil, a serem pagos com recursos públicos, “para a escolha de um projeto desnecessário em plena pandemia implica em inversão na prioridade da alocação de recursos já escassos”. A Lei Orgânica do DF, em seu artigo 362, inciso II, estabelece como pré-requisito de validade do processo decisório envolvendo patrimônio cultural a realização de audiência pública.