Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 24 de maio de 2022

Privatização da Petrobras: mais uma cortina de fumaça do governo

Terça, 24 de maio de 2022


O papel de uma empresa estatal, ainda mais diante do caráter estratégico que representa a Petrobrás, é contradançar o interesse público e privado, dada a sua natureza de capital misto.


Por Fatima Sousa* e Roberto Piscitelli**

A imagem da “cortina de fumaça” é uma figura de linguagem muito rica. Às vezes se confunde com aquele ditado das nossas avós: plantar verde para colher maduro. O noticiário sobre a privatização da Petrobras está mais para a primeira que para a segunda afirmação. O atual governo, sempre mergulhado nas crises não resolvidas, lançou mais uma fake news, como se tivesse a intenção ou vislumbrasse a mínima possibilidade de privatizar a maior empresa brasileira, a pretexto de que seria a solução para os preços abusivos dos derivados de petróleo no Brasil, diante da inflação crescente que, além do mais, empurra irresponsavelmente os juros para cima.

Entre as mentiras deslavadas, seguindo a cartilha da terceirização das responsabilidades, alega ora que não pode interferir na direção da empresa – e seu conselho de administração – e na política de preços, baseada na paridade internacional, estabelecida sob medida para atender aos interesses dos concorrentes estrangeiros e dos acionistas privados, embora não admita os benefícios próprios decorrentes do que a União recebe a título de dividendos e royalties. Ora, as decisões fundamentais sobre os destinos e as políticas da empresa são tomados por iniciativa ou indução do seu acionista majoritário. Depende do Congresso Nacional somente a decisão sobre uma eventual privatização ou mudança da relação com o Poder Público; E o governo sabe perfeitamente que isso é inviável nos próximos meses, diante do calendário eleitoral.