Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
Mostrando postagens com marcador Congresso Nacional. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Congresso Nacional. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de julho de 2025

PODER DO LOBBY —Por que é tão difícil acabar com as isenções fiscais no Brasil?

Terça, 22 de julho de 2025

Benefícios fiscais superam R$ 800 bi e viram alvo de pressão política, técnica e institucional por revisão

Brasil de Fato - São Paulo (SP)22.jul.2025 às 07h01
Rodrigo Chagas

O governo federal tem intensificado a ofensiva por justiça tributária em meio ao esforço para ampliar a arrecadação. Após a aprovação da reforma tributária, em dezembro de 2024, o foco da equipe econômica agora está na reformulação do Imposto de Renda – com a proposta de isenção para quem ganha até R$ 5 mil – e na revisão de isenções e subsídios fiscais que comprometem uma fatia significativa do orçamento público.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já anunciou que estuda um corte linear de 10% nos benefícios fiscais, excluindo os que possuem proteção constitucional, como o Simples Nacional e a Zona Franca de Manaus. A medida faz parte de um pacote mais amplo de revisão das renúncias, que compõem, segundo ele, uma “caixa-preta” de R$ 800 bilhões por ano. “O Brasil banca o agronegócio. E os ricos são os que mais recebem. Temos que enfrentar esses privilégios”, afirmou Haddad.

Durante audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, o ministro destacou que o agronegócio é responsável por cerca de R$ 158 bilhões em isenções anuais, o equivalente ao custo do Bolsa Família em 2025, que atende mais de 20 milhões de famílias. Apesar de não declarar explicitamente que o agro não precisa desses benefícios, Haddad disse que o setor é “patrocinado pelo governo” e que, pela primeira vez, a Receita sabe “quem não paga imposto por benefício fiscal”.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

População desaprova emendas parlamentares: 82% considera que são ‘alvo de corrupção’, aponta Quaest

Segunda, 21 de julho de 2025

Pesquisa também mostra que maioria desconhecia volume bilionário sob controle de deputados e senadores

Brasil de Fato — São Paulo (SP)
21.jul.2025

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (15) pelo instituto Quaest revela que a população brasileira vê com desconfiança o uso das emendas parlamentares. Segundo o levantamento, 82% das pessoas acreditam que os recursos são desviados ou se tornam alvo de corrupção antes de chegarem às cidades. Apenas 9% disseram acreditar que o dinheiro chega de fato aos municípios.

Os dados foram obtidos a partir de entrevistas com dois mil eleitores em 120 municípios, entre os dias 10 e 14 de julho. O levantamento foi contratado pela Genial Investimentos.

terça-feira, 1 de julho de 2025

2026: Primeiro retrato da grande disputa

Terça, 1º de julho de 2025

Centrão humilha o governo e prepara novas investidas antipopulares no Congresso. Campo lulista reage e anuncia que convocará as ruas. Três textos sobre uma peleja em que ainda falta o mais importante: um novo projeto de país

Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Mais: Uma versão em vídeo deste texto pode ser encontrada no OPtv

Nos bastidores, a disputa por 2026 fermentava há muito. Na última quarta-feira (25/6), um Centrão fortalecido colocou-a a nu. O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), ignorou as negociações com o governo, que estavam em curso, e humilhou o Palácio do Planalto. Um decreto legislativo, instrumento político usado raríssimas vezes desde a redemocratização, anulou a elevação de algumas das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), determinada pelo Executivo dias antes, e desde então execrada pela Faria Lima.

Do ponto de vista material, a consequência é pouca, como se verá adiante. Muito pior foi o impacto simbólico: o Centrão de Motta quis mostrar quem manda em quem. Não bastasse o insólito do decreto legislativo para tal tipo de questão (sua própria constitucionalidade está em disputa), o governo amargou a sensação do abandono. Nos partidos agraciados com ministérios, dois de cada três deputados (63%) votaram contra o Executivo. Fizeram-no por calcular que o governo não terá forças para punir a traição. A debandada, aliás, repetiu um episódio anterior — a derrubada dos vetos do Executivo a medidas que encarecerão as contas de luz —, em que até os parlamentares do PT votaram em massa contra os interesses de Lula. O presidente rolava ladeira abaixo, comemorou a mídia.

Mas desta vez, veio uma resposta — tímida e contraditória, mas ainda assim inédita. Pela primeira vez desde que começou Lula 3, a institucionalidade conservadora que amarra a gestão foi questionada. Dois vídeos (1 2), que circularam velozmente pelas redes, denunciam a ação do Congresso. São assinados pelo PT (o Planalto não se pronunciou sobre eles), mas produzidos com profissionalismo de publicitários. Sua temática vai muito além do IOF: avança pelo terreno conflituoso da disputa fiscal. Lula 3 é apresentado como empenhado em aliviar a carga de impostos brasileira — que se concentra nas costas da maioria e poupa os mais ricos. As elites e o Parlamento resistem a esta correção. A luta de classes é o subtexto claro.