Segunda, 4 de novembro de 2024
Nesta segunda-feira (4) se completam 55anos do assassinato do líder revolucionáriobaiano que lutou contra a ditadura
Rádio Brasil de Fato
Lucas Weber
04 de novembro de 2024

Ele era corajoso para enfrentar, por exemplo, duas ditaduras, mas ele era um poeta, viu?
Um ano após a estreia nos cinemas do país do filme Marighella, o Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) era eleito, pela primeira vez, deputado federal. Há uma conexão simbólica entre os fatos, afinal, o parlamentar atuou no longa, interpretando um frade dominicano brasileiro, que lutou contra a ditadura militar (1964-1985) e foi torturado.
No filme, o personagem interpretado pelo deputado participa de uma cena na qual ele defende a Carlos Marighella (interpretado por Seu Jorge) que Jesus foi um homem negro. No entanto, o frade acaba sendo um dos responsáveis pela captura do militante pela ditadura.

"Foi uma das experiências mais bonitas da minha vida", relembra o deputado em entrevista ao programa Bem Viver desta segunda-feira (4), quando se completam 55 anos do assassinato de Marighella.
"A vida de Marighella tem que ser sempre lembrada e homenageada, um homem que foi preso por duas ditaduras, um amante da liberdade, da democracia, do socialismo, como declaração de amor, da humanidade, do enfrentamento e superação da injustiça, da exploração, da miséria, da fome. Um brasileiro nordestino, homem negro, enfim, que figura histórica foi o intelectual e militante Carlos Marighella”, defende o deputado.
Carlos Marighella nasceu em Salvador (BA), em 1911, e chegou a ser considerado o inimigo número um do regime, muito pela sua atuação na Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo fundado por ele.
O filme, dirigido por Wagner Moura, foi inspirado na biografia escrita por Mário Magalhães e deveria ter chegado aos cinemas ainda em 2019, mas enfrentou restrições por parte da Agência Nacional de Cinema (Ancine), que foram lidos como censura pela equipe do filme, inclusive pelo deputado.
Pastor Henrique Viera relata o que leva para sua atuação como deputado do que aprendeu na biografia de Marighella.
"Essa coragem com ternura e essa poesia com força política, essa rebeldia que, ao mesmo tempo, não vai para um lugar apenas, sei lá, de dureza. Essa síntese entre coragem e ternura, entre rebeldia e poesia, é alguma coisa que eu aprendo com Marighella, tento atualizar na minha vida, na minha militância e nos corredores de Brasília.”
Na conversa, o deputado também faz uma avaliação do resultado das eleições.
Confira a entrevista na íntegra.
Qual a avaliação do senhor do resultado das eleições para o Psol?
De fato, não foi o resultado que nós esperávamos, um contexto em que o voto útil do campo progressista influenciou bastante também.
Mas eu avalio que nós temos força social, uma direção muito consciente, figuras de grandes nomes na sociedade e uma militância muito mobilizada. Acredito que foi algo conjuntural, contextual. Todos os partidos ao longo da sua história passam por oscilações.
O Psol tem uma relevância muito grande para a esquerda brasileira e ele tende a retomar um caminho de crescimento já no próximo período.
Então estou consciente dos limites do resultado deste ano, mas não desesperado, nem desanimado. Acredito que tem lastro social, uma direção consciente, grandes parlamentares, militância mobilizada e capacidade de crescimento nos próximos anos.
O senhor se envolveu no apoio de algumas candidaturas evangélicas. Qual a avaliação?
Eu me envolvi com candidaturas progressistas no geral. Por exemplo, do William Siri e da Taís Ferreira, que foram reeleitos e bem reeleitos aqui no Rio de Janeiro. Jô Calvalcante, uma das mais votadas em Recife, que é do nosso campo dentro do Psol.