Sábado, 15 de fevereiro de 2025
Médica inspirou o movimento da reforma psiquiátrica no Brasil
Tâmara Freire - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 15/02/2025 — Rio de Janeiro
"Ninguém hoje, no Brasil, que se interesse pelas questões ligadas à expressão artística ou à psiquiatria, ou a ambas, pode ignorar a contribuição de Nise da Silveira. Contribuição essa que é marcada, de um lado, pela coragem intelectual de romper com o estabelecido e, de outro, pela identificação profunda com o sofrimento do seu semelhante."
As palavras escritas por Ferreira Gullar, em 1996, já eram válidas 50 anos antes e permanecem verdadeiras até hoje. Assim ele começa seu livro Nise da Silveira — Uma Psiquiatra Rebelde, biografia da médica que revolucionou o tratamento psiquiátrico, nascida em Maceió, no dia 15 de fevereiro de 1905, há exatos 120 anos.
A "coragem" mencionada por Gullar se revelou logo cedo, quando ela decidiu cursar medicina em 1921, apesar de se sentir mal ao ver sangue e de ser a única mulher entre mais de 150 homens na sua turma na Faculdade de Medicina da Bahia. Nise tinha apenas 15 anos. Um ano depois de concluir o curso, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se especializou em neurologia e psiquiatria e passou a trabalhar na unidade pública de saúde mental então denominada Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental. Mas, assim como muitos intelectuais, ela foi presa pelo governo Vargas acusada de envolvimento com a causa comunista e foi afastada do serviço público até 1944.