Quinta, 26 de abril de 2012
Carlos Newton*
A política é cheia de dissimulações e jogos de cena, uma atividade
verdadeiramente teatral. Vejamos, por exemplo, o caso do governo de
Brasília, que é hoje um dos problemas mais delicados do PT.
Depois de uma audiência no palácio do Buriti, em Brasília, o
presidente nacional do PT, Rui Falcão, manifestou apoio do partido do
governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). “Não há indícios de
comprometimento do governo e do governador Agnelo com esse
delinquente”, afirmou, referindo-se ao empresário Carlos Augusto
Cachoeira.
Falcão, que sempre fala mais do que deve, disse que Agnelo “pegou um
governo totalmente sucateado e minado pela corrupção. O governador vem
tomando atitudes para colocar a casa em ordem. Por isso tem sido
combatido. Não há crise política no governo do DF. Não temos nenhum
temor de que essa investigação vá implicar o governador”.
Ele negou que a direção nacional do PT tenha abandonado Agnelo. “Li
numa publicação semanal que eu viria aqui para pedir a renúncia do
governador. Isso não passa de um boato sem o menor fundamento. Ao
contrário, queremos que ele continue andando bem”, disse o dirigente
petista.
Bem, esta é a versão oficial. Mas a versão verdadeira é bem outra. Em
Brasília, todos sabem que Agnelo Queiroz é considerado um estranho no
ninho do PT. Era do PCdoB e entrou no PT para sair candidato e ganhar o
governo de Brasília.
Desde os tempos de PCdoB, quando era diretor da Anvisa e depois
ministro do Esporte, Agnelo Queiroz já era alvejado por uma saraivada de
denúncias de corrupção, que prosseguiram em sua gestão no governo do
DF, a ponto de o PT fazer uma “intervenção branca” na administração da
capital. Ele foi obrigado a nomear para a Chefia da Casa Civil um
ex-assessor do Palácio do Planalto, que hoje é o verdadeiro governador
do Distrito Federal.
Agnelo Queiroz só faz de conta que continua mandando. É igual a
técnico de futebol, quando está “prestigiado” pela diretoria do clube.
*Fonte: Tribuna na Internet