Além da unidade no Guará, o
território conta com áreas no Gama, no Jardim Botânico, em Sobradinho e às
margens do Lago Descoberto (foto). Todas são de proteção integral
Maryna Lacerda, da Agência Brasília
O início da desocupação do Parque
Ecológico Ezechias Heringer e da Reserva Biológica do Guará,
neste mês, expôs a necessidade de manter as unidades de conservação de proteção
integral. Além da do Guará, o Distrito Federal tem mais quatro reservas no
território: a do Lago Descoberto; a do Gama; a do Cerradão, no Jardim Botânico;
e a da Contagem, em Sobradinho. Somente esta não é administrada pelo Instituto
Brasília Ambiental (Ibram).
As reservas biológicas são
criadas para preservação total da fauna, da flora e das características
ambientais nelas presentes. Por isso, o acesso e a visitação são restritos e
permitidos apenas para pesquisa científica, conforme prevê o Sistema
Distrital de Unidades de Conservação, definido pela Lei
Complementar nº 827, de 22 de julho de 2010.
Araras voam na área da Reserva Biológica do Descoberto.
Foto: Andre Borges/Agência Brasília
No Distrito Federal, elas são
fortemente impactadas pela expansão urbana e pela ação humana. Dessa forma, o
desafio da gestão ambiental é garantir que não se tornem apenas manchas verdes
entre as cidades, mas de fato cumpram a função de preservação para a qual foram
criadas. “As pressões do entorno das reservas biológicas se refletem no
interior delas”, conta o coordenador de Unidades de Conservação do Ibram,
Paulo César Magalhães Fonseca.
"As pressões do
entorno das reservas biológicas se refletem no interior delas"Paulo César
Magalhães Fonseca, coordenador de Unidades de Conservação do Ibram
Construções
irregulares prejudicam área de proteção
A ocupação irregular é uma das
ameaças a que está submetida a Reserva Biológica do Gama, criada
pelo Decreto nº 11.261, de 16 de setembro de 1988, como reserva ecológica. Em
2008, ela teve o status alterado por força do Decreto nº29.704, de 17 de novembro. Com isso, a proteção foi ampliada.
A área tem 136 hectares e deve
ser protegida por causa da mata ciliar do Rio Alagado. O relevo é
acidentado, com encostas íngremes e suscetíveis à erosão. Por isso, as
construções ilegais no interior da unidade, resultado do parcelamento das
chácaras vizinhas, é extremamente prejudicial.
Também suscetível a
parcelamentos irregulares, a Reserva Biológica do Descoberto tem
função estratégica para a proteção dos cursos d’água que abastecem a região. A
unidade soma 434,5 hectares, distribuídos em uma faixa de 125 metros ao redor
do reservatório. A área protegida foi estabelecida por meio do Decreto nº26.007, de 5 de julho de 2005.
A reserva é, no entanto,
constantemente ameaçada por chacareiros que insistem em ampliar áreas de
plantio para dentro dos limites da unidade. “Para combater o problema, fazemos
um trabalho de educação ambiental com os ocupantes das propriedades em volta do
lago e incentivamos a revegetação por meio do programa Descoberto
Coberto”, explica Fonseca.
A Reserva Biológica
do Descoberto tem função estratégica para a proteção dos cursos d’água que abastecem
a região
A recomposição da flora é feita
com espécies típicas do Cerrado e resulta de uma parceria com a comunidade do
local.
Conservação
ambiental é a regra das reservas biológicas
Integridade da vegetação é uma
das marcas da Reserva Biológica (Rebio) do Cerradão, no Jardim
Botânico. Ela recebe esse nome em razão da ocorrência da fitofisionomia do
Cerrado — ou seja, a forma como ele se apresenta — densa e similar a uma mata.
A área mede 54 hectares, com ocorrência de espécies como copaíba, pequi, ipê e
jacarandá.
O alto grau de conservação da
flora atrai também uma diversidade de animais, desde roedores até mamíferos de
médio porte. Eles são, no entanto, alvo fácil de atropelamento ao cruzar a
Estrada Parque Contorno. “Felizmente, não temos problemas com fogo dentro da
reserva ou construções irregulares”, destaca o coordenador de Unidades de
Conservação do Ibram.
A Rebio do Cerradão foi criada
pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, como Área de Relevante
Interesse Ecológico. Em 2010, por sua vez, a unidade teve a proteção ampliada e
foi transformada em Reserva Biológica por meio do Decreto nº31.757, de 2 de junho de 2010.
Proteção
para livre circulação dos animais
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Única unidade do gênero sob
responsabilidade do governo federal no DF, a Reserva Biológica da
Contagem, em Sobradinho, foi criada por meio do Decreto de 13de dezembro de 2002, da Presidência da República. O objetivo é
proteger vegetação e cursos d’água na Chapada da Contagem, região com altitudes
entre 1 mil e 1,2 mil metro. É a área mais elevada do território, bastante
afetada pela ocupação do solo por condomínios.
A unidade tem 3.460 hectares e
abriga também dois pontos de captação de água, no Ribeirão Contagem e
no Córrego Paranoazinho, que abastecem a região administrativa. O
local funciona também como corredor ecológico entre o Parque Nacional
de Brasília e a Bacia do Rio Maranhão. O Cerrado se apresenta como
campo sujo, ou seja, com ocorrência de arbustos de forma espaçada.
Além da unidade no Guará, o
território conta com áreas no Gama, no Jardim Botânico, em Sobradinho e às
margens do Lago Descoberto (foto). Todas são de proteção integral.