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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 28 de abril de 2017

HRSM, um Titanic afundando e a orquestra tocando e festejando o aniversário. Pra quê?

Sexta, 28 de abril de 2017
 Titanic prefixo HRSM. Imagem da internet

O HRSM está parecendo mais com o Titanic

Não é o Baile da Ilha Fiscal, aquela última festa realizada em novembro de 1889 e que precedeu o desmoronamento do império, com a proclamação de República. Mais prenunciava a vinda da República, do que uma injustificada e luxuosa festa.

O Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), uma unidade relativamente nova da rede oficial de saúde do DF, está parecendo o Titanic. Bateu num iceberg da incompetência dos governantes, rachou o casco, 'está fazendo água', encontra-se na etapa imediatamente anterior ao de um naufrágio desastroso. Mas seus comandantes, insensíveis, ou míopes, não enxergam o perigo, manda a orquestra tocar e fingem que este Titanic de Santa Maria singra mares sem procelas, sem correntezas.

Enquanto os passageiros da segunda classe deste Titanic, isto é, os usuários do sistema de saúde pública, as pessoas pobres de Santa Maria, Gama, e Entorno Sul do DF, morrem nas águas da incompetência e da indiferença, os comandantes e a primeira classe curtem sua festa. Gente está morrendo por falta de atendimento do Titanic prefixo HRSM. Ou, ainda, por péssimo atendimento nesta nave à deriva.

Mas festa tem. Comemorar o quê? Não há nada a comemorar, só a lamentar. A situação de naufrágio não justifica qualquer comemoração, apenas um esforço para salvar os destroços.

Seria a festa da manhã desta sexta (28/4) para comemorar:

·      Comemorar os muitos leitos bloqueados na UTI, o que significa, certamente, a possibilidade de algumas mortes evitáveis?

·      Comemorar o atendimento restrito no Pronto Socorro?

·      Comemorar o atendimento restrito no Centro Obstétrico? Em que só se atende casos de partos de emergência e alto risco com gravidez abaixo das 36 semanas, e isso quando não é mais possível ‘despachar’ para outra cidade a mãe e o filho que ainda está na barriga.

·      Comemorar o Centro Cirúrgico que só funciona em casos de emergência? As cirurgias eletivas acontecem len-ta-men-te, em razão da falta de profissionais e insumos.

·      Comemorar a Pediatria fechada? Festa enquanto a pediatria continua fechada? Que festa mais sem noção!

·      Comemorar a falta de insumos para realização de exames?

·      Comemorar o fato da Clínica Médica não atender como deveria, e merecem, os usuário do sistema público de saúde? Comemora o atendimento restrito?

O Titanic de Santa Maria faz aniversário neste mês de abril. Continua afundando, mas a direção do navio armou uma festa para está sexta-feira, dia 28 de abril.

Em reunião realizada em março pelo Conselho Regional de Saúde de Santa Maria, na qual estiveram também presentes um representante do diretor do hospital; o superintendente da Região Sul de Saúde (Gama e Santa Maria), doutor Robledo de Souza Leão Lacerda, o Conselho se posicionou contrário à festa de hoje, pois entendeu que essa comemoração representava um tapa na cara da gente sofrida de Santa Maria, Gama, DVO, Entorno Sul do DF. Seria um acinte ao povo daquela região, que está sem atendimento decente no HRSM.

Mas o fato é que os comandantes do Titanic prefixo HRSM deram uma de comandantes e tripulação daquele outro Titanic, o que se encontra há décadas no fundo do oceano. Navio afundando, gente morrendo, e a festa rolando.

Numa tentativa de justificar a comemoração de aniversário do HRSM hoje (28/4), alegaram que não haveria despesas para a festa, pois os comes e bebes, os bolos e o que mais tiver, seriam doações. Do BRB. Não entenderam o tapa na cara dos usuários. Na reunião de março do Conselho Regional de Saúde do Santa Maria foi colocado que se haveria doações do BRB ou de quem mais fosse, essas doações deveriam ser na forma de materiais que faltam com frequência no hospital. Doação, não para festa, mas, por exemplo, de papel higiênico (acredite, falta papel higiênico no hospital), papel toalha para enxugar as mãos, e outras coisas desta natureza.

Mas nessa nau da insensatez, a festa deve a esta hora (10h13) estar começando. Estava prevista para as 10 horas desta manhã. Vamos comer, beber alguma coisa permitida, cantar um parabéns, ouvir alguns discursos de que o aniversariante —HRSM— está cada vez mais forte e blá blá blá. Essas coisas de festinha deslocada da realidade cruel dos usuários do sistema oficial de saúde.

Enquanto a festa não é de ‘arromba’, como cantava Erasmo Carlos, o pobre e sofrido Hospital Regional de Santa Maria é arrombado em sua dignidade. Dele, não, mas dos pacientes e potenciais usuários de seus serviços.

Quanta insensatez!!!