Do SindMédico
Com infraestrutura precária, falta de profissionais, aparelhos e medicamentos, Hospital de Brazlândia passa por grave crise.
Falta de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, vigilantes,
antibióticos, Raio-X e até de ambulância. Esse é o retrato do Hospital
Regional de Brazlândia (HRBz) hoje. Em visita à unidade na manhã desta
quinta-feira (20), o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito
Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, e o vice, Carlos Fernando,
conversaram com servidores e funcionários, que asseguraram: “já passamos
do limite do estresse há muito tempo”.
Na clínica médica, a cada plantão, apenas dois especialistas se
desdobram para atender uma demanda de pacientes residentes na própria
cidade e no Entorno. Segundo relatos, em alguns dias, chega-se a ter 50
pacientes internados, mais seis no box, com a porta da emergência aberta
em tempo integral.
A situação se repete na área de ginecologia e obstetrícia. Para todo o
tipo de cirurgias, há apenas um anestesista. No dia 29 de março, a
direção do HRBz encaminhou um memorando da coordenação de ginecologia à
superintendente da região Oeste, Talita Lemos, relatando os problemas.
“Só temos disponíveis 645 horas (contando todas as horas dos
servidores). Há, portanto, um déficit importante que tem gerado falhas
na escala”, descrevia o documento. São necessárias 935 horas de trabalho
para fechar as escalas do setor. Até hoje, no entanto, a
superintendente não demonstrou ter tomado conhecimento da situação.
Ainda no memorando, a coordenação de ginecologia do HRBz ressaltou:
"a escala de serviço está praticamente inviabilizada, sendo que,
dificilmente, fecharemos esta escala sem deixar falhas que possam causar
o fechamento no atendimento urgência/emergência em alguns dias, gerando
prejuízos graves na atenção à saúde da população desta comunidade,
suprida por esta regional”.
Na última quarta-feira (19), lembraram os servidores, devido à
ausência de vigilantes no hospital, o que expõe pacientes e
profissionais a risco, duas pessoas brigaram enquanto aguardavam
atendimento. “A Polícia Militar alega que não tem efetivo suficiente
para ficar no hospital. Então, só podem passar aqui como ronda mesmo”,
relatou um médico.
Das quatro ambulâncias disponíveis para o hospital, apenas duas
funcionam. O aparelho de Raio-X está quebrado há mais de um mês. Não há
fitas para diálise peritoneal. Em alguns casos, disseram também, o
déficit de profissionais chega a tal ponto que os pacientes aguardam um
mês para conseguir um parecer médico. “Estou há 15 anos na Secretaria de
Saúde e nunca imaginei que fosse viver dias assim”, desabafou um
servidor.
Na avaliação do presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, a
situação, que sempre se repete, é exaustiva para todos: profissionais e
pacientes. “Não há condições sequer de fazer um Raio-X de tórax, caso
haja suspeita de pneumonia. Os profissionais se desdobram e, mesmo
assim, é quase impossível atender à população. Ninguém aguenta mais. E,
agora, não há nem vigilantes para garantir a segurança. É o caos do
caos. A Secretaria de Saúde tem que tomar providências com urgência”,
disse.