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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 17 de março de 2022

CASA DE CULTURA DO GAMA ENTRA NA PAUTA COMUNITÁRIA

Quinta, 17 de março de 2022


Lideranças comunitárias ligadas ao movimento cultural da cidade se reúnem para debater soluções com o propósito de tirar espaço cultural do papel


Por Juan Ricthelly

Na noite de ontem no Espaço Semente, lideranças comunitárias ligadas ao movimento cultural e de outros segmentos, se reuniram com o propósito de resgatar um dos debates culturais mais antigos de nossa cidade, a tão sonhada ‘Casa de Cultura do Gama’, que já foi pauta do DFTV em 1988 (https://www.youtube.com/watch?v=HbhgSzuGxzw) e teve show de Oswaldo Montenegro no lançamento de sua pedra fundamental no início da na década de 90.

A Casa de Cultura do Gama é inclusive objeto de legislação específica, a Lei 1.840 de 6 de Janeiro de 1998, de autoria do Deputado Edimar Pirineus, e determina o seguinte:

Dispõe sobre a criação da Casa da Cultura na Região Administrativa do Gama-RA II.

Faço saber que a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou, o Governador do Distrito Federal, nos termos do § 3° do art. 74 da Lei Orgânica do Distrito Federal, sancionou, e eu Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, na forma do § 6° do mesmo artigo, promulgo a seguinte Lei:

Art 1° Fica o Poder Executivo autorizado a criar a Casa da Cultura na Região Administrativa do Gama - RA II.

Art. 2° A Casa da Cultura:

I - Será implantada na área denominada Praça l, Lote l, do Setor Central da Região Administrativa do Gama;

II - Terá como objetivos:

a) o desenvolvimento do processo cultural da comunidade;

b) a promoção e a valorização dos artistas locais, com o atendimento a suas necessidades;

c) a garantia de espaço para as atividades culturais, de lazer e entretenimento.

Art. 3° O Poder Executivo destinará recursos específicos no orçamento do Distrito Federal para a implementação da Casa da Cultura.

Art. 4° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5° Revogam-se as disposições em contrário.


O terreno mencionado na referida lei, ainda existe, são 2.400 m² na zona central da cidade, que esteve sob ameaça na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) em 2018, quando durante a votação da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) se tentou mudar a sua destinação, possibilitando uso comercial indefinido, fato que gerou reações da comunidade por meio do Fórum Comunitário e de Entidades do Gama e outras lideranças, que acionaram parlamentares e conseguiram por meio de emenda da então Deputada Luzia de Paula manter a destinação original do terreno.


Já houve até mesmo projeto arquitetônico para esse espaço tão sonhado, com protagonismo dos arquitetos Ariomar Nogueira e Antônio Eustáquio do Santos. Várias gerações de artistas lutaram por essa nobre causa, alguns se foram, outros chegaram, a pedra fundamental que já foi sólida quase virou pó, e a Casa de Cultura do Gama segue como a casa da canção de Vinícius de Moraes e Toquinho:






Fotos: Blog Gama Livre


“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...” (Créditos ao artista Mário Salluz pela associação).


A reunião contou com uma presença significativa de várias lideranças comunitárias e artistas, com destaque para a Presidente da Comissão de Cultura da OAB Gama e Santa Maria, Josânia Castro, e o Presidente do Conselho Regional de Cultura do Gama, Marco Augusto Rezende, além de outras pessoas ligadas ao movimento cultural, como poetas, músicos, cineastas, escritores, diretores de teatro, produtores culturais e etc.








Ao longo dos debates se recordou a importância histórica dessa pauta, as dificuldades dos produtores culturais da cidade, que carecem de espaços públicos para escoar sua produção cultural, bem como os custos de manutenção dos espaços existentes, bem como a necessidade de diálogo com as novas gerações de artistas que chegam agora no movimento.

Se encaminhou sobre a realização de um Ato pela Casa de Cultura do Gama, envolvendo o movimento cultural em diálogo com a comunidade, um seminário preparatório para a Audiência Pública que será realizada presencialmente no Galpãozinho, no dia 12 de Maio às 19h e o compromisso coletivo dos presentes em envolver mais pessoas e participar do resgate dessa pauta histórica.

O Gama é uma potência cultural, a arte faz parte da nossa história e de quem somos como comunidade e indivíduos, não por acaso, aqui nasceu o Festival de Música Popular do Gama, o Rock Cerrado, a Festa da Árvore, o Festineco, a Estação da Música, o Coletivo Vratia, a Banca de Poetas, os Mendigos de Gravata, o Kimtal, o Quintal do Nego, o Badalu, as Companhias Semente, Cidade dos Bonecos, Lábios da Lua, Bagagem e tantas outras, que por meio de seus trabalhos e atividades, produzem e proporcionam cultura descentralizada, periférica e de qualidade para a nossa comunidade.

Convidamos a todos e todas a se somarem nesse importante esforço, que é mais um capítulo dessa epopeia cultural que já dura mais de três décadas.

Agradecimentos ao Blog Gama Livre pela colaboração nessa matéria.