Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Refinaria privatizada: seguro é até 10 vezes maior que valor de venda de ativos

Segunda, 28 de novembro de 2022


Refinaria privatizada: seguro é até 10 vezes maior que valor de venda de ativos

Diferença confirma desinvestimento a preço aviltado

28 De Novembro De 2022

Os valores contratados pela Petrobras para a renovação, por 18 meses, do seguro de riscos operacionais de refinarias privatizadas no governo Bolsonaro superaram em até 10 vezes os preços de venda desses ativos. É o caso da Unidade de Industrialização do Xisto (Six, no Paraná), da refinaria Landulpho Alves (Rlam, na Bahia) e da Isaac Sabbá (Reman, no Amazonas). Esta última está em fase de conclusão da operação de desinvestimento, prevista para o próximo dia 30.

O valor da renovação do seguro da Reman, avaliado e definido pela Petrobras e seguradoras, para vigência entre 30 de novembro de 2022 e 31 de maio de 2024, é de US$ 820,8 milhões, muito acima do preço de venda da usina, de US$ 189 milhões. Na Six, o seguro renovado foi de US$ 418,8 milhões, 10 vezes mais que o valor de venda da unidade, US$ 41,6 milhões, à empresa Forbes & Manhattan Resources Inc. Já a Rlam, cuja apólice de seguro ficou em US$ 9,6 bilhões – sem incluir os ativos logísticos da refinaria -, foi vendida ao fundo árabe Mubadala por US$ 1,6 bilhão, com a infraestrutura de transportes da unidade.

A discrepância entre os valores segurados e os de venda das refinarias da Petrobras levou a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) a acionar o Ministério Público (MP) do Tribunal de Contas da União (TCU), na última sexta-feira, 25, “para que proceda a abertura de inquérito a fim de avaliar a desproporcionalidade dos valores apurados” destaca o presidente da Anapetro, Mário Dal Zot.

O requerimento encaminhado ao TCU observa que “comparando-se o valor de venda da SIX com o montante correspondente pela avaliação na renovação da apólice de seguro de riscos operacionais, tem-se uma diferença que equivale a aproximadamente 10 vezes o valor pago pela aquisição da refinaria. A diferença astronômica é de ser questionada pelo Tribunal de Contas da União, uma vez que há fortes suspeitas de dilapidação do patrimônio público, dado que a controladora da Petrobras é a União”.

A questão será levada pela Anapetro nesta segunda-feira, 28, à coordenação do governo de transição, para que a informação conste do relatório de diagnósticos do grupo de trabalho de Minas e Energia. Será encaminhada também a bancadas parlamentares do Congresso Nacional.

As três refinarias fazem parte de uma lista de centenas de unidades da Petrobras cobertas por seguro. A relação inclui ativos já privatizados e cujas apólices foram renovadas por 18 meses antes da conclusão da venda ao setor privado, e outros ativos que se mantêm sob o controle estatal.

O preço de venda da Reman, Six e Rlam sempre foi contestado pela Anapetro e Federação Única dos Petroleiros (FUP). Os dados dos valores das apólices de seguro colocaram mais lenha na fogueira dos protestos dos petroleiros.

“As privatizações com preços aviltados, abaixo do mercado, ficaram ainda mais flagrantes diante dos altos valores de avaliação dos ativos da Petrobras feita durante a renovação dos seguros” afirma Dal Zot. Para ele, existem dois movimentos combinados, ambos lesivos à União, e que precisam ser investigados pelo Ministério Público: “Preço de venda subestimado e valor de seguro superestimado”.

O presidente da Anapetro chama a atenção para a situação da Reman, cujo processo de venda à Atem Distribuidora de Petróleo está em fase de conclusão e, segundo Dal Zot, mais do que nunca precisa ser revertido diante das discrepâncias de valores. O preço negociado pela Petrobras para a venda da Reman foi cerca de 70% do valor estimado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que apontava para um mínimo, pelo câmbio mais elevado deste ano, de US$ 279 milhões. Enquanto isso, a renovação da apólice de seguro da refinaria de Manaus custou quatro vezes mais que o valor efetivo de venda da empresa.

No caso da Rlam, vendida no final do ano passado, o valor negociado foi cerca de 50% abaixo do preço mínimo estimado pelo Ineep e também inferior ao projetado por bancos de investimentos como BTG Pactual e XP. “O valor pago pela venda da Rlam e seus ativos logísticos equivale ao valor segurado apenas dos terminais portuários. Ou seja, levaram a refinaria de brinde”, diz o presidente da Anapetro.




terça-feira, 8 de novembro de 2022

Direção da Petrobrás conclui venda da SIX no apagar das luzes da gestão bolsonarista

Terça, 8 de novembro de 222

Unidade foi entregue a preço vil, praticamente o valor do lucro que apresentou em 2021.

Da AEPET, com informações da FUP

Prejuizos da negociata são contestados em ações judiciais que ainda estão em tramitação e através de denúncias feitas à CVM e ao TCU

Ao apagar das luzes do governo mais entreguista que este país já viu, outro importante patrimônio nacional foi parar nas mãos do capital financeiro internacional. A Petrobras anunciou na noite de sexta-feira (04) a finalização da venda da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), situada em São Mateus do Su, no Paraná, para o grupo canadense Forbes & Manhattan Resources Inc.

A gestão da estatal informou que a operação foi concluída com o pagamento total de US$ 41,6 milhões, aproximadamente R$ 210 milhões na cotação atual. O valor da venda é pouco superior ao lucro registrado pela SIX em 2021 (cerca de R$ 200 milhões) e representa menos da metade do que a Petrobrás desembolsou no acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para sanar as dívidas relativas ao não recolhimento de royalties sobre as atividades de lavra do xisto durante o período entre 2002 e 2012 (R$ 540 milhões).

A cobiça do grupo canadense pela SIX vem sendo denunciada pelo Sindipetro PR e SC desde 2012. A trama envolve espionagem industrial, cooptação de ex-funcionários, prevaricação, entre outras irregularidades que foram relatadas em reportagem especial da revista Carta Capital (Leia aqui!).

A luta contra a privatização da SIX não terminou, muito pelo contrário. Existem ações judiciais em tramitação e denúncias junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Tribunal de Contas da União (TCU) por conta dos vários privilégios que a F&M obteve na aquisição da unidade e do prejuízo que essa transação representa ao erário.

Fonte: FUP

quinta-feira, 28 de julho de 2022

De importador à autossuficiência

Quinta, 28 de julho de 2022

De importador à autossuficiência
Publicado em 28/07/2022

A série sobre A História da Petrobrás, iniciativa da AEPET, escrita pelo jornalista José Augusto Ribeiro, chegou a sua segunda parte esta semana. Ribeiro se dedica a narrar a consolidação da Petrobrás, desde a morte de Getúlio Vargas (1954) até o fim governo de Fernando Henrique Cardoso (2002).

É a história vitoriosa de um País importador de todos os derivados de petróleo, que atingiu a autossuficiência na produção de petróleo e de todos os derivados, criou a petroquímica, produziu fertilizantes, desenvolveu tecnologia própria, levou aos mais remotos rincões do Brasil os produtos do petróleo e foi ao exterior para descobrir campos gigantes, como Majnoon, no Iraque.

Entretanto, durante este período, a Petrobrás não deixou de enfrentar os ataques dos “corvos de sempre”, municiados pelos EUA, que queriam impedir que uma empresa estatal ocupasse o espaço das grandes petroleiras.

Mas isso não impediu que a Petrobrás consolidasse um parque nacional de refino e, através de pesquisas próprias, chegasse à descoberta de petróleo na Bacia de Campos. Ali estava consolidada a autossuficiência.

A Constituição de 1988 introduziu o monopólio estatal do petróleo, em termos até mais abrangentes que os da Lei 2004, que criara a Petrobrás. Pelo art. 177 da Constituição, tal como originalmente votada, constituíam monopólio da União, além de atividades de menor porte ligadas à indústria petrolífera, a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes dessas atividades; e o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no país, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem.

Mesmo tendo sido aprovado por ampla maioria, o artigo 177 da nova Constituição não resistiu dez anos. Em 1995, primeiro ano de Fernando Henrique Cardoso na Presidência, emenda constitucional que decretava o fim do monopólio da União. O petróleo que era para ser nosso, passou a ser vosso, para júbilo dos “corvos de sempre”.

Enquanto aguardamos a terceira e última parte da série, há tempo para a reflexão sobre a soberania que queremos para o Brasil e o papel da Petrobrás nesta construção.

Clique aqui para ler a Segunda Parte de A História da Petrobrás

ENERGIZANDO

*Gestão da Petrobrás retoma venda de três refinarias e adia prazo para manifestações, diante da falta de interesse de investidores


**Manifesto ‘Petrobrás para os brasileiros’ busca adesão da população e fortalecer debate nacional





Itens relacionados


sábado, 11 de junho de 2022

CADÊ O PRÉ-SAL QUE ESTAVA AQUI? BOLSONARO DOOU.

Sábado, 11 de junho de 2022


Pedro Augusto Pinho*
O Brasil está cada dia menor. Não se trata de fenômeno geológico, de mutações da natureza, ou resultado de catástrofes ecológicas. Está menor no seu patrimônio.

Qual é o patrimônio brasileiro? De acordo com o Balanço Geral da União, no Relatório do 3º Trimestre de 2021, R$ 6.082.122 milhões, ou US$ 1.174 bilhões, à época. Mas onde estão as ações da Petrobrás neste patrimônio? Um doce para quem descobrir.

E por isso, a cada dia, mais um pedaço da Petrobrás, desta extraordinária conquista do povo brasileiro, de sua luta, do seu esforço, de sua competência, do seu dinheiro, corre para mãos estrangeiras!

Surge dos interesses neoliberais, para recolonização brasileira, neste início de junho, o Projeto de Lei que “autoriza a União a ceder, de forma integral, o direito à sua parcela do excedente em óleo proveniente de partilha de produção e de acordos de individualização da produção em áreas não contratadas na área do pré-sal ou em áreas estratégicas”.

Lá se foi a autossuficiência tão buscada por 53 anos pelos brasileiros, perdendo noites de sono, arriscando-se nas selvas e no alto mar, estudando, pesquisando, trabalhando e, por fim, descobrir a maior reserva de petróleo do último meio século.

E realizada em condições tão difíceis que, até hoje, passados quinze anos, ainda é a única empresa de petróleo no mundo com capacidade técnica para produzir o petróleo encontrado abaixo da camada de sal, em torno de 3.500 metros abaixo da superfície do Oceano Atlântico.

Para melhor aproveitar esta riqueza, que não se repõe, que não se substitui, aprovou-se o Regime de Partilha, pelo qual, “o Brasil prevê maior controle da exploração do petróleo e, assim, a obter maior vantagem econômica e estratégica”. E agora, por razões que não se justificam se adotássemos o interesse do Brasil e do seu povo, vai para a lata do lixo!

Não ousarei afirmar que as razões são corruptas, embora o neoliberalismo ande de braços dados com a corrupção. Explico: como aceitar a ideologia que, de início, garante que a competitividade é a única maneira de triunfar, colocando irmão contra irmão, e oferece como prêmio a concentração de renda, ou seja, um ganha e todos outros perdem ou morrem?

Extingue-se a soberania brasileira, e quem vai defender o Brasil, altaneiro? Confiante? se o chefe maior das forças armadas bate continência para bandeira estrangeira. E nem se diga que era ato de cortesia recíproca. Que recebe emissários das finanças apátridas que lhe impõem sua pauta, a diretriz para o governo nacional; é o “mercado” quem manda, não é?

Perde também o povo brasileiro que tinha na riqueza do pré-sal os recursos para educação e saúde, construindo a cidadania. E, com o uso inteligente e o interesse nacional nesta energia, impulsionar o desenvolvimento, logo o aumento do número de empregos no País.

Corre aceleradamente para camuflar a política de preço dos derivados do petróleo (gás de cozinha, diesel, gasolina) projeto de lei que altera a tributação. É de clamar aos céus tamanha ofensa à inteligência, porém como o interesse é do capital apátrida, todos fingem ser a solução.

Observem senhores. A tributação no Brasil é decorrente da escravidão que, legalmente, durou 400 anos e, efetivamente, nunca deixou de existir (uber, micro empreendedor individual – MEI, pj e outras formas de prorrogar a escravidão continuam).

Aqui não se taxa renda e propriedade, se tributa consumo, muito democrático: o miserável, o mendigo, e o dono do banco, o latifundiário, pagam o mesmo imposto pelo feijão que comem. Esta política tributária ajuda a manter a sociedade mais desigual do planeta.

Quem está sofrendo com o PPI, preço de paridade de importação – jabuticaba introduzida pelo Pullen Parente e mantida pelos sucessores semelhantes – é o motorista do uber, do táxi, o motoboy da entrega, o caminhoneiro autônomo, a dona de casa, e mesmo o classe média que sai no seu carro.

Explicitando o PPI. O Brasil ainda está autossuficiente em petróleo; mais dia menos dia, passando a propriedade destas reservas para empresas estrangeiras, ele voltará a ser importador. Mas consideremos o País autossuficiente. O custo da produção do petróleo no Brasil, juntando a altíssima produtividade e o volume do pré-sal aos campos terrestres mais antigos do Recôncavo Baiano e da bacia Sergipe-Alagoas, adicionado ao custo médio de refino dos derivados não supera R$ 1,50 o litro. Vamos usar o litro como medida porque é assim que se compra gasolina, diesel, álcool combustível, nos postos de serviço. Este seria o preço “no portão da refinaria”.

No entanto, o PPI estabelece que este preço deva ser o do petróleo adquirido no exterior, supomos no Golfo do México, acrescido do transporte, da internação no Brasil, dos custos dos seguros, das variações cambiais, transporte interno do porto até a refinaria. Ora, nem por graça divina, pode se igualar ao preço do produto produzido no País. A depender da localização da refinaria será um pouco mais, ou pouco menos do que a média.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese), em março passado, divulgou que o litro de derivado estava custando R$ 2,62. Setenta e cinco por cento a mais. Vê-se, no entanto, que a refinaria privatizada “para aumentar a concorrência”, na Bahia, a modernizada RLAM, conforme denunciam os petroleiros baianos, está cobrando mais caro do que “no portão” de qualquer outra, ainda administrada pela Petrobrás. E observe caro leitor, a RLAM está ao lado de terminal marítimo (Madre de Deus), o eventual custo de transporte interno seria mínimo. Imagine quando privatizarem a Refinaria Gabriel Passos, em Betim, Minas Gerais, a 540 km do porto de Vitória!

Enfim, tudo que se articula nos ministérios da Economia, de Minas e Energia, no Congresso e na Justiça (aprovou a venda de subsidiárias (sic) da Petrobrás sem autorização do Congresso) não tem o objetivo de proteger o patrimônio nacional, os bens, os ativos materiais e culturais desenvolvidos pelo povo brasileiro.

Parecem o censor romano, indignado na tribuna, a clamar “carthaginem delendam esse”, hoje, entreguem ao “mercado”, aquele que deve tomar conta do Brasil; não importa se são capitais apátridas e formados por ações criminosas.

* Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Clube de Engenharia: "privatização da Petrobrás e da Eletrobras são crimes de lesa-pátria"

Quinta, 9 de junho de 2022

Privatização da Petrobras e Eletrobras
Publicado no Portal do Clube de Engenharia em 07/06/2022


A Diretoria do Clube de Engenharia considera um CRIME DE LESA-PÁTRIA qualquer iniciativa açodada de promover a privatização da Petrobras e da Eletrobrás sem uma discussão maior junto à sociedade brasileira. Estas estatais representam uma poupança coletiva de todos os brasileiros, acumulada há décadas, e que cumpre um papel essencial ao bem estar da sociedade. São elas que asseguram produtos indispensáveis à vida dos brasileiros: gás, luz, gasolina, diesel, água e milhares outros bens só possíveis com a transformação do petróleo e utilizando a energia como insumo.

Ao não conseguir estabelecer políticas adequadas para administrar este fabuloso patrimônio nacional, o atual Governo Federal atesta, também nesta área, a sua insensibilidade, posto que seus antecessores, dos mais diversos vieses ideológicos jamais expuseram os brasileiros a desembolsarem 10% do salário mínimo para comprar um botijão de gás.

Há soluções mais adequadas para resolver o problema, que estão sendo expostas a todo momento por especialistas no setor de energia. Mas o essencial é romper o vínculo, determinado pelo Governo Federal, de amarrar os preços dos produtos no Brasil aos internacionais, sem que os salários dos trabalhadores tenham o mesmo tratamento.

A privatização da Eletrobrás e Petrobras é também um tiro no coração no setor produtivo, seja na indústria, nas áreas científica e tecnológica, no setor de serviço, na Engenharia e nas oportunidades de empregos qualificados no Brasil. Vendidas estas empresas, muito provavelmente para grandes concorrentes internacionais, seus novos gestores se preocuparão primeiro em contratar bens e serviços, e profissionais dos países onde têm suas sedes. E o Governo Federal contribui para isto, ao propor através do Ministério da Economia o Projeto de Lei 1024/2020, que pretende abrir o mercado de trabalho da Engenharia aos estrangeiros.

A história da privatização no Brasil é repleta de exemplos desses fatos, quando ocorre a substituição dos monopólios estatais por oligopólios privados estrangeiros com o consequente desmantelamento das cadeias produtivas nacionais.

Estamos a dois meses de iniciar o processo eleitoral no Brasil onde projetos distintos de país serão analisados por todos os brasileiros, de modo a, em 2023, definir os rumos da nação. Não há porque apressar decisões que mexam profundamente no nosso destino, mormente na área de Energia. Há que se criar a oportunidade de ouvir as alternativas de caminhos para superar a crise que nos assola, inclusive o papel essencial ou não destas estatais na solução. Este debate é antes de tudo um direito dos brasileiros, e o Congresso Nacional e o Executivo Federal devem ter a devida atenção para integrarem-se a este esforço, dispensando aventuras inoportunas e antipatrióticas.

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terça-feira, 6 de julho de 2021

Correios: serviços postais e correio aéreo nacional não podem ser privatizados, opina PGR

Terça, 6 de julho de 2021

Manifestação foi em ação ajuizada pela Associação dos Profissionais dos Correios

O procurador-geral da República, Augusto Aras, opinou pela procedência parcial da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6.635, ajuizada pela Associação dos Profissionais dos Correios (ADCap). A ação questiona diversas normas que tratam do serviço postal e da desestatização dos Correios, definida pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (CPPI).

terça-feira, 30 de abril de 2019

Décio Oddone (ANP) usa falácias para defender privatizações na Petrobrás

Terça, 30 de abril de 2019


Da AEPET
Escrito por  Felipe Coutinho*


em 29 Abril
O termo falácia deriva do verbo latino fallere, que significa enganar.
Designa-se por falácia um raciocínio errado com aparência de verdadeiro. Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente incoerente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público, apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. (Wikipedia)
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por seu diretor-geral, Décio Oddone, no afã de defender o indefensável, nos entulha de falácias sobre a economia e a gestão do petróleo no Brasil.
FALÁCIA #1: A recente crise do preço do diesel é resultado da concentração no setor de petróleo e gás
“A recente crise do preço do diesel mostrou o resultado de um modelo que vem fazendo água há tempos: o da concentração no setor de petróleo e gás. ” (Oddone, 2019)
Esta falácia deve ser classificada como de Falsa Causa. Ela acontece quando se afirmar que apenas porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados.
A Petrobrás detém cerca de 98% da capacidade de refino no Brasil, mas a greve dos caminhoneiros de maio de 2018 e a recente crise relativa ao reajuste do preço do diesel não são consequências disso. São consequências da política de preços iniciada por Pedro Parente, em outubro de 2016, e mantida pelas direções da Petrobrás desde então.
Com maior ou menor concentração no setor, a prática de preços vinculados à variação do preço do petróleo no mercado internacional e superiores aos custos de importação, em períodos de elevação do preço do petróleo e/ou de desvalorização cambial, resultam em preços altos dos combustíveis que motivaram e motivam a mobilização dos caminhoneiros.
Portanto, a crise do preço do diesel é resultado da desastrosa política de preços dos combustíveis, que lhes traz a volatilidade dos preços internacionais do petróleo e a desnecessária paridade destes preços aos custos de importação. Esta política desconsidera que a Petrobrás é capaz de produzir petróleo, refina-lo e abastecer o mercado de diesel do país com custos muito menores, em comparação com os custos de importação.
FALÁCIA #2: O petróleo caminha para a obsolescência
“O petróleo caminha para a obsolescência, mas ainda não conhecemos o potencial brasileiro, pois grande parte do nosso território segue inexplorada. ” (Oddone, 2019)
Esta falácia é classificada como de Apelo à Consequência e à urgência. Considera uma premissa como se fosse verdadeira porque sua consequência é desejada.
Oddone afirma que o petróleo caminha para a obsolescência e assim deixa subentendido que será substituído por melhores fontes primárias de energia.
Assim ele apela à urgência para explorar o petróleo, tenta convencer ao seu leitor que o Brasil deve promover aceleradamente a exploração, produção e exportação de petróleo cru por multinacionais estrangeiras. Apesar de nenhum país ter se desenvolvido a partir da exportação de petróleo cru por companhias estrangeiras.
O petróleo é mais do que uma simples mercadoria negociada nas bolsas de valores. É um ativo estratégico para a defesa do Brasil e o desenvolvimento tecnológico e econômico da Nação.
A produção de derivados de petróleo é crucial para garantir a mobilidade de pessoas e de cargas, aumentar a produtividade do trabalho, dinamizar a atividade econômica, além de viabilizar a cadeia de valor das indústrias petroquímicas, de fertilizantes e de transformação. O petróleo e seus derivados são recursos chave na geopolítica internacional e fundamentais para o complexo industrial-militar de defesa.
De acordo com os cenários de referência das instituições da indústria - Agência Internacional de Energia (IEA), Departamento de Energia dos EUA (DOE) – e publicações especializadas, o petróleo continuará sendo a principal fonte primária de energia do mundo, no horizonte 2040. 
FALÁCIA #3: A produção dos campos maduros da Bacia de Campos e do Nordeste declinam por falta de investimentos
                                                            “Os campos maduros da Bacia de Campos e do Nordeste declinam por falta de investimentos.” (Oddone, 2019)
Esta falácia é tipificada como de Causa Complexa. Ocorre quando se supervaloriza uma causa quando há várias, ou um sistema de causas.
O declínio da produção em campos maduros é resultado do esgotamento das reservas, com a elevação dos custos de produção e a redução da produção de petróleo em relação ao gás natural e/ou à água utilizados nas técnicas de recuperação.
Os investimentos podem retardar o início do declínio e reduzir sua velocidade, mas estão submetidos às restrições econômicas e da natureza das reservas.
FALÁCIA #4: O Brasil se tornou exportador de petróleo cru e importador de combustíveis porque não há refinarias suficientes
                                                        “Por não ter refinarias suficientes, nos tornamos um exportador de petróleo que importa combustíveis. ” (Oddone, 2019)
Esta é uma falácia de Terceira Causa. Trata-se de ignorar a existência de uma terceira causa, não levada em conta nas premissas.
O Brasil se tornou importador relativamente crescente de combustíveis, pela política de preços adotada pela direção da Petrobrás, desde outubro de 2016.
Com preços altos em relação ao custo de importação, o diesel da Petrobrás fica encalhado nas suas refinarias e parte do mercado brasileiro é transferido para os importadores. A ociosidade das refinarias brasileiras aumenta, há redução do processamento de petróleo e da produção de combustíveis no Brasil. Aumenta a exportação de petróleo cru.
Combustíveis produzidos nos EUA são trazidos ao Brasil por multinacionais estrangeiras da logística e distribuídos pelos concorrentes da Petrobrás.
A Petrobrás perde com redução da sua participação no mercado. O consumidor paga mais caro, desnecessariamente, com o alinhamento aos preços internacionais do petróleo e à cotação do câmbio.
Ganham as refinarias dos EUA, as multinacionais da logística e as distribuidoras privadas. Também são beneficiados os produtores e importadores de etanol, com a gasolina relativamente mais cara que perde mercado.
A exportação de petróleo cru se deve à redução do seu processamento nas refinarias brasileiras que se tornaram ociosas, assim como pela elevação da produção de petróleo no país.
Em 2018, 24% do diesel consumido no Brasil foi importado, a maior parte (84%) veio dos EUA. Se o fator de utilização do parque de refino da Petrobrás - em 2018 de apenas 76% - tivesse sido igual ao de 2014, de 98%, se importaria perto de 5% do diesel consumido no país.
A capacidade de refino nacional é compatível com nosso mercado atual de combustíveis, o problema é que ela é subutilizada em consequência da desastrosa política de preços adotada desde 2016.
Cabe registrar que novos investimentos no Refino, Transporte e Comercialização são necessários, considerando que o consumo per capita de energia no Brasil é relativamente baixo e que devemos promover o crescimento econômico e o desenvolvimento humano e social que dependem do aumento do consumo de energia.
FALÁCIA #5: A Petrobrás tem o “monopólio de fato” no refino e por isso o debate sobre os preços contamina o governo
                                                        “Como a estatal detém o monopólio de fato no refino, o debate sobre os preços dos combustíveis contamina o governo. “ (Oddone, 2019)
Esta é uma Falácia de Distorção dos Fatos combinada com a Falácia da Terceira Causa.
Oddone parte do princípio de que existe o “monopólio de fato” do refino para depois dizer que ele é a causa do questionamento ao governo sobre o preço dos combustíveis.
Desde 1997, não há monopólio no segmento de refino exercido pela Petrobrás. O mercado brasileiro é aberto e competitivo.
A alegação de que existe “monopólio de fato” no setor de refino do Brasil, implicaria na possibilidade da Petrobrás praticar preços acima do nível competitivo e, mesmo assim, não incorrer em perda de mercado (market share).
Essa hipótese é falsa, conforme mostram os dados de perda de participação no mercado da Petrobrás nos anos de 2016 e 2017, quando a empresa perdeu parcela significativa do mercado de diesel (acima de 20%, ou 200 mil bpd) para refinarias estadunidenses, localizadas no Golfo do México, ao praticar preços acima da paridade de importação (PPI).
O aumento expressivo da ociosidade do parque de refino brasileiro em 2017 e no primeiro trimestre de 2018 (quando se aproximou de 30%) também comprova a nulidade do conceito de “monopólio de fato” no refino do Brasil, uma vez que mostra a incapacidade da Petrobrás sustentar preços acima da PPI sem perda de market share.
Tal fato revela um outro conceito econômico associado a estrutura de mercado denominada monopólio, o do Mercado Relevante.
Ao se verificar que a concorrência de um mercado baseado em uma commodity, como a gasolina e o diesel, acontece entre empresas situadas em uma região mais ampla que as fronteiras de um país, deve-se ampliar o Mercado Relevante na qual se insere a análise do monopolista hipotético. Nesse caso, deve-se ampliar para a Bacia do Atlântico, onde se situam as principais concorrentes da Petrobrás, sobre o mercado brasileiro de derivados. (AEPET, 2019)
Mas quais são as verdadeiras causas da “contaminação” do governo pelo debate relativo à política de preços dos combustíveis?
A importância dos combustíveis para a economia se evidencia pelo impacto dos seus preços, em especial do diesel, em custos de produção e preços de tantas outras mercadorias essenciais à vida moderna.
A elevação dos custos dos caminhoneiros e a dificuldade de se elevar os preços dos fretes, sem impactar a viabilidade de diversos setores da economia, levam à questão do preço ao governo que precisa assumir seu papel de regulador da economia e mediador de crises.
Acabar com o falso “monopólio de fato” da Petrobrás no Refino não vai evitar que a questão dos preços dos combustíveis alcance o governo. O Governo não pode se eximir de administrar o País.
FALÁCIA #6: A venda dos ativos da Petrobrás nos levará à modernidade, à competição e à transparência e trará aumento do investimento no setor
“Se a Petrobras vender seus campos maduros, a metade do parque de refino e as subsidiárias que operam na distribuição de combustíveis e de GLP, como anunciou, se o mercado de gás for aberto para a competição, como tem sido discutido, e se a ANP estipular regras claras para a divulgação dos preços, estarão dados os passos mais importantes para modernizar o setor. Em pouco tempo teremos substituído um monopólio por uma indústria competitiva e transparente. Os investimentos crescerão. Os preços passarão a ser ditados pela competição e a ser divulgados de forma transparente, tornando sem sentido potenciais intervenções do governo. ” (Oddone, 2019)
Neste trecho há uma coletânea de falácias. Destaco a Falácia da Teoria Irrefutável. Quando se apresenta argumentos e hipóteses que não podem ser testadas.
Como vimos anteriormente não há monopólio, a onda privatista defendida pode não trazer, e certamente não trará, com ela uma indústria competitiva e transparente.
A desnacionalização da indústria do Refino, Transporte e Comercialização de petróleo e combustíveis no Brasil pode trazer, isto sim, a formação de oligopólios privados de capital estrangeiro que buscam maximizar seus lucros de curto prazo.
É mais provável que haja aumento dos preços e sua vinculação ao preço internacional do petróleo, os lucros do segmento serão remetidos ao exterior, enquanto os bens e serviços serão contratados fora do país.
As desnacionalizações de outros setores da economia demonstram historicamente suas consequências para a economia do Brasil. A alegação de que privatizações trazem maiores investimentos não tem respaldo histórico.
Entre 2009 e 2014, a Petrobrás investiu US$ 292 bilhões, média anual de US$ 48,7 bilhões, em valores atualizados. Esta é a realidade concreta que deve ser contrastada com projeções ilusórias de abundância de capital estrangeiro em investimento produtivo no Brasil.
Por último, mas não por ser menos relevante, a competitividade em mercados com características idênticas a do petróleo - energias, em geral, indústrias de base e comunicações - são, no século XXI, majoritariamente controlados por megaempresas financeiras, que detêm o controle acionário das poucas empresas com tecnologia e economia para neles atuar. Assim, é ilusório imaginar que haverá competição entre empresas de um mesmo dono. O insucesso da política de incentivos para a indústria automobilística, promovido pela ex-presidente Dilma Rousseff (2011/2012), foi uma comprovação desta assertiva.
* Felipe Coutinho é presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
http://www.aepet.org.br/w3/
Referências