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(Millôr Fernandes)
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Nestlé e a privatização da água: um conto de muitas cidades.

Segunda, 6 de janeiro de 2019

dinamicaglobal.wordpress.com

Em 14 de novembro, o grupo canadense Wellington Water Watchers organizou a conferência “Todos os Olhos na Nestlé” na cidade de Guelph, Ontário, reunindo movimentos de povos e cidadãos indígenas que combatem as tomadas de água da Nestlé no Canadá, EUA, França e Brasil.

Após esse evento público, os representantes das organizações envolvidas se reuniram para um workshop para troca de informações e discussão de possíveis estratégias comuns de resistência a essa empresa gigante de captação de água. Das experiências e histórias compartilhadas por grupos tão diferentes quanto o Collectif Eau 88 – da cidade de Vittel, França – Save Our Water – de Elora, Canadá – ou os cidadãos do Michigan para a Conservação de Água – dos EUA – ficou claro que é um padrão comum em todos esses lugares onde a Nestlé leva água para suas instalações de engarrafamento, ao contrário da alegação dessas empresas de que qualquer problema é sempre apenas uma questão local. Esse padrão comum mostra, por exemplo, que a quantidade de água retirada – pela qual a Nestlé paga quase nada – geralmente faz com que os níveis de água subterrânea afundem, afeta os ecossistemas e coloca em risco o suprimento de água dos cidadãos locais. Em Vittel, por exemplo, a Nestlé e a comunidade captam água do mesmo aqüífero e as instituições estatais francesas reconhecem que essa situação põe em risco o aqüífero, uma vez que as tomadas de água foram mais rápidas que o reabastecimento natural. A solução proposta pelas autoridades francesas? Construir um oleoduto de cerca de 14 km para trazer água de outro lugar para os habitantes de Vittel, para que a Nestlé possa continuar sem perturbar seus negócios bombeando as águas subterrâneas de Vittel !!!

quinta-feira, 15 de março de 2018

Governo usa Fórum Mundial da Água para defender interesse comercial de empresas

Quinta, 15 de março de 2018
Entre os financiadores do evento, estão grandes conglomerados que usam a água como principal fonte de renda

Por José Eduardo Bernardes - Brasil De Fato / Edição: Juca Guimarães / Foto: Agência Brasil
e Portal CotextoExato

As companhias transnacionais e entidades governamentais interessadas na gestão da água para os próximos anos, se encontram em Brasília, de 18 a 23 de março, na 8ª edição do Fórum Mundial da Água. No entanto, para os movimentos populares que acompanham a disputa pela água no Brasil, o encontro é, na verdade, uma reunião de organismos internacionais dispostos a tirar do papel os planos de privatização de um dos bens mais imprescindíveis à vida humana e aumentar seus lucros financeiros.

Entre as empresas que financiam o evento, estão grandes conglomerados que concentram na água sua principal fonte de renda, como a Nestlé, uma das principais comercializadoras de água mineral do mundo. Também capitalizam o Fórum a Ambev, fabricante de cervejas e a Coca-Cola, que além de bebidas gaseificadas também lucra com a venda de água engarrafada.

terça-feira, 13 de março de 2018

Água é fonte de saúde e vida, não de lucro

Terça, 13 de março de 2018
A crise hídrica no Distrito Federal, no Brasil, e no mundo, precisa ser resolvida de forma consciente das dimensões complexas desse problema, o que nos evoca um chamamento às mulheres e homens, filhos(as) dessa cidade, ou por ela abraçados(as), nas nossas corresponsabilidades de participar do extraordinário momento da realização do 8º Fórum Mundial da Água, e marcarmos posições e proposições no  Fórum Alternativo Mundial da Água (que será realizado de 17 a 22 de março de 2018, em Brasília-DF).

Maria Fátima de Sousa[1]
Chico Sant'Anna[2]
Marivaldo Pereira[3]


Foto: Pedro França/Agência Senado.

   O século passado foi marcado pela onda de privatizações mundo a fora. O Brasil não ficou imune. Governo a governo, reina a tentação de entregar nas mãos das grandes corporações do mundo capitalista, um dos maiores bens essenciais à vida humana e planetária: a 
água. Sem ela danificamos o sistema vital, logo, insubstituível, pois nenhum ser vivo pode viver sem água, todos sabem. Ainda assim, aumenta o apetite das empresas transnacionais em quererem aumentar suas fortunas, comercializando-a, a despeito da destruição do meio ambiente.

Sabemos também que privatizar a água é um ato cruel, por vários motivos. Primeiro, é dever do Estado assegurar esse direito à vida, porque a água de beber, alimentar e higienizar, entre outros, deve ser gratuita e para todos, em todos os territórios. Segundo, porque o poder público governamental não deve transferir para a população a culpa da má gestão do emaranhado e complexo sistema estrutural na oferta, segura e sustentável da água. Oferta já escassa, que exige captação, conservação, tratamento e distribuição acessível e potável a todos, respeitando a natureza, e protegendo os ecossistemas. Terceiro, não menos importante, a água é fundamental à segurança de um saneamento básico adequado e com qualidade, contribuindo assim, para salvar vidas, com saúde digna.

Vejamos algumas informações essenciais ao nosso entendimento: no planeta Terra a água existe há 500 milhões de anos; 97,5% das águas dos mares e dos oceanos são salgadas e apenas 2,5% são doces. Mais de 2/3 das águas doces encontram-se nas calotas polares e geleiras e no cume das montanhas (68,9%); o restante (29,9%) são águas subterrâneas. Sobram 0,9% nos pântanos e 0,3% nos rios e lagos. Destes 0,3%, 70% se destinam à irrigação na agricultura, 20% à indústria e 10% destes 0,3% vão para uso humano e dessedentação dos animais.[4] (Rebouças apud Leonardo Boff[5]). 

Em 2015, já nos alertava Boff, que o planeta possui 1 bilhão e 360 milhões de km cúbicos de água. “Se tomarmos toda a água dos oceanos, lagos, rios, aquíferos e calotas polares e a distribuíssemos equitativamente sobre a superfície terrestre, a Terra ficaria mergulhada debaixo da água a três km de profundidade”.

A água se renova anualmente em 43 mil km cúbicos, enquanto o consumo total é estimado em 6 mil km cúbicos por ano. Portanto, não há falta de água. Mas, infelizmente se encontra mal distribuída. Vejamos: 60% dela está centralizada em apenas 9 países, enquanto 80 outros ficam em escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água enquanto para 1,4 bilhões ela é insuficiente (em 2020 serão três bilhões) e para dois bilhões, não é tratada, o que gera 85% das doenças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, prevê-se que em 2032, cerca de 5 bilhões de pessoas serão afetadas por sua escassez.

O Brasil é a potência natural das águas, com 12% de toda água doce do planeta perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos. Mas é desigualmente distribuída: 72% na região amazônica, 16% no Centro-Oeste, 8% no Sul e no Sudeste e 4% no Nordeste. Apesar da abundância, não sabemos usar a água, pois 37% da tratada são desperdiçados, o que daria para abastecer toda a França, a Bélgica, a Suíça e norte da Itália.

Em seu livro, Água: pacto azul (2009), a canadense Maude Barlow afirma que “a população global triplicou no século XX, mas o consumo da água aumentou sete vezes. Em 2050, quando teremos 3 bilhões de pessoas a mais, necessitaremos de 80% a mais de água somente para o uso humano; e não sabemos de onde ela virá” (p.17). Estamos todos, seres vivos de todas as espécies, condenados à sede global.

Por tudo isso, e mais, não compreendo porque insistem em tratar a água como fonte de lucro. Afinal, as nações e suas cidades capitais que entraram nessa onda de privatizarem suas empresas de saneamento, já fizeram o caminho de volta. Podemos citar na Europa, a cidade luz, Paris; Berlim, na Alemanha; Atlanta e Indianápolis, nos Estados Unidos; e até nosso vizinho Buenos Aires, na Argentina. Junto a essas, quase 200 cidades se arrependeram desse ato desumano, pouco solidário de aumentar o preço no acesso a água, sobretudo para os povos mais pobres. Fica a pergunta, por que tanto teimam em oferecer ao mercado especulativo as nuvens, os mares, os rios, as cachoeiras, os lagos, os pântanos, sabendo que sem eles, todos morreremos? Afinal, os mananciais são bens de saúde pública e do cuidado integral ao urbanismo. Melhor, ao direito à cidade saudável.

Esses valores, humanitário e societário, os diversos governos do Distrito Federal, não compreenderam até hoje. Haja vista a grave crise da água em Brasília, que se aprofundará nos próximos anos, se as providências não forem delegadas ao “divino”. Quem de nós não foi privado dos cortes de água? Mais de 85% dos moradores dessa cidade, ou seja, 2,1 milhões de pessoas foram afetadas pelo racionamento; suas torneiras ficaram em silêncio. Nenhum pingo d’água. E é bem verdade que o governo Rollemberg, ao cobrar 20% de taxa extra na conta da água, outra vez pega os mais pobres, tirando deles o que já não possui.

Atribuir à população o “uso irracional” da água, prorrogar a situação de emergência, ao invés de pensar alternativas sistêmicas à situação crítica, não só de sua escassez, mas de outros tantos graves problemas dos ecossistemas do cerrado não é o melhor caminho. Somente com um Planejamento Urbano, Integrado e Sustentável, e com a presença real da população, poderemos assegurar um ciclo virtuoso na promoção da justiça ambiental e do direito a viver na capital da República, recolocando-a em novos e outros trilhos. 

A crise hídrica no Distrito Federal, no Brasil, e no mundo, precisa ser resolvida de forma consciente das dimensões complexas desse problema, o que nos evoca um chamamento às mulheres e homens, filhos(as) dessa cidade, ou por ela abraçados(as), nas nossas corresponsabilidades de participar do extraordinário momento da realização do 8º Fórum Mundial da Água, e marcarmos posições e proposições no  Fórum Alternativo Mundial da Água (que será realizado de 17 a 22 de março de 2018, em Brasília-DF).

Precisamos nos unir aos nossos irmãos e irmãs do mundo na incansável peleja de encontrarmos outras formas em torno de ‘soluções para a água baseadas na natureza’, e na preservação de suas fontes como essenciais à saúde e à vida, e não ao adoecimento de governos inconsequentes, que colocam junto de si empresas multinacionais, cujos olhares se voltam apenas aos lucros desenfreados, sem medidas em seus egoísmos do poder econômico, financeiro, agravando assim o descarrilamento no atendimento das reais necessidades de direitos da população.


[1] Doutora honoris causa pela Universidade Federal da Paraíba. Professora Associada do Departamento de Saúde Coletiva, da Universidade de Brasília, com estágio pós doutoral na Université du Québec à Montréal. (UQAM) E-mail: fatimasousa@unb.br
[2] Jornalista.
[3] Auditor Federal de Finanças e Controle e ex-secretário Executivo do Ministério da Justiça.
[4] Rebouças, A. Águas doces no Brasil. São Paulo: Escrituras, 2002.

[5] Leonardo Boff. A água no mundo e sua escassez no Brasil. 

https://leonardoboff.wordpress.com/2015/02/02/a-agua-no-mundo-e-sua-escassez-no-brasil/


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segunda-feira, 12 de março de 2018

domingo, 11 de março de 2018

Água: Fórum das Corporações custará ao povo brasileiro mais de 50 milhões de EUROS; só do GDF SÃO MAIS DE €30 MILHÕES

Domingo, 11 de março de 2018
Informação do Gama Livre aos leitores desta postagem. Um euro vale um pouco mais do que R$4. Donde se depreende que o fórum das corporações interessadas na privatização da água consumirá mais de 200 milhões de reais do governo. Desses, mais de 120 milhões de reais serão desembolsados pelo governo do Distrito Federal.


Por Thiago Ávila*
Foi divulgado recentemente um Orçamento e Balanço de Despesas para a realização do 8º Fórum Mundial da Água no próprio website do evento (você pode acessar o documento através desse link). Apesar de não ser um relatório com o grau de detalhamento que um evento financiado com dinheiro público demandaria, esse é o primeiro documento oficial que começa a decifrar o mistério do quanto custará aos cofres públicos esse Fórum das Corporações, algo que já vinha sendo solicitado por organizações da sociedade civil, movimentos sociais e até setores da imprensa que, mesmo evocando a Lei de Acesso à Informação, até o momento não tinham acesso a uma prestação de contas mínima do evento ou algum indicativo da participação financeira do governo brasileiro e do Governo do Distrito Federal nesse evento.
O motivo do constrangimento em publicar os dados torna-se evidente quando analisamos já a primeira página do documento, onde mostra que apenas o Governo do Distrito Federal (através da ADASA) está pagando mais de 30 milhões de euros para a realização desse fórum(sendo que 93% desse valor já havia sido pago ao Conselho Mundial da Água, organizador do Fórum, até fevereiro). Desses 30 milhões de euros, dois itens chamam atenção: os cerca de dois milhões desse valor que foram retirados do fundo de previdência dos aposentadosdo GDF e os 5,5 milhões de euros que foram pagos ao Conselho Mundial da Água apenas para que o Distrito Federal adquirisse os “direitos de realização” do 8º Fórum em Brasília. E isso em um contexto de austeridade com a saúde sucateada, educação precária e uma grave crise de infraestrutura urbana no Distrito Federal entrando em colapso pela falta de manutenção periódica de construções de grande e médio porte.
A participação do Governo Federal também chama muita atenção. Em um contexto de programas sociais e políticas públicas importantes sendo abandonadas, o governo de Michel Temer através da ANA (Agência Nacional das Águas) resolveu investir 22 milhões de euros no Fórum das Corporações (sendo que até fevereiro havia sido pago pouco menos que a metade desse valor ao Conselho Mundial da Água). Esse valor, assim como o que foi investido pelo GDF, não passou por qualquer momento de consulta pública à população para verificar o real interesse público para um financiamento desse porte.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Privatização da água ameaça meio ambiente e saúde humana

Quinta, 8 de fevereiro de 2018
Domínio da água “mineral” sobre a “torneiral” põe em risco a sobrevivência das fontes e demanda produção de copos, garrafas e garrafões, que podem causar doenças como o câncer.

Por Cida de Oliveira - RBA / Foto: AEPET
e Portal ContextoExato

A propaganda é sempre a mesma. Tenta convencer a sociedade de que o poder público não tem condições de fazer os investimentos necessários para melhorar os serviços prestados à população e que a alternativa que resta é transferir a gestão para empresas particulares.

O problema é que esses acordos são firmados por meio de contratos de longa duração, com vigência média de 30 anos, sem fiscalização pelo controle social e ainda impõem cláusulas que livram o parceiro empresarial de eventuais prejuízos. Direito humano fundamental declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2010, a água que deveria estar acessível a toda a população, e com qualidade, é a bola da vez. A privatização da água está nas negociações entre governantes e megaempresários que pretendem colocá-la à disposição dos que podem pagar.