Segunda, 15 de setembro de 2025
Relatos do religioso revolucionário denunciaram os horrores da ditadura militar ao Brasil e ao mundo
Play
29:07Download
29:07
No último registro audiovisual em vida do religioso revolucionário Frei Tito, o frade dominicano relata os detalhes da tortura que sofreu quando foi preso pela ditadura militar. Em entrevista ao documentário “Brazil: a report on torture”, filmado no Chile em 1971 por Saul Landau e Haskell Wexler, ele fala sobre a violência da qual foi vítima, de maneira objetiva e reafirma a própria voz como ferramenta de denúncia dos horrores praticados pelo regime.
Em dado momento da conversa, o ativista fala sobre a tentativa de tirar a própria vida, após sessões de tortura. Perguntado pelos documentaristas sobre o motivo do gesto, ele é enfático. “Cortei as veias do meu braço, em uma tentativa de pôr o fim à tortura e poder fazer assim, uma denúncia verdadeira de que o Brasil não é mais o país somente do samba, do futebol, do Pelé, mas é também um grande campeão da tortura“, diz o religioso.
No ano anterior, enquanto ainda estava preso, Frei Tito escreveu uma carta na prisão que ganhou o mundo. O documento detalhava os métodos de tortura sofridos, incluindo choques elétricos, socos, queimaduras e abuso psicológico intenso. Publicado na imprensa internacional, o texto é considerado um dos primeiros registros públicos dos horrores da ditadura militar. Nele, o calvário do religioso que virou mártir fica explícito, assim como o sofrimento imposto às outras vítimas do regime.