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(Millôr Fernandes)

domingo, 25 de julho de 2010

Autor do Ficha Limpa cogita criar proposta de reforma política

Domingo, 25 de julho de 2010
Do Contas Abertas
Leandro Kleber

“Não acreditava que fosse ser aprovado com um texto tão bom”. Essa afirmação é do juiz Márlon Reis, um dos autores e redatores do projeto Ficha Limpa. Membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MMCE), responsável pela iniciativa e coleta das mais de 1,5 milhão de assinaturas da proposta, Reis reconhece que, no início, a pior hipótese pensada era a de reprovação completa do projeto. “Mas a campanha já tinha tido algum efeito: a mobilização social”, diz.

 Em entrevista ao Contas Abertas (CA), o juiz admite que o movimento já pensa, depois do sucesso do Ficha Limpa, em produzir uma proposta de reforma política para enviar ao Congresso Nacional. “Já há um diálogo e eu sou um dos defensores de que a próxima campanha seja essa. Temos que promover um debate de ideias entre as organizações da sociedade civil visando à completa mudança do sistema eleitoral, com a finalidade de atingir o centro do problema político”, afirma.

CA - O senhor acredita que muitos candidatos, de fato, serão barrados? Qual a sua expectativa para as eleições em outubro?

Reis - Muitos candidatos de fato já foram barrados. Mas não será possível dimensionar os efeitos do Ficha Limpa porque muitos já deixaram de ser candidatos e lançaram parentes - sobrinhos e filhos - para escapar. Nós vamos saber quem estava cogitando candidatura e deixou de lado para não entrar na polêmica do Ficha Limpa. Só entrou mesmo quem não tinha alternativa, quem não tinha nada a perder e não pode ficar de fora. Esses tentam até o último minuto. Os que tinham alternativas trocaram logo no começo por alguém que não irá ter problemas, evitando um desgaste na campanha. O impacto da lei já houve. Agora, vamos ver os desdobramentos em relação a quem não tinha alternativa e tentou a candidatura de qualquer maneira.