Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Agnelo aumenta secretarias para se blindar

Sexta. 30 de dezembro de 2011
Até 1º de janeiro deste ano, a população do Distrito Federal assistiu a um governador eleito, José Roberto Arruda, e seu vice, Paulo Otávio, serem afastados por suspeita de corrupção. Sucedeu-lhes Roberto Rosso, cuja marca foi o abandono da cidade decorrente da ineficiência administrativa. Agnelo Queiroz (PT) assumiu o Palácio do Buriti em ambiente de alta expectativa de que alterasse essas rotinas que tomaram da capital da República. O novo governador, porém, conseguiu intensificá-las.

O dia-a-dia do seu governo é marcado por denúncias de corrupção, muitas de irregularidades e desmandos da época em que o governador foi ministro do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que atingem diretamente o governador e seus principais auxiliares, boa parte delas incrementadas com fatos controversos que só ampliam a folclórica política local. Na semana passada, o policial João Dias, o mesmo que denunciou a corrupção no Ministério do Esporte (de onde saiu Agnelo), entrou no Buriti com R$ 159 mil em espécie para, segundo ele, devolver parte da propina que recebera do homem-forte do governo, o secretário da Casa Civil, Paulo Tadeu (PT). O dinheiro teria por objetivo dar um "cala-boca" em Dias e impedir que ele denunciasse esquemas de corrupção de Agnelo. Tadeu nega.

Mas não bastassem episódios como esse, faltam investimentos em áreas alardeadas na campanha como prioritárias, o que tem levado à insurreição contra o governador a ampla base do funcionalismo público petista que o ajudou a chegar ao poder. As greves, ou as ameaças de greve, são o tom dessa relação.

A despeito disso, Agnelo e os que o cercam seguem inabaláveis. Em novembro, na comemoração de seu aniversário, atacou a "extrema-direita" pelas críticas e denúncias e comparou-se ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, o fundador da capital.

Brasília, porém, poderia ainda estar em construção se Agnelo estivesse à frente das obras. É o que se constata pela análise da execução orçamentária. Nenhuma das principais secretarias ultrapassou 40% de recursos liquidados este ano, de acordo com dados do Sistema de Gerenciamento Orçamentário extraídos em 9 de dezembro pela equipe técnica da deputada oposicionista Celina Leão (PSD). Obras, por exemplo, teve 23% dos recursos liquidados, deixando em seu caixa disponíveis R$ 744,9 milhões. Em Transportes o desempenho foi pior; apenas 12% do R$ 1,1 bilhão de investimentos foi liquidado. Áreas tidas como prioritárias, saúde e educação, seguem o mesmo perfil. Em geral, a taxa da execução orçamentária de investimentos ficou em 16%.
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Você pode ler a íntegra da reportagem no "Valor Econômico" ou no Blog do Sombra.