Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 26 de março de 2017

De volta ao passado que não virá

Domingo, 26 de março de 2017
Da Tribuna da Internet
Carlos Chagas
Egocêntrico e vingativo. O rótulo se aplica, mais do que à metade da Humanidade, a quem o praticou. No caso, a Fernando Henrique Cardoso. Menos porque ele aplica o diagnóstico que o marcou como presidente, mais porque até hoje não desencarnou, muito pelo contrário. Não se passa um dia sem o sociólogo encenar novos capítulos do espetáculo patrocinado pelo seu próprio ego. Julga-se acima do Bem e do Mal, ainda agora repetindo o refrão de que “aqui estou eu, por que não me convocam?”

No fundo, portando uma melancia no pescoço, julga-se preparado para fazer aquilo que não fez nos dois mandatos que ocupou no palácio do Planalto. Quando lançado por Itamar Franco, dava a impressão de poder realizar mais uma etapa de sua biografia, falsamente expressa até sua eleição. Vinha de uma trajetória política medíocre mas acorde com as necessidades nacionais, de mais justiça social e melhoria das condições de vida dos excluídos. Ledo engano, porque pedindo a todos esquecerem o que havia escrito, revelou-se a expressão das elites às quais, revelou-se depois, sempre servira.
RETROCESSO SOCIAL – Nenhum presidente da República dilapidou tanto os sonhos de igualdade e de progresso social. Serviu diligentemente aos ricos e poderosos, engrenando marcha-a-ré nas conquistas sociais alcançadas a duras penas. Tornou-se o símbolo do retrocesso. Privatizou patrimônio público, retirou direitos dos excluídos e satisfez desejos e exigências dos mesmos de sempre.
Agora, FHC tenta apagar os resquícios das esperanças um dia despertadas naqueles que enganou. Ataca Itamar Franco, como se fosse a sombra reveladora de sua traição às origens.
Deseja o quê, em sua permanente tentativa de não ser esquecido? Apenas o impossível retorno ao passado.