Sexta, 24 de março de 2017
“Desde o início do mundo, um príncipe [pessoa instituída de autoridade política] sábio é ave rara, e um príncipe honesto, mais raro ainda”.
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Fonte: Conselho Nacional de Igrejas Cristã do Brasil
Carta da IECLB às autoridades
brasileiras
Carta da Direção da Igreja
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil-IECLB às Autoridades Responsáveis pela
Nação Brasileira
Disse ainda o Senhor: Certamente
vi a aflição do meu povo (...) e ouvi o seu clamor por causa dos
seus exatores. Conheço-lhes o sofrimento (Êxodo 3.7).
Movida pelo Evangelho de Jesus
Cristo, sabendo-se incumbida da tarefa profética, zelando pelo respeito à
justiça em favor da paz, a Presidência da IECLB, juntamente com Pastoras e
Pastores Sinodais, recorda o que tem sido expresso em cartas pastorais no ano
que passou, e admoesta as autoridades.
¨Há um clima de crescente tensão.
Em lugar da palavra são colocados gritos, empurrões. Cresce o confronto a
qualquer custo. Será que estamos esquecendo o que conquistamos a duras penas?
Cansamo-nos da bendita oportunidade de viver a democracia que se constrói com
diálogo? Afinal, a democracia não está à venda! É nossa convicção de que somos
livres, por graça divina, para cuidar bem desse bem!¨ (Carta Pastoral de Março
de 2016).
¨Vivemos momentos de muito
confronto. Crescem assustadoramente os gestos de intolerância, agressividade e
violência. Nesse contexto, como evitar o confronto pelo simples confronto? Quem
ganha ou lucra em uma sociedade polarizada?¨ (Por ocasião do Dia da Reforma, em
31.10.2016).
“Para onde estamos indo? Nosso
atual cenário político é tal que não sabemos o que poderá nos surpreender daqui
a algumas horas (...) A democracia no Brasil é frágil, e ela está ferida.
Historicamente, tivemos uma sistemática fragilização das instituições sob as
quais a democracia se sustenta e é promovida, enquanto sistema de Governo. E
hoje não é diferente, mas com o agravante de lesar a democracia como forma de
cidadania” (Carta Pastoral de 15.11.2016).
Em 2017, lamentavelmente, aumenta
o receio de que o Brasil caminha em direção ao abismo. Para exemplificar,
focamos o tema da reforma da Previdência. “Há quantas décadas ouvimos que
recursos desse caixa são desviados para viabilizar outros projetos. Há quanto
tempo ouvimos que é incalculável o montante de contribuições ao INSS que é
sonegado. O noticiário é farto em dados que denunciam aposentadorias
astronômicas para uma minoria privilegiada. Afinal, como os recursos pagos à
Previdência são administrados?” (Carta Pastoral de novembro passado).
Enquanto ecoam, e de forma
crescente, esses questionamentos em todo o território brasileiro, vicejam
notícias de que assuntos diretamente relacionados à vida da população sofrida e
marginalizada, como os que estão implicados na reforma da Previdência, estão
sendo avaliados e decididos em meio a negociações e manjares pouco
comprometidos com a superação da aflição da população (Amós 6.6). Aprofunda-se
o escândalo da corrupção. A legitimidade dos atuais legisladores está abalada
na sua essência, mesmo com exceções. Que autoridade lhes resta para revisar e
definir questões da amplitude de uma reforma trabalhista e previdenciária, que
irá impactar novamente naqueles setores da sociedade já fragilizados? O
descolamento da classe política do povo brasileiro é notório. Se sobra alguma
relação, ela é cínica e dissimulada. Diante do quadro reinante, a cantilena de
Martim Lutero soa como se tivesse sido composta no ano do Jubileu da Reforma,
em 2017: “Desde o início do mundo, um príncipe [pessoa instituída de autoridade
política] sábio é ave rara, e um príncipe honesto, mais raro ainda”.
Diante do quadro real que a
sociedade brasileira assiste, particularmente em vista do tema da reforma da
Previdência, a IECLB dirige-se aos e às integrantes do Congresso Nacional,
estendendo o apelo ao Executivo e ao Judiciário, e afirma enfaticamente: a
reforma da Previdência não pode ser objeto e resultado de acordos e conchavos
políticos. Essa reforma deve ser debatida pela sociedade brasileira, que tem
direito à transparência e ao acesso aos números e dados da Previdência, bem
como à sua gestão. Sem isto e em meio a informações contraditórias e parciais,
não é possível confiar nas propostas apresentadas.
A IECLB reafirma a importância do
Estado laico. Bem por isso, sem confundir Igreja e Estado, mas sabendo da sua
responsabilidade pública derivada do compromisso com o Evangelho de Jesus
Cristo, a IECLB admoesta as autoridades diante do quadro brasileiro com a
Palavra do Senhor: Executai o direito e a justiça e livrai o oprimido das mãos
do opressor; não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais
violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar (Jeremias 22.3).
Pastor Dr. Nestor Paulo Friedrich
- Pastor Presidente
Pastora Sílvia Beatrice Genz -
Pastora 1ª Vice-Presidente
Pastor Inácio Lemke - Pastor 2º
Vice-Presidente
Pastora Dimuht Marize Bauchspiess,
Pastora Sinodal do Sínodo da Amazônia, com sede em Cacoal/RO
Pastor Dalcido Gaulke, Pastor
Sinodal do Sínodo Brasil Central, com sede em Brasília/DF
Pastor Bruno Ari Bublitz, Pastor
Sinodal do Sínodo Centro-Campanha-Sul, com sede em Santa Cruz do Sul/RS
Pastor Jacson Homero Eberhardt,
Pastor Sinodal do Sínodo Centro-Sul Catarinense, com sede em Florianópolis/SC
Pastor Joaninho Borchardt, Pastor
Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém, com sede em Vitória/ES
Pastor Nilo Orlando Christmann,
Pastor Sinodal do Sínodo Mato Grosso, com sede em Cuiabá/MT
Pastora Ma. Tânia Cristina Weimer,
Pastora Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho, com sede em Estância Velha/RS
Pastor Vilson Emilio Thielke,
Pastor Sinodal do Sínodo Noroeste Riograndense, com sede em Três de Maio/RS
Pastor Inácio Lemke, Pastor
Sinodal do Sínodo Norte Catarinense, com sede em Joinville/SC
Pastor Odair Airton Braun, Pastor
Sinodal do Sínodo Paranapanema, com sede em Curitiba/PR
Pastor Ricardo Cassen, Pastor
Sinodal do Sínodo Planalto Rio-Grandense, com sede em Carazinho/RS
Pastor Me. Edson Edilio Streck,
Pastor Sinodal do Sínodo Rio dos Sinos com sede em São Leopoldo/RS
Pastor Lauri Roberto Becker,
Pastor Sinodal do Sínodo Rio Paraná, com sede em Toledo/PR
Pastor Geraldo Graf, Pastor
Sinodal do Sínodo Sudeste, com sede em São Paulo/SP
Pastora Roili Borchardt, Pastora
Sinodal do Sínodo Sul-Rio-Grandense, com sede em Pelotas/RS
Pastor Jair Luiz Holzschuh, Pastor
Sinodal do Sínodo Uruguai, com sede em Chapecó/SC
Pastor Breno Carlos Willrich,
Pastor Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí, com sede em Blumenau/SC
Pastor Gilciney Tetzner, Pastor
Sinodal do Sínodo Vale do Taquari, com sede em Teutônia/RS