Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Pátria Latina, 22 anos de jornalismo pela integração dos povos!

17 de fevereiro de 2024

Beto Almeida*

O berço de nascimento do jornal Pátria Latina, que agora completa 22 aos,  foi em Havana, em 4 dias de diálogos de jornalistas de toda a América Latina, mas com um diferencial extraordinário: a presença do comandante Fidel Castro, nos 4 dias de trabalho daquele Congresso Latino-americano de Jornalismo.

Era outubro de 2001, o mundo acabara de assistir o bárbaro atentado às Torres de Nova York, e  o imperialismo usava deliberadamente aquele episódio  –   até hoje mal explicado  –   para declarar guerra genérica ao terrorismo, e ,em particular, contra alguns países detentores de grande riqueza petrolífera, como o Iraque, que seria invadido pouco tempo depois. Ou seja, Fidel Castro convocava aquele congresso de jornalistas por pressentir que o episódio, apresentado como atentado, mudaria substancialmente a cena política mundial, dando suporte a uma atitude mais agressiva dos EUA contra países que não se curvam a suas diretrizes internacionais. As previsões de Fidel Castro se confirmaram, desgraçadamente.

Aliás, logo após a derrubada das Torres de Nova York, Fidel Castro publicara em vários jornais do mundo, inclusive no Correio Braziliense, de Brasília, um artigo com o título “Matança”. Já era um alerta, um prenúncio, do que estaria por vir em matéria de intervencionismo dos EUA em escala global. O que se comprovou: os EUA invadiram o Iraque, depois a Líbia, o Afeganistão e a Síria, ações ilegais e criminosas que confirmaram o título daquele artigo do Comandante Cubano; centenas de milhares de vidas foram ceifadas pelos marines dos EUA.

O Congresso de Jornalistas Latino americano , sob a atenta observação e participação de Fidel Castro , era um sinal aos comunicadores de que surgiria, sob a nova onda intervencionista dos ianques, uma mídia igualmente belicista, engajada na guerra, e que, portanto, cabia aos jornalistas honrados, sinceros e comprometidos com a verdade, enfrentar o desafio de praticar um outro jornalismo, capaz de  defender os mais preciosos valores humanos, entre eles a integração dos povos que se rebelam contra os EUA. Esse foi o mote para o nascimento do Jornal Pátria Latina, a partir da decisão da delegação brasileira naquele evento de Havana, contando com a presença de Valter Xeu (Diretor e editor desde o nascimento do Pátria), Luiz Carlos Bernardes, Helio Doyle, Laurindo Lalo Leal, José Roberto Garcez, Chico Vasconcelos, Leonel Rocha e os já falecidos Mário Augusto Jakobskind e Procópio Mineiro.

Aquele congresso também delineou proposta que já havia sido discutida antes com o Comandante Hugo Chávez, para a criação de uma emissora de tv latino-americana, e que naquele evento recebeu o apoio de Fidel Castro, quando sustentou  “precisamos de uma CNN dos humildes”. Mais tarde, essa emissora recebeu o nome de Telesur, sendo criado em 2005, em Caracas!

Portanto, não foi um congresso a mais, e sim um momento de iniciativas, de proposições, de definição de linha para um novo jornalismo, entre as quais a seguida pelo Pátria Latina, pautada pelo slogan, um jornal a serviço da integração dos povos. Não por acaso, poucos anos depois, correspondendo a uma aspiração não apenas  dos jornalistas, mas dos povos da região, surgem a Unasul, a Celac, a PetroSul, a PetroCaribe, a Alba, e a própria Telesur, dando curso a esta necessidade histórica definida décadas antes pelo ex-Presidente Argentino, Juan Domingos Perón:” o século 21 nos encontrará unidos ou escravos” . 

Agora, ao completar seus 22 anos de existência, o Pátria Latina pode orgulhar-se de sua linha editorial primada pela integração dos povos, justamente quando as funestas ações do imperialismo neste período visaram sempre a desintegração e o subdesenvolvimento dos povos. Pátria Latina combate, editorialmente, a privatização, o entreguismo, a desindustrialização, a destruição das políticas públicas, e reiteradamente busca alentar, em seus artigos e editoriais,  a necessidade de uma comunicação pública destinada a elevar a soberania informativo cultural dos povos.

Pátria Latina se une à resistência da Revolução Cubana frente aos crimes do império. Sustenta a razão histórica da Revolução Bolivariana, que também já completou 22 anos de vida. É solidário com a resistência heroica da Revolução Sandinista da Nicarágua, alvo constante de sabotagens e sanções por parte da Casa Branca, mas também denunciou os golpes contra a democracia na Bolívia, no Peru, no Paraguai e também no Brasil, com nefasto surgimento dos governos entreguistas de Temer e Bolsonaro, que dilapidaram o património nacional em favor do capital estrangeiro. Felizmente, com a luta do povo, Lula já voltou ao Alvorada, bem como na Bolívia as forças populares já retomaram o curso de desenvolvimento com justiça social. Com satisfação, constatamos que o povo de Honduras também já foi capaz de derrotar o golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya, tendo eleito Xiomara Castro como presidenta do país, tendo com uma de suas prioridades hoje a erradicação do analfabetismo naquele país, contando com a indispensável solidariedade do governo de Cuba, que para lá enviou especialistas.

Assim, ao completar 22 anos de existência e batalha, Pátria Latina renova perante seus leitores e apoiadores, seu compromisso com uma informação e um jornalismo que seja uma ferramenta de luta contra qualquer forma de opressão e que também seja, como dizia Simon Bolívar, ‘A artilharia do pensamento”.

*Beto Almeida, jornalista, membro da equipe fundadora de Pátria Latina e de Telesur.


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