Mais de trinta anos se passaram desde a enunciação do Consenso de Washington. E tudo piorou muito para as sociedades, as coloniais e as colonizadas.
“ Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."
(Millôr Fernandes)
sexta-feira, 11 de agosto de 2023
Esquerda, direita e a política pós-consenso de Washington.
quarta-feira, 26 de julho de 2023
FARSAS E FALÁCIAS DAS FINANÇAS APÁTRIDAS E AS SOLUÇÕES NA ERA VARGAS
Qual o povo mais enganado? Certamente aquele pior informado; que ao invés de conhecer a realidade, se nutre de fantasias, de pregações ideológicas. O brasileiro é um povo bem informado, que conhece a realidade do seu país, que tem conhecimento das origens de seus males, que são muitos? Lamentavelmente, não.
Entre notáveis brasileiros, um foi Alberto Tôrres (1865-1917). Fluminense de Itaboraí, governador (Presidente da Província) do Rio de Janeiro, de 1897 a 1900, fez de sua trajetória política mais um dedicado magistério sobre o Brasil e a política nacional e fluminense do que de cata de votos. Deixou-nos numerosos escritos, como este, no jornal “O Povo”, em 1899, onde enumera os que vivem à farta no Brasil: “a família Imperial, a corporação extravagante dos políticos, dos banqueiros, os validos palacianos e os caudilhos eleitorais” (Barbosa Lima Sobrinho, “Presença de Alberto Tôrres”, Civilização Brasileira, RJ, 1968).
Seria uma característica brasileira? Claro que não.
Na década de 1970, as finanças, para combater o petróleo como fonte primária de energia, criaram as “crises do petróleo”, imputando-as aos produtores árabes, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). E como a marcar a diferença entre as culturas do Oriente Médio e as europeias, estas finanças divulgaram o príncipe sueco ou norueguês pedalando sua bicicleta pela cidade, numa demonstração que o petróleo não era insubstituível. Mas não teve o mesmo empenho em demonstrar quanto do orçamento do país era destinado a manter a confortável vida, em férias permanentes, da nobreza da Nação.
Quase 70 anos antes, Alberto Tôrres mostrava, e os brasileiros concordariam, que era absolutamente despropositado despender qualquer percentagem do orçamento nacional para manter uma família e seus bajuladores, acólitos, serviçais. E também alertava sobre a classe dos banqueiros e daqueles que tinham na política a profissão, não a missão de defender o povo.
Getúlio Vargas assume, em 03 de novembro de 1930, a Presidência do Governo Provisório da Revolução Vitoriosa em 24 de outubro de 1930. Promulgada a Constituição, em 16 de julho de 1934, Getúlio é eleito, em 17 de julho, Presidente Constitucional do Brasil, vencendo seu opositor, Antônio Augusto Borges de Medeiros, por 175 a 59 votos.
A Constituição Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, mesmo dia em que implanta o período do Estado Novo, buscou defender o Brasil de ameaças ideológicas estrangeiras que varriam o mundo e, em especial, a Europa naquele momento. Lembrar que, em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pelo exército alemão, tem início a II Grande Guerra, que cerceou a liberdade ampla em todos os países.
Vargas havia criado, para transmissão pelas rádios, o “Programa Nacional”, que foi ao ar, pela primeira vez, no dia 22 de julho de 1935, na voz do locutor carioca Luís Jatobá. Em 1938, passou a ter transmissão obrigatória, com horário fixo das 19 às 20h, mudando sua denominação para “A Hora do Brasil”. Em 1962, entrando em vigor o Código Brasileiro de Telecomunicações, o programa passa a ser denominado “A Voz do Brasil”.
OBJETIVOS ATUAIS DAS FINANÇAS APÁTRIDAS
Desde a Revolução de 1930, com melhores e outros não tão bons momentos, o Brasil cresceu, criou sua indústria nacional, desenvolveu tecnologias adequadas às condições brasileiras, gerou emprego e renda para grande parte dos cidadãos, e escolas para maior compreensão da nossa realidade e capacitação para o trabalho. Durou meio século este desenvolvimento.
Na década de 1980, as finanças apátridas obtêm duas grandes vitórias que reverteram a situação de progresso político, social e econômico que o mundo, em geral, conhecia: as desregulações financeiras, iniciadas nas duas maiores praças: Londres e Nova Iorque, e a edição do decálogo orientador dos governos de todos países, denominado “Consenso de Washington” (1989).
Os malefícios do poder das finanças no mundo estão exigindo a pena de um Alberto Tôrres para os enumerar. Sem esta pretensão, nos restringirmos a três males: as falácias das comunicações de massa, a invasão da corrupção em todos os níveis da sociedade humana e o desmonte dos Estados Nacionais.
AS MÍDIAS
Jornais, televisão, telefone, computador, celular e internet são os principais meios de comunicação da contemporaneidade. Até 1980, as propriedades das mídias eram diversificadas. Ainda que de ampla maioria conservadora, existia certo tipo de disputa, de concorrência que obrigava à diversidade de tratamento e mesmo do foco sobre determinados setores da vida nacional e daqueles sobre os estrangeiros.
Jornais, revistas e canais de rádio mais voltados para a política e para o funcionamento dos órgãos públicos, outros para os esportes e notícias de atividades criminosas, outros, ainda, para divulgação e análise de acontecimentos culturais. A televisão ainda tinha um conteúdo maior de entretenimento, que invadia até os noticiários.
Pode-se afirmar que, no geral, as mídias se apresentavam como intermediárias entre a geração dos fatos, nem sempre acessíveis aos seus interessados, e este público que recebia as informações. Esta ação vicária era e continua sendo usada para a doutrinação, atualmente para formação do “pensamento único”, da “globalização”, do “mercado” no lugar do Estado.
Foram as finanças que melhor entenderam a importância da teoria matemática da informação, da cibernética e a levaram para a comunicação de massa e seu domínio.
O caso Dreyfus, em dezembro de 1894, marcaria a imprensa escrita europeia (o jornalista Bernard Lazare, em novembro de 1896, publicou, na Bélgica, o inflamado “Um erro judiciário: a verdade sobre o Caso Dreyfus”). Em janeiro de 1898, o jornal parisiense “L’Aurore”, dirigido por Georges Clemenceau — futuro primeiro-ministro na época da I Grande Guerra — estampou na primeira página a carta-aberta ao presidente Félix Faure intitulada “J’ccuse”, do renomado escritor Émile Zola. Divisão na reação popular e condenação ao processo judicial no “Affaire Dreyfus”.
O rádio se torna o mais importante veículo com o uso que dele faz o presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt, entre 1933 e 1944, ao iniciar suas famosas "conversas ao pé da lareira", explicando o mundo conturbado da II Grande Guerra, imprimindo, pela voz, intimidade, segurança, e até proximidade, no tom de conversa. Permitia, também, que a complexidade das “razões de Estado”, sofressem simplificação e superficialidade com que os temas políticos passariam a ser tratados nos Estados Unidos da América (EUA), exemplo para o mundo.
O cinema será a mídia do III Reich. Para o que Adolf Hitler contou com Helene Bertha Amalie "Leni" Riefenstahl (1902-2003), representante dos ideais da estética nazista, nascida e falecida na Alemanha. A própria passividade da população alemã diante das atrocidades da guerra, para não falar na colaboração, somada ao elevado índice de assistência dos filmes, por quase uma década (1935 a 1945), indicam que o cinema teve papel fundamental na visão popular sobre a política de então.
A televisão traz a ideia do espetáculo, ainda que confirme a constatação do canadense Marshall McLuhan (1911-1980) de que o novo meio incorpora funções do meio anterior: a diversão no cinema e na televisão seriam os exemplos.
Tudo, no entanto, se transforma quando as mídias passam para o controle das empresas gestores de ativos e, coerentemente ao modelo financeiro, em processo de permanente absorção das mais fracas pelas mais poderosas. Hoje, não mais do que algumas dezenas de “gestoras” controlam praticamente todas as mídias.
Buscando os controles acionários das televisões, das produtoras cinematográficas, das rádios, jornais, revistas e, principalmente, das mídias digitais, eletrônicas, o caro leitor encontrará sempre: BlackRock, Vanguard Group, Fidelity Investments, State Street Global, J.P. Morgan Chase, Allianz Group, Capital Group, Goldman Sachs, BNY Mellon, Amundi, UBS, Legal & General Group, Prudential Financial, T. Rowe Price Group, Invesco, Northern Trust, Franklin Templeton e/ou BNP Paribas.
Dominando as comunicações, as finanças influenciam quase a totalidade das informações que a população tem acesso, suas razões e seus entendimentos, o povo passa da categoria de cidadão para de crente, ele segue o pensamento e a conduta definidos como corretos pela mídia. Constituirá, certamente, um povo enganado.
A CORRUPÇÃO
Robert Skidelsky comparando o que economistas designam “Era de Ouro do capitalismo” europeu e estadunidense (1950 a 1970), com o período por ele denominado “Consenso de Washington” (1980 a 2009), aponta o crescimento médio global da economia de 4,8% para o primeiro período e 3,2% para o segundo.
E com as seguintes taxas de desemprego, nos mesmos períodos: para os EUA, 4,8% e 6,1%; para o Reino Unido, 1,6% e 7,4%; para França, 1,2% e 9,5%; e para Alemanha, 3,1% e 7,5% (R. Skidelsky, “Keynes: The Return of the Master”, Allen Lane, UK, 2009).
Neste livro, Skidelsky afirma ser o centro do pensamento e da práxis atuais a liberdade negativa — a ideia de que a sociedade e aqueles que a governam não devem fazer qualquer julgamento sobre o que é desejável para as pessoas, mas apenas deixar os indivíduos tão livres quanto possível para perseguir seus objetivos, sejam eles quais forem.
Com relação à economia, a visão “mainstream” vê o capitalismo como um fim em si mesmo, a expressão da vontade da população retransmitida “via mercado”. Isso contrasta com a visão de Keynes de que o capitalismo é um meio e não um fim, e deve permitir que as populações tenham lazer, busquem a "boa vida", principalmente vivendo de forma ética e apreciando os prazeres que se encontram nas relações humanas.
Robert Jacob Alexander (1939), não é comunista ou socialista, mas um oxfordiano e, desde 1992, membro do Partido Conservador inglês. Historiador econômico, autor de numerosos trabalhos, principalmente analisando o legado de Lord Keynes, tem conhecimento e responsabilidade para colocar o “Consenso de Washington” como corruptor da sociedade.
E começa por fazer do voto comprado, da ignorância dos fatos pelas mídias que são propriedades financeiras, e o eleitor nem sabe em quem nem para o que está votando, a “democracia”.
A Lei nº 14.185, de 14 de julho de 2021, é um exemplo da corrupção. Ela tem origem no Projeto de Lei (PL 3877, de 10/11/2020), do senador Rogério Carvalho - PT/SE. Tramita em regime de urgência. Na Câmara dos Deputados recebe parecer favorável da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). Votada em turno único.
Qual assunto é tão importante e de tamanha urgência que vai do projeto de lei à sanção presidencial em oito meses, passando pelas duas casas do Congresso?
Esta lei autoriza os bancos a transferirem, no fim de cada expediente, os saldos existentes em todas as contas, de todas agências, de todos os clientes, para aplicação no Banco Central. E receber os valores transferidos, com os juros da aplicação, na manhã do próximo dia de funcionamento dos bancos.
Traduzindo, esta lei transfere recursos públicos para o enriquecimento dos bancos, ou seja, do sistema financeiro, e ainda, como bônus especial, aumenta o valor da Dívida do Governo, que justificará a manutenção de taxas de juros em altos patamares.
“Art. 1º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a acolher depósitos voluntários à vista ou a prazo das instituições financeiras.
Parágrafo único. A remuneração dos depósitos referidos no caput deste artigo será estabelecida pelo Banco Central do Brasil”.
Porém a corrupção, pelas mídias, parece ser aplicável somente a pessoas físicas, nunca em instituições, e cujas atividades políticas, empresariais ou midiáticas causam empecilho aos assaltos ao Tesouro Nacional, como o da lei mencionada.
O Brasil perde, promovendo legalidade à maior transferência indevida de recursos públicos, diante da qual, o maior desfalque de um político ou funcionário público, é verdadeiramente insignificante, confrontado com um “depósito voluntário”.
O FIM DO ESTADO NACIONAL
Tudo que até aqui escrevemos é, sem dúvida, muito sério e merece toda atenção dos brasileiros. Mas o que reservamos para o final é vital. Trata da nossa própria existência como cidadãos brasileiros. Na breve síntese do livro de Robert Skidelsky, nosso caro leitor pode observar a citação do “mercado”, como a referência para a vida das pessoas.
Mas quem é o “mercado”, senão o ápice da concentração de renda, o maior exemplo de tirania, que lhe obriga a comprar o que não lhe interessa e a desdenhar o que verdadeiramente lhe importa? E, mais grave, é quem promove a destruição do Estado, iniciando pela sua ação fiscalizadora, pelos órgãos que deveriam obrigar a sujeição de todos à lei, democraticamente.
O decálogo “Consenso de Washington” objetiva, explicitamente, diminuir a regulação e o controle da economia, adotar o livre mercado, reduzir o tamanho do Estado e aumentar a abertura econômico-financeira para o exterior. Resumindo, entregar a vida das pessoas, em todo mundo, aos capitais sediados nos paraísos fiscais, que decuplicaram entre 1980 e 2000.
Três exigências do Consenso de Washington:
a) Política de Privatizações: reduzir ao máximo a participação do Estado na economia, no sentido de transferir, a todo custo, as empresas estatais para a iniciativa privada.
b) Redução fiscal do Estado: reduzir os gastos do Estado através do corte em massa de funcionários, terceirizando o maior número possível de serviços, e diminuição das leis trabalhistas e do valor real dos salários, a fim de cortar gastos por parte do governo e garantir arrecadação suficiente para o pagamento da dívida pública.
c) Reforma fiscal: promover profundas alterações no sistema tributário, no sentido de diminuir os tributos para as grandes empresas, fazendo com que elas aumentem seus lucros e grau de competitividade.
Em outras palavras, reverter inteiramente o projeto da Era Vargas, que é da valorização do trabalho, dar igualdade de tratamento ao salário e ao lucro, promovendo a justiça social e o amplo desenvolvimento da sociedade. E a função do Estado, neste particular, será a de garantir democraticamente a igualdade nas negociações. E, igualmente, de dar soberania ao povo e ao Estado, mediante a educação e o controle nacional das tecnologias e da economia.
Sem Estado, substituído pelo “mercado”, a população se encontra na situação de um exército que vai para guerra sem armas e sem munições.
CONCLUSÃO
Cabe a todos nós, brasileiros, verdadeiramente patriotas, lutar pela reconstrução do Estado Nacional, pela reestatização das ações do Estado entregues por valores ínfimos à sanha privatista do Consenso de Washington, colocar a educação, a saúde e o trabalho como elementos indispensáveis à soberania nacional, devendo ser função do Estado sua execução, manutenção e proteção.
Restringir às finanças a subsidiária das ações produtivas e comerciais, devendo ser avaliadas como custo, e assim controladas pelos órgãos fiscalizadores do Estado.
É óbvio, mas deve ser sempre repetido, que o nacional deve ter precedência sobre todo importado. Não existe concorrência sadia entre eles, pois os países estrangeiros, principalmente os mais ricos, chegaram a esta situação pelo esbulho das demais Nações.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, atual presidente da AEPET — Associação dos Engenheiros da Petrobrás.
terça-feira, 7 de junho de 2022
Guerra ao neoliberalismo
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
QUANDO OS RATOS ABANDONAM O NAVIO . . . . .
Segunda, 25 de outubro de 2021
Por
Pedro Augusto Pinho*
Luiz Eduardo Soares. Extraordinário: os membros demissionários do ministério da economia aceitam conviver tranquilamente com a devastação da Amazônia, as ameaças à sobrevivência das sociedades originárias, o golpismo, o negacionismo, a abordagem criminosa da pandemia, o racismo, a fome, o desemprego, o desespero de milhões. Agora, romper teto de gastos, isso não. Essa a moralidade de nossa elite.
(mensagem pelo whatsaap, em 22/10/2021)
Seria muito educativo, mas contrário à pedagogia colonial, se os donos das mídias comerciais, quase todos entreguistas, neoliberais, com enorme desprezo pelos brasileiros - um dos Marinhos, ao morrer, teve em seu necrológio, no jornal da família, como única referência “positiva”, o amor pela Inglaterra (!) - explicassem que o equilíbrio fiscal mata mais do que o covid.
Mas seria desejar que o frio aquecesse, o sol iluminasse as noites, e os bilionários donos do Brasil, aprovassem “medidas estruturantes” para garantir emprego e renda digna para os brasileiros.
Analisemos o significado das principais expressões que nossos caros leitores recebem, pelos olhos e pelos ouvidos, cotidianamente, desta mídia antinacional.
Equilíbrio fiscal. É o primeiro mandamento do decálogo do Consenso de Washington: “disciplina fiscal, evitando grandes déficits fiscais em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)”. No original: “fiscal policy discipline, with avoidance of large fiscal deficits relative to GDP”.
Como sabem, o Consenso de Washington foi uma imposição das finanças internacionais, fortalecidas com as desregulações que o Reino Unido (UK) e os Estados Unidos da América (EUA) realizaram na década de 1980, para introduzir novas bases de dominação colonial.
Transcrevo da Wikipédia: “O Consenso de Washington é uma conjugação de grandes medidas — que se compõe de dez regras básicas — formulada em novembro de 1989 por economistas de instituições financeiras situadas em Washington D.C., como o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos EUA”.
Ou seja, empregados do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (WB) e do Tesouro estadunidense passaram a ditar as políticas governamentais aos países subalternos conforme o interesse dos grandes grupos financeiros.
E o Brasil, com uma constituição recém-aprovada (1988), iniciou logo a alterá-la, emendá-la, desfigurá-la conforme os desígnios destes senhores.
Tivemos 111 emendas, a partir de 1992, sendo a última de 28 de setembro de 2021. Estas emendas extinguiram direitos trabalhistas e previdenciários, eliminaram ações governamentais nas áreas de energia e mineração, extinguiram empresas públicas, e numa delas, a Emenda Constitucional (EC) 95, de 15/12/2016, assinada pelos então presidentes da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e do Senado, senador Renan Calheiros, dispunha em seu primeiro artigo que: “fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios financeiros, nos termos dos artigos 107 a 114 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias” (Teto dos Gastos Públicos).
O que é verdadeiramente o equilíbrio fiscal. Para todas as despesas que não sejam destinadas ao pagamento de juros, à renovação ou amortização de empréstimos ou custos financeiros, haverá um limite máximo de gastos. Este limite foi estabelecido, na Emenda Constitucional referida, por 20 anos. Trocando em miúdos: o Brasil fica congelado por 20 anos; não importa que regrida economicamente, social e educacionalmente, que falte atendimento a saúde, à proteção dos desvalidos e redução de emprego. Com a epidemia do covid tivemos inclusive a regressão populacional, mais pessoas morreram do que nasceram em estados brasileiros, no primeiro trimestre de 2021, conforme informação da Reuters/InfoMoney (05/04/2021).
O equilíbrio fiscal só não tira, nem reduz, o dinheiro do governo que for destinado aos bancos, e vemos isto no crescimento do percentual das despesas financeiras nos orçamentos da Nação. Atualmente, elas já representam mais de 50% do que é arrecadado em impostos e pelas outras fontes de receita do Estado Brasileiro.
Todos os jornalões, toda mídia comercial e antinacional, vêm estampando como escândalo, desde 21/10 até hoje, a saída de quatro pessoas em cargos de chefia e assessoramento do Ministério da Economia e as repercussões “nefastas” da “licença para gastar” no que fora congelado por 20 anos, ou seja, com os mais pobres. E sendo medida política, logo surge a eleição e os execráveis políticos como indesejáveis agentes ou motivação.
Como seria melhor o mundo governado por banqueiros, que entre eles escolheriam o mandatário, e com proibição de aumento populacional e salários maiores do que os indispensáveis para fazer circular as mercadorias e proporcionar lucros aos varejistas! (sic).
Porém nos EUA, o déficit fiscal é uma constante. Pelo Núcleo de Estudos de Controladoria e Contabilidade Tributária (NECCT) de São Paulo, somos informados que, em 2020, o déficit atingiu 12,4% do Produto Interno Bruto (PIB) estadunidense, embora inferior aos US$ 3,1 trilhões do ano anterior.
Mas quem são estas pessoas que abandonaram o Governo, e de onde surgiram? Não vou personalizar, até por serem instrumentos de quem nem mesmo conhecem. Apenas chamo a atenção do leitor para o fato que, dos quatro demissionários, três deles cursaram universidades públicas, fizeram seu aprendizado em órgãos públicos e, agora, muito provavelmente, vão vender este conhecimento recebido dos nossos impostos para enriquecer às nossas custas os capitais apátridas residentes em paraísos fiscais.
Mais relevante que o punhal em César foi a mão de Brutus. E O Estado de S. Paulo (25/10/2021) prossegue a saga da morte aos pobres, da redução populacional pela miséria, ameaçando o presidente que for eleito: “Drible no teto cria cilada para 2023” (página B1).
Seria o caso de perguntar: que tanto mal a sociedade brasileira fez aos donos da mídia, televisiva, radiofônica, impressa e virtual, para que, com raríssimas exceções, eles se unissem contra o Brasil?
Em live recente, no Jovens Cronistas, o doutorando, perspicaz e culto Felipe Maruf Quintas mostrava a diferença entre o Brasil e a quase totalidade dos países do mundo. Aqui, a natureza foi mãe carinhosa e rica, deu-nos tudo para constituirmos a civilização do futuro. No mundo não Europeu, de grande extensão territorial, ou foram mero transplantes socioculturais: EUA, Canadá, Austrália, ou abundante em áreas hostis, desérticas, frias, desprovidas de recursos para sobrevivência tranquila.
E sabemos muito bem que não há sociedade globalizada. Cada povo, cada etnia, cada país é resultado das relações estabelecidas entre os habitantes e seu meio natural, as florestas, as águas, a abundância ou carência de caça e pesca, pelas dificuldades ou facilidades em obter os recursos para a sobrevivência e o desenvolvimento.
E ainda fomos abençoados por constituir um povo mestiço, que prosseguimos criando, “na carne e no espírito”, capaz de desenvolver nova civilização, mas que por século, como escreveu o antropólogo Darcy Ribeiro, sem consciência de nós mesmos, afundados na “ninguendade”.
E aquele gênio brasileiro concluiu que “o ruim aqui, e efetivo fator causal do atraso, é o modo de ordenação da sociedade, estruturada contra os interesses da população, desde sempre sangrada para servir a desígnios alheios e opostos aos seus” (Darcy Ribeiro, O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, Companhia das Letras, SP, 1995).
E que é o Teto de Gasto? quem determinou o decálogo do Consenso de Washington? nós brasileiros, por nossa vontade, ou os estrangeiros? Pior ainda, seus representantes aqui, corrompendo maus brasileiros, que se vendem barato, pois vendem o futuro de seus filhos e netos? do País rico que se empobrece e vive na miséria?
Os que abandonaram o governo para trabalhar para os capitais apátridas, muitas vezes de origem ilícita, criminosa, e que tiveram sua formação, bolsas de estudo, oriundas dos impostos de todos nós, são verdadeiramente desprezíveis. Mas em nada diferente dos que, no executivo, no legislativo, no judiciário, prosseguem destruindo o Estado Nacional Brasileiro, se locupletando indevidamente com as migalhas que os gestores de ativos, os capitais especulativos deixam, com desprezo, em suas mãos perversas.
Para que se construam “medidas estruturantes”, que tirem a população da miséria, que promovam a geração de emprego, distribuição de renda, que possibilitem a todos brasileiros a vida digna, é preciso estudar o Brasil, conhecer com profundidade nossa cultura, entender nossos valores, estabelecer nova estrutura de organização, sem cópia de qualquer modelo estrangeiro, pois sabemos que cada sociedade é única.
E não será dos vendilhões da Pátria, desses neoliberais tremendamente evangélicos, que poderemos esperar estas “medidas estruturantes”.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
O moribundo Consenso de Washington

quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Desigualdade social em queda? Mentira...
Fonte: Tribuna da Internet, com informações do site do PCB
TELECOMUNICAÇÕES: O TAMANHO DO BURACO.

domingo, 19 de dezembro de 2010
Auditoria Cidadã da Dívida: O novo Consenso de Washington e os 8 anos do governo Lula
Publicado pela "Auditoria Cidadã da Dívida"