Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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sexta-feira, 24 de julho de 2020

'Porra Pirulito! Tu é um filho da puta, né?' "Isso é uma palhaçada", foi a resposta do nosso querido Palhaço. Viva o Pirulito!!!

Sexta, 24 de julho de 2020


Perdemos um amigo que era um patrimônio sentimental de nossa cidade.

Era carinhosamente conhecido como o nosso palhaço, o palhaço do Gama, o palhaço que passava caminhando pelas feiras e eventos com sei lá quantos balões, fazendo nossos filhos nos azucrinarem o juízo por um balão.

E ele não entregava só balão, normalmente o sorriso e alguma brincadeira vinham de brinde, o serviço era completo.

Certa vez estava sentado num boteco da feira com Vinny, e lá vem pirulito com uma tonelada de balões.

- Papai quer balão?

- Porra Pirulito! Tu é um filho da puta, né?

- Isso é uma palhaçada!

- Também acho! Me dá a merda de um balão desse por favor! Se acostuma não Vinny!

Trocamos sorrisos. Era o terceiro fim de semana seguido que eu comprava balões dele.

-Valeu Pirulito! Bom trabalho!

E lá se foi ele com seus balões, sua alegria, sua luta por mais um dia de sobrevivência.

Vai em paz querido! Não o esqueceremos!


Juan Ricthelly
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Do Blog Gama Livre: Juan Ricthelly nasceu no Gama, mora na cidade, é advogado, ativista ambiental. Quando Juan nasceu, o Palhaço Pirulito já era veterano pelas ruas, praças e estádio de futebol do Gama.

sábado, 25 de abril de 2020

REFLEXÕES SOBRE OS PROCESSOS DE MOSCOU

Sábado, 25 de abril de 2020
Por
Juan Ricthelly


As revoluções podem ter muitas origens e explicações, permeando vários ângulos, numa tentativa de se compreender suas razões e porquês, passando pela história, filosofia, antropologia, economia, geografia, sociologia, psicologia e tantas outras áreas do conhecimento humano.
A Revolução Russa é um exemplo que foi analisado sob vários desses aspectos, possuindo vasto material de estudo a quem interessar. Não é o objetivo do presente texto adentrar nos detalhes dessa revolução que marcou o século XX, intelectuais muito mais qualificados já fizeram esse trabalho, cito A História da Revolução Russa de Trotsky, para quem quiser se aprofundar no assunto, ou até a trilogia biográfica de Isaac Deustcher sobre Trotsky.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

OVOS, R$5,50 & CAPANGAS. Ainda sobre a passagem de Ibaneis pelo Gama

Quinta, 23 de janeiro de 2020

Juan Ricthelly

Tivemos uma semana agitada em nossa cidade, protesto contra o aumento das passagens na presença do governador, hostilidades por parte de assessores de deputado, ovos apreendidos, declarações polêmicas de um empresário famoso contra o direito de manifestação... Dê play e fique por dentro!
[Clique na imagem abaixo ou no link abaixo da imagem]

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Nem só de sertanejo vive o Goiás

Sexta, 15 de novembro de 2019
A monocultura cultural sertaneja é um mito que precisa ser desconstruído


Por
Juan Ricthelly*

Goiânia é uma cidade que não deixa de me surpreender, seja pela simpatia característica de seu povo, pelo zelo com suas praças e parques, pela cerveja artesanal local, a Colombina ou pela quantidade de bares excelentes espalhados por toda a cidade.

Confesso que não sou fã do sertanejo universitário, e de seus cantores e cantoras nacionalmente conhecidos, com agendas lotadas de shows, música tocando em rádios,  festas, programas de TV, carros de som estrondosos, status do Instagram e do WhatsApp, timelines do Facebook, na casa do vizinho, na casa do meus amigos e parentes, por toda parte... É música onipresente, sendo quase impossível viver um único dia nesse país, sem ouvir ao menos uma vez ao longo do dia.

Simplesmente odeio, e não vou entrar no mérito do meu desgosto, não gosto e não tenho que dar explicações, evito ao máximo ouvir, de modo que não toca na minha casa, no meu carro e muito menos nas minhas festas.

Mas voltando à Goiânia...

Estive por lá esses dias, e planejei visitar três bares: Don Guina Pub, o meu bar favorito, em razão da música e da decoração; o Aquarius, pelo chopp gelado, decoração e pela opção de observar os peixes quando o tédio chega; o Bar do Mirante na Avenida Perimetral Norte, pela visão panorâmica de Goiânia.

Essas eram minhas pretensões boêmias, meus amigos disseram que eram um tanto burguesas, e sugeriram outras alternativas.

Confesso com certa vergonha, que até esse dia tinha uma visão preconceituosa de Goiânia, acreditando quase que cegamente na supremacia cultural do sertanejo universitário por aquelas bandas, quebrei a cara.... Acho que nunca estive tão redondamente enganado na minha vida.

Começaríamos a noite num samba, e quando me disseram que esse seria o nosso prelúdio, levantei a sobrancelha incrédulo...

Ao dobrarmos a esquina, o som dos batuques se destacava, a entrada era barata e os atendentes cordiais, ao entrar no Distrito 115, tive que segurar meu queixo, fiquei boquiaberto com a cena.

Uma roda de samba com mais de 20 mulheres animava uma multidão de 200 pessoas, que dançavam, cantavam, bebiam e se divertiam numa alegria que estava no ar e era vista a olho nu, pessoas bonitas de todas as idades e cores, conectadas pelo som ancestral do samba, mais cedo um rapaz havia sido expulso por assedio, esse tipo de comportamento não era tolerado naquele ambiente, em que todos e todas pareciam se sentir à vontade para ser o que quisessem e como quisessem.


Era uma noite fresca, a maioria usava trajes onde ombros, braços, nucas e costas ficavam à mostra, de modo que cada corpo com suas tatuagens podia facilmente ser observado, parecia até uma galeria de arte, onde corpos vivos e bonitos eram o depósito de pinturas, gravuras, desenhos e frases.

O samba seguia imparável, mulheres revezavam nos instrumentos e na voz, Nina Sondara, uma mulher negra com tranças coloridas de azul até a metade, era uma maestra regendo uma orquestra viva, Rainy Agatha transbordava samba por suas cordas vocais e lia até pensamentos, digo isso porque pedi uma música em pensamento e ela ouviu, cantando o Canto das Três Raças de Clara Nunes, tive que agradecer pessoalmente depois.

Fiquei em êxtase e extremamente surpreso com aquela descoberta, peço desculpas aos meus amigos goianienses pela ignorância e preconceito, mas eu jamais imaginei na minha vida que em Goiânia havia um samba de tão alto nível, sério!

Depois fomos ao Monkey, um bar karaokê, onde os banheiros ao invés dos tradicionais bonequinhos com os dizeres “Ele/Ela” na porta, simplesmente tinha macacos acompanhados da frase “Sem gênero”, ao entrar a parede dizia num rabisco de pincel atômico “Eu não sou um macaco!!!”. Mais uma vez me surpreendi com a diversidade das músicas cantadas pelos corajosos que se aventuravam a soltar a voz no microfone, acho que de umas 30 músicas cantadas, somente umas 5 eram sertanejo universitário, talvez nem isso. Me arrisquei com a Canção do Senhor da Guerra do Legião Urbana, até num karaokê dá para falar de política por meio de uma música.

Saindo de lá, emendamos com o bar anarquista Casa Liberté, que é exatamente numa casa mesmo, uma casa dos sonhos, onde a música era boa, a cerveja gelada e com garçons e garçonetes usando botons antifascistas.


Terminamos a noite num dos últimos lugares abertos de Goiânia, tanto que encontramos muitas pessoas que havíamos encontrado nos outros lugares por lá, o Maracutaia, segundo relatos, fica aberto até às 10 horas da manhã, não tenho muito o que relatar.

Com o dia amanhecendo, eu e minha amiga Letícia, os últimos sobreviventes da noite, esperávamos o Uber deitados na calçada no meio da rua, olhando a beleza de um céu azul celeste que nos dava bom dia.

As melhores noites costumam aleatórias, espontâneas e não planejadas, e essa havia sido uma delas, uma noite que me ensinou a valorosa lição de que nem só de sertanejo vive o Goiás, que lá no seu coração, a diversidade cultural vive, resiste e pulsa de forma leve e cheia de plenitude, e principalmente que monocultura cultural sertaneja é um mito que precisa ser desconstruído.

*Juan Ricthelly

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Vara do Meio Ambiente do DF concedeu hoje (13/11) liminar proibindo obras da Igreja Assembleia de Deus do Gama (Adeg) no Parque Ecológico do Gama; a multa por descumprimento é de R$ 100 mil por dia!

Quarta, 13 de novembro de 2019
Por
Juan Ricthelly
A invasão da Assembleia de Deus do Gama (ADEG) se iniciou, por volta no ano de 1997, até o ano de 2009 ocupava apenas a área construída, avançando suas cercas no ano de 2015 até encostar na cerca da área da Loja Maçônica Raimundo Rodrigues Chaves, ocupando atualmente uma área de 50m por 40m, totalizando DOIS mil metros quadrados. 

O desenvolvimento da invasão pode ser verificado pela seguinte sequência de imagens, obtidas por meio do Geoportal.














É importante ressaltar que a ADEG possui outro templo dentro de outra Unidade de Conservação no Gama, no Refúgio da Vida Silvestre Ponte Alta do Gama. Uma APM (Área de Proteção de Mananciais).

Em maio de 2018, obras foram iniciadas no local, as autoridades foram alertadas por meio do agente de parque e pela comunidade por meio de denúncias, mas nada foi feito.

Recentemente, foram depositados no local, uma quantidade surpreendente de estruturas de concreto que indicam que em breve obras serão iniciadas, ampliando a área construída sobre a área ocupada.

Diante da certeza da inércia por parte do Estado, a comunidade ingressou com uma Ação Popular, pedindo liminarmente a proibição do início de qualquer obra no local.

A Vara de Meio Ambiente se manifestou de forma célere, nos seguintes termos:

Até a apreciação do pedido de tutela antecipada, reputo necessário, a título de tutela, a cautelar suspensão de qualquer ato de alteração na composição física do imóvel mencionado na demanda. Com efeito, a demanda envolve pretensão de índole ambiental relativamente a unidade de conservação alegadamente ameaçada pela iminente edificação no local, o que atrai a incidência do princípio da precaução. Logo, a alteração no estado de fato sobre área de alegada sensibilidade (in dubio pro natura ambiental implicaria risco de degradação ambiental ilícita, em violação à diretriz preservacionista contida no art. 225 da Carta, premissa que perfaz os requisitos do fumus boni iuris e periculum in mora necessários à tutela cautelar. Em face do exposto, comino aos réus a tutela cautelar precária impondo a proibição de alteração no estado de fato do imóvel mencionado na demanda, sob pena de multa no valor de R$ 100.000,00 por cada ato de violação, sem prejuízo da responsabilidade criminal derivada da desobediência.

O Distrito Federal também se encontra no polo passivo, visto que a área é pública e faz parte do Parque Ecológico do Gama.

A ação foi proposta como um meio de se resguardar da inércia do Estado, que tem se furtado ao debate ambiental, agora terá que se pronunciar!

Nº do Processo: 0711328-93.2019.8.07.0018

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Clique nas duas imagens logo abaixo para melhor visualizá-las 


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Saiba mais


E no Parque Ecológico do Gama, fecham-se as cortinas, esbulha-se o patrimônio público, destrói-se o meio ambiente; igreja constrói dentro da área

Agressão ao Parque Urbano e Vivencial do Gama, vamos unir força para que isto não aconteça. Veja fotos

terça-feira, 8 de outubro de 2019

HÁ 59 ANOS NASCIA NA DATA DE HOJE (8/10) A CIDADE DO GAMA

Terça, 8 de outubro de 2019

Nasceu em um sábado, 8 de outubro de 1960.
Clique na imagem para melhor visualizá-la  

Por Juan Ricthelly

O aniversário do Gama se comemora no dia 12 de Outubro, com direito a marchas, desfiles e combinando com o dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, que coincidentemente é um feriado nacional, talvez esteja aí a razão de se comemorar nesse dia.

Mas a verdade é outra!

O aniversário real do Gama, é hoje! Dia 8 de Outubro. E como sabemos disso? Simples, o Correio Braziliense de nº 144 do dia 9 de Outubro de 1960 nos diz isso.

Reproduzimos abaixo a matéria completa:

NASCEU ONTEM A CIDADE DO GAMA

Texto da Capa:
O Prof. Israel Pinheiro visitou, ontem, na companhia de jornalistas, o local onde será erguida a maior cidade-satélite de Brasília, a cidade será construída para cerca de cem mil pessoas, e dotada de todos os recursos de uma grande cidade. Disse mais o Prefeito que o Gama terá dentro de mais alguns meses, isto é, até o fim do governo do Presidente Juscelino Kubiscthek uma população de vinte mil pessoas. Na foto, o prefeito mostrando o mapa da futura cidade. (Texto na última página do primeiro caderno)

Prevista uma população de cem mil habitantes

“Vocês estão vendo nascer a cidade do Gama. O dia 8 de Outubro será o primeiro dia da história dessa cidade”. Informou ontem à imprensa o Prefeito Israel Pinheiro. Essa declaração foi feita no momento em que o prefeito percorria, com repórteres, o local onde será a maior cidade satélite de Brasília.

CEM MIL HABITANTES

A cidade será a maior e mais importante cidade satélite de Brasília. Sua população será de cem mil habitantes.
Contará com dois tipos de zonas residenciais, popular e individual, setor de indústria, enfim a síntese das cidades satélites. O planejamento do Gama foi enriquecido com a experiência das cidades satélites criadas antes. Haverá, nesta nova cidade, blocos de apartamento de 4 pavimentos.

LOCALIZAÇÃO

A cidade do Gama ficará a 16 km do Plano Piloto e a nove do “Catetinho”. A estrada de acesso inicia-se em frente à primeira residência presidencial de Brasília e a poucos quilômetros da zona das mansões.

A MAIS INDUSTRIALIZADA

A facilidade de água, no Gama, permitirá que aquela cidade abrigue um pequeno parque industrial. No plano da cidade, está reservada uma vasta área para este setor. Dada a topografia do Gama (área em declive) e a existência de duas bacias hidráulicas em torno dela, o fornecimento d’água é bastante facilitado.

TRAÇADO DIFERENTE

O plano da cidade do Gama tem um traçado inteiramente diferente de todas as outras cidades satélites. A cidade é dividida em grandes quadras hexagonais. Os seis triângulos isósceles em que se subdivide o hexágono constituem a unidade residencial. Nas zonas de residências populares onde os lotes são geminados, o triângulo é dividido em 100 lotes retangulares. Nas zonas das residências chamadas individuais, o triângulo é dividido 76 lotes. A aparência destas unidades na planta, é a de uma colmeia. A área de cada lote é de 400m². As casas ficarão no centro dos lotes, isoladas. Casa triangulo deste terá sua zona comercial, no centro da área. A cidade contará, porém, com uma zona de comércio especializado, no centro.

ABRIGAR OS INVASORES

Informou o Sr. Israel Pinheiro que, inicialmente, serão localizados na zona de residências populares, os invasores do IAPI. Segunda feira será iniciada a transferência das 10 mil pessoas que estão residindo naquele local.

O QUE JÁ TEM

No dia 8 de Outubro a cidade o Gama tinha apenas a Prefeitura, em construção. Operário de uma companhia, na tarde daquele dia, iniciavam a construção de 60 casas de madeira onde serão abrigadas as famílias dos funcionários da Prefeitura local, todas na zona de residências populares. Desta data em diante os lotes do Gama já podem ser requisitados. Os populares serão vendidos por pouco mais de 30 mil cruzeiros e os individuais serão vendidos por cem mil cruzeiros, todos financiados.

CHURRASCO NO DIA 15

No dia 15 de Novembro, quando grande parte das avenidas já estarão em condições de tráfego, o prefeito oferecerá um churrasco próximo à cachoeira que existe nos limites da cidade. O presidente estará presente.     

Ao longo dessa semana faremos outras publicações em comemoração ao aniversário de nossa amada cidade! Nós temos uma história e precisamos resgatá-la!

FELIZ ANIVERSÁRIO GAMA!


Juan Ricthelly, nascido, criado e morador do Gama

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O PREÇO DA DEMOCRACIA. As aventuras de um governador que acredita ser um rei absolutista, e as desventuras da democracia

Quarta, 21 de agosto de 2019
Por
Juan Ricthelly

O PREÇO DA DEMOCRACIA
As aventuras de um governador que acredita ser um rei absolutista, e as desventuras da democracia

A democracia é uma obra inacabada, os gregos começaram, outros povos e culturas se apropriaram dela e tentaram aplicar às suas realidades, de modo que alguns milênios depois, nós ainda não concluímos essa obra.

Se tratando de Brasil é importante mencionar que de 1988 até os dias atuais, temos o maior período de exercício democrático ininterrupto de nossa história como nação.

Fomos basicamente uma colônia de exploração por 308 anos, Reino Unido à Portugal e Algarves e capital da metrópole por 14 anos, um Império por quase sete décadas, e uma República fruto de um golpe militar, sendo importante não esquecer jamais nossas bases estruturais escravocratas, coloniais e genocidas. 

Por esse caminho tortuoso, vivemos sob duas ditaduras que tomaram três décadas de nossa história republicana, sendo que apenas 5 presidentes democraticamente eleitos conseguiram concluir seus mandatos nos últimos 90 anos.

Como se pode observar, o exercício da democracia em nosso país ainda é algo recente, que estamos aprendendo aos trancos e barrancos, obviamente que Brasília com apenas 69 anos não foge à essa regra.

Entre 1960 e 1969 tivemos 11 prefeitos nomeados, entre 1969 e 1990 tivemos 8 governadores nomeados, e somente em 1991 pudemos enfim ter o nosso primeiro governador democraticamente eleito.

Em relação ao Legislativo, somente em 1986 pudemos eleger pela primeira vez Deputados Federais, e partir de 1990 os Deputados Distritais.

Ainda temos muito o que conquistar por aqui, principalmente no que diz respeito à participação popular na escolha dos Administradores Regionais, que segue sendo uma moeda de troca valiosa para o Executivo e atraente para o Legislativo, enquanto a população assiste calada a esse jogo.

Mesmo com todas as limitações e contradições, felizmente ainda temos espaços onde a população pode participar diretamente dos processos, como por exemplo, a escolha de conselheiros tutelares e diretores de escolas.

A democracia possui essa capacidade de surpreender, assustar e encantar ao mesmo tempo, ela não é perfeita e talvez jamais será, não é o seu papel transformar a Terra num paraíso bíblico, mas é sua obrigação mediar às diferenças impedindo que o inferno se instaure por completo por aqui.

Nesse espírito democrático, a população do Distrito Federal elegeu pela primeira vez em sua história uma pessoa nascida no ‘quadradinho’, um advogado de 48 anos, com mais tempo de vida que o Brasil de democracia ininterrupta, com um patrimônio estimado em mais de 90 milhões de reais.

Ibaneis Rocha fez campanha com uma mala cheia de promessas distribuídas por todo o DF, depois de eleito, deixou claro sem pudor algum que não irá cumprir boa parte delas, seguindo o caminho da velha política que tanto criticou e tentou se diferenciar durante a eleição.

Ao chegar ao poder já demonstrou em diversas ocasiões um despreparo emocional incomum para um advogado renomado e experiente, já gritou com lideranças comunitárias durante uma reunião, esculhambou vascaínos e mais recente deu um verdadeiro show diante de deputados distritais, num chilique digno do meu filho de três anos, direcionado ao deputado Fábio Félix.

Tamanhas intrigas e episódios políticos inusitados que já fazem parte do cotidiano da capital, renderiam o primeiro volume de um livro só nesses primeiros oito meses de governo, nesse ritmo, é possível que em quatro anos tenhamos uma coletânea de crônicas e causos comparável ao tamanho da Enciclopédia Barsa, narrando a história e às aventuras de um governador que acreditava ser um rei despótico.

Esse texto é a nossa humilde contribuição para essa epopeia caricata, que teve começo, terá um meio e seguramente um fim, sendo sempre importante lembrar, que numa democracia, governantes vêm e governantes vão, que assim como o povo de Brasília se ilude fácil com qualquer promessa de salvação e esperança, tão facilmente ele se desilude.

Numa breve retrospectiva de nossa história política, alertando o governador sobre o seu futuro por meio do passado de seus predecessores, que ele se recorde que assim como ele nos “salvou” de Rollemberg, Rollemberg nos “salvou” de Agnelo, Agnelo nos “salvou” de Arruda, Arruda nos “salvou” de Roriz, que por sua vez nos “salvou” de Cristovam, que anteriormente havia nos “salvado” de Roriz... Logo, caro governador, esteja ciente que em 2022 alguém certamente aparecerá para nos “salvar” de você, esses quatro anos poderão ser longos e demorados, mas chegarão ao fim, pois o tempo é o senhor absoluto de todos os governos, e com ele não há negociação.

Recentemente após uma consulta sobre a possibilidade de Intervenção Militar em algumas escolas da rede pública do Distrito Federal, duas delas recusaram essa proposta democraticamente por meio de suas respectivas comunidades escolares, como reação republicana e à altura da ilusão do poder supremo que o Governador Ibaneis Rocha acredita estar divinamente revestido, declarou que vai passar por cima dessas decisões e que quem quiser que busque a reversão judicial.

São nos pequenos atos cotidianos no exercício temporário do poder, que a máscara de um advogado comprometido com o Estado Democrático de Direito ao longo de sua vida cai, dando lugar à face do pequeno tirano que sempre existiu dentro de si. 

Quer conhecer verdadeiramente a natureza de um homem? Dê poder a ele! 

A verdadeira natureza do Governador Ibaneis está precocemente nua perante toda à sociedade e da forma mais rebaixadoramente obscena que qualquer mente sã possa conceber, e essa natureza é essencialmente tirânica, mentirosa e sem nenhum compromisso com a palavra dada, o rei está nu!

E essa nudez foi escancarada no momento em que ele deixou claro que a sua concepção de democracia é somente àquela em que ele vence, ignorar a decisão soberana de uma comunidade de forma autoritária, é algo com o potencial de manchar a biografia de qualquer pessoa, o ex-secretário de educação percebeu isso.

Nós podemos errar e acertar nos posicionamentos que tomamos em um dado momento, por acreditarmos que o que estamos defendendo seja o melhor para aquela situação, isso é do jogo político, mas jamais podemos abrir mão de errar ou acertar de forma democrática, pois fora da democracia não há salvação. E isso é um valor inegociável!

O governador talvez confunda o poder que a sua riqueza material adquirida por meio de seu trabalho lhe conferiu fora dos espaços públicos, com o poder público que exerce temporariamente em nome do povo do Distrito Federal.

Um patrimônio estimado em mais de 90 milhões, certamente tem o poder de comprar muitas coisas, cabeças de gado, jatinhos, propriedades, relógios Rolex, canetas Mont Blanc, carros de luxo e até mesmo pessoas, mas todo dinheiro do mundo é pouco diante da Democracia, pois ela não tem preço, e como não é possível comprá-la, ele escolheu o caminho digno de um ditador, de agredi-la, corrompê-la e ignorá-la.

Que ele ocupe o lugar na história de Brasília a altura de seus atos, como o governador mais tirânico de todos os tempos, que às gerações futuras se recordem dele como um eclipse antidemocrático que escureceu momentaneamente a democracia do Distrito Federal.

Não se esqueça jamais governador, que apesar de você, amanhã há de ser outro dia! E a democracia gostaria de lhe mandar um recado por meio de Mario Quintana:

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

Dom Juan Ricthelly

Gama-DF, 21 de Agosto de 2019

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*Dom Juan Ricthelly nasceu, foi criado e mora no Gama, é advogado, ambientalista e sempre lutou pela cidade, cidade entendida como o Gama e, também, o restante de Brasília.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Censura na Administração Regional do Gama? Morador protesta. Veja vídeo

Quinta, 6 de junho de 2019

Juan Ricthelly, inquieto morador do Gama, ambientalista, ativista social, questiona a censura que a Administração do Gama diz que vai impor nas suas redes sociais. Mais especificamente aos comentários na página do Facebook e Instagram da Adm. Regional do Gama.

Veja abaixo documento da Administração, ao qual Juan Rcthelly se refere no vídeo acima. Clique na imagem para melhor visualizá-la.

Saiba mais sobre o caso aqui e aqui

quinta-feira, 3 de maio de 2018

🏥O reflexo do abandono🏥

Quinta, 3 de maio de 2018
🏥O REFLEXO DO ABANDONO🏥

O Posto de Saúde nº 8 do Gama, é um dos muitos reflexos do abandono e do descaso de um governo que se esqueceu a quem serve. Um governo que a propósito ama se gabar de ter solucionado o caos da saúde no Distrito Federal, bom seria se tal disparate fosse verdade, eu sequer gostaria de estar aqui escrevendo sobre isso.

Mas infelizmente, a realidade está diante de nossos olhos e não podemos de forma alguma nos calar, ainda mais quando um governo que no ano de 2017 gastou  R$ 138,5 milhões em publicidade e R$ 9,1 milhões só no primeiro trimestre desse ano, usa dessa ferramenta para financiar a propagação institucional de Fake News para a população com dinheiro público.

E o Posto de Saúde nº 8 é um exemplo literalmente concreto da falta de compromisso do Governador Rodrigo Rollemberg com a Saúde Pública, esse importante ponto de atendimento à saúde, se encontra abandonado há mais de dois anos, em razão de uma reforma que deformou por completo aquela unidade.

Era um local que apesar de não ser um exemplo perfeito de conservação e estrutura, ainda assim prestava importantes serviços à população, como distribuição de medicamentos em geral, anticoncepcionais e preservativos, atendia aproximadamente de forma direta, 16 mil pessoas que moravam em suas cercanias, sem contabilizarmos os moradores de outros setores da cidade e do Entorno Sul.

Agora o que temos, é um estrutura abandonada com os seus materiais de trabalho jogados debaixo das arquibancadas do Estádio Bezerrão e uma casa alugada no Setor Leste que custa mensalmente R$ 4 mil aos cofres públicos.

Há ainda o boato, e esperamos que seja realmente um boato e nada mais, de que há a intenção de se transferir aquela área para o Hospital Maria Auxiliadora, que é vizinho e chega a cobrar R$ 400,00 por uma simples consulta, em permuta por outro terreno indicado por esse hospital da rede privada.

Caso isso se concretize, estaríamos a presenciar um exemplo cristalino de desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), conquista da população consagrada na Constituição de 1988, seria a vitória do privado sobre o público, uma escolha em detrimento dos que não podem pagar e que certamente seguirão sofrendo.

Não podemos de forma alguma permitir que isso ocorra, o SUS é o nosso patrimônio, com erros e acertos, merece e deve ser defendido com unhas e dentes, por todos e todas que querem um país onde o Estado cumpra com o seu papel de garantir uma saúde pública, universal, gratuita e de qualidade.

Conclamo a todos e todas para que unamos em defesa não só do Posto de Saúde nº 8 do Gama, mas da saúde como um todo, pois caso percamos essa batalha, estaremos deixando um país, um Distrito Federal, cidades e uma realidade pior do que era quando chegamos nesse mundo, para as gerações que tomarão o nosso lugar algum dia.

Somos nós contra Rodrigo Rollemberg, nós contra o Secretário de Saúde, nós contra os Planos de Saúde, contra a vitória dos interesses privados sobre o interesse público e principalmente contra um Estado microscópico que desiste de cumprir com o seu papel de promover o bem estar da população.

E se não os convenci até aqui, encerro com a seguinte reflexão:

"Quando tudo for privado, seremos privados de tudo!"

✊🏼Juan Ricthelly✊🏼

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Veja aqui o vídeo da reportagem de ontem (2/5/2018) da TV Record. Mostra o descalabro em que se encontra o Centro de Saúde nº 8 do Gama, DF. Na realidade "O reflexo do abandono".