Quarta, 1º de junho de 2016
"Deus! ó Deus! Onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?"
(Castro Alves)
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Leia a seguir a excelente matéria publicada no Blog do Arretadinho, tratando da invasão de terra pública no Gama. Clique nas imagens para ampliá-las.
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Invadindo terras alheias "em nome do senhor"
Igreja evangélica amplia área invadida no Parque Urbano e Vivencial do Gama.
Foto Joaquim Dantas
A história registra que, desde a antiguidade, grupos religiosos invadem terras alheias "em nome do senhor"
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
"O universo está cheio do poder do nosso Deus. Ele existiu antes que o
mundo fosse criado, e Ele continuará a existir quando o mundo acabar.
Ele te formou e colocou em ti fôlego da vida. Ele estendeu os céus e pôs
os fundamentos da terra. A Sua expele chamas de fogo, rasga as
montanhas, e quebra as pedras. O seu arco é fogo e as chamas são as suas
flechas. A sua lança é uma tocha, e ele se cobre com as suas nuvens, e o
relâmpago é a sua espada. Ele formou as montanhas, as colinas e os
cobriu com a relva. Ele faz cair as chuvas e o orvalho, e faz com que
brotem as pastagens. Ele também forma o embrião no útero da mãe, e
permite que se torne um ser vivente." (Exod. R. v. 14).
Esta foi, aparentemente, a justificativa que Moisés encontrou para
"libertar seu povo" do Egito e procurar a terra que brotava leite e mel,
O problema é que essa terra já estava ocupada, mesmo assim foi tomada
pelos Hebreus e o que sobrou da sua população nativa, foi escravizada
pelos ex-escravos do faraó.
Parte de trás da área invadida pela igreja evangélica. Foto Joaquim Dantas
As Cruzadas
As Cruzadas foram realizadas pela elite da Europa Oriental sob a
coordenação do Papa Urbano II para “salvar” a Europa Oriental e a Terra
Santa (Palestina), que era ocupada por muçulmanos, dando origem em 1095 a
1ª Cruzada. Assim a igreja romana consegue transformar a guerra comum
na Europa em “guerra contra os infiéis“ na Palestina e em outras
regiões, conseguindo "transformar" o objetivo das ocupações em uma
batalha motivada pela fé.
Segundo o historiador Marcos Emílio Ekman Faber, "Entre os séculos XI e
XIII ocorreram 8 cruzadas, das quais participaram senhores e reis de
diversas nações cristãs da Europa.
O nome cruzadas surgiu em virtude do símbolo da cruz que os
expedicionários usavam no peito de seus uniformes e nas bandeiras. Até
as espadas tinham a forma de uma grande cruz de ferro.
Durante as cruzadas, a Igreja criou as Ordens da Cavalaria, destinadas a proteger as fronteiras e combater os infiéis".
No Brasil
Em três ocasiões os protestantes tentaram implantar sua doutrina no
Brasil Colônia e todas as três vezes foram expulsos da colônia de
Portugal pelos portugueses católicos.
Primeira vez: a igreja reformada dos franceses foi implantada no Rio de
Janeiro em 1557, ficou apenas um ano; segunda, a igreja dos holandeses
tentou se fixar na Bahia em 1624, também ficou apenas um ano; terceira,
aí a galera resolveu unir forças e se juntaram a igreja dos holandeses,
alemães, ibéricos, ingleses, franceses e índios no Nordeste, lá pelos
idos de 1630, conseguiu resistir eté 1654.
A Saga Continua
Passados tantos séculos a ganância desses homens continua ainda mais
ávida por ocupar terras que não lhes pertencem, sem que seja preciso
desembolsar um centavo sequer.
Parte frontal da área invadida pela igreja evangélicaFoto Joaquim Dantas
Um exemplo disso é o que está ocorrendo no Parque Urbano e Vivencial do
Gama, PUVG, onde duas igrejas estão fazendo o que querem, sob as barbas
do Estado que, ao omitir-se, torna-se tão culpado quanto as entidades
religiosas por crime de invasão de terras públicas.
A igreja Assembléia de Deus ampliou a área invadida com uma cerca de
ferro em mais de 50% do que já havia invadido anteriormente. O PUVG é
uma área pública de 592.000 metros quadrados ou 59,2 hectares, que desde
1984 é uma Área de Proteção Ambiental, APA e desde 1989 foi
transformado em parque por decreto. Em 1998 foi transformado em Parque
Urbano e Vivencial do Gama, devendo o Estado investir nesta área para o
lazer da população.
Em uma rede social, Júlia Oliveira, advogada e membro da Mesa Mediadora
de Trabalhos do Fórum Comunitário e de Entidades do Gama, FcomGama,
questionou as autoridades locais sobre a ampliação da invasão promovida
pela igreja Assembléia de Deus, a resposta veio na "velocidade da luz":
"boa noite Dra Júlia, trabalho na administração do Gama e irei
reportar a irregularidade apontada ao setor competente para q as devidas
providências sejam tomadas. De fato não exite hoje uma fiscalização
efetiva por parte do poder público, mas na medida do possível procuramos
fazer a nossa parte. Acho válida a atitude da Sra em expor o fato e
assim cobrar atitude do órgãos no sentido de coibir está ação. Temos que
zelar pela ordem em nossa cidade e todos nós podemos fazer a nossa
parte, fiscalizando e denunciando as irregularidades quando
identificadas. Temos que trabalhar em conjunto por nossa cidade. Boa
noite", finaliza a mensagem.
Parte frontal da área invadida pela igreja católica
Foto Joaquim Dantas
Foto Joaquim Dantas
A resposta é típica de quem quer apenas dar uma satisfação. A
administração regional tem conhecimento formal do fato desde o último
sábado (28/05), conforme relatos contidos na mesma rede social e as
autoridades locais tem conhecimento informal da ampliação da invasão,
desde antes de ela ocorrer efetivamente, conforme comenta-se amplamente
no meio evangélico da cidade.
Outra igreja que está fazendo o que quer no PUVG, é a da Paróquia
Santíssima Trindade. O que há 20 anos era uma capela, hoje é um mega
templo, com ampla área para a realização de festas e quermesses, sem
desembolsar R$ 1 sequer, para ser revertido para a sociedade, que é a
verdadeira proprietária da área.
Parte dos fundos da área invadida pela igreja católica
Foto Joaquim Dantas
Permissão seletiva e abandono
O que não dá para entender é como essas entidades religiosas ocupam essa
área por tanto tempo e ampliam essa invasão de tempos em tempos, sem
serem "importunadas" pelo poder público.
A impressão que se tem é a de o Estado forneceu uma "autorização
informal" à essas instituições religiosas para ocuparem e ampliarem essa
área, que é de propriedade de toda a comunidade.
O que causa estranheza é que na área invadida supostamente "com
autorização informal" do governo, não encontramos nenhum templo de
religiões de matriz africanas, ou templos espíritas, por que será?
Enquanto isso, ao lado da igreja evangélica, da igreja católica, do
templo maçônico, que se apropriaram de forma criminosa de terras
públicas, e da cegueira do Estado, repousam as suas consciências
cristãs:
A consciência cristã e a cegueira do Estado
Foto Joaquim Dantas
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A seguir, quatro imagens captadas pelo Gama Livre ontem (30/5), às 11 horas. "Homens trabalhando". Clique no link adiante.
Clique nas imagens para ampliá-las.