Quarta, 27 de novembro de 2013
“É
necessário reconhecer que este Processo Eleitoral Direto – PED foi um
processo viciado desde o início” acusa a deputada federal.
A deputada federal Erica Kokai divulgou nas redes sociais um vídeo
onde afirma que a recente eleição interna, que reconduziu o também
deputado Roberto Policarpo à presidência do Partido dos Trabalhadores,
foi viciada e que os eleitores – filiados do PT – foram alvo de assédio
moral “que saiu das ostes do governo do Distrito Federal”.
Em email enviado às suas bases, ela aumenta o tom e acusa o Buriti de
ter interferido diretamente no processo com o uso da máquina.
“Diante da poderosa máquina política mobilizada para nos derrotar, que
não teve escrúpulo em usar a estrutura de governo para cooptar votos,
constranger e intimidar a militância, os 31,2% dos votos obtidos foram
um bom resultado” – diz a parlamentar federal.
Kokai, que contou com 1.820 votos no processo eleitoral interno,
questiona o baixo quórum do pleito, a falta de debate com a militância e
a interferência do Executivo local macularam o pleito. Para ela, tudo
foi maquinado para garantir a eleição de Policarpo.
Diz ainda que o PT “rasteja” diante dos interesse do GDF, que o
partido se transformou em linha auxiliar do GDF apenas para satisfazer
os interesses de seus dirigentes e que passou a ser subalterno a outros
partidos que compõem a coligação PMDB-PT.
“É necessário reconhecer que este Processo Eleitoral Direto – PED
foi um processo viciado desde o início. Houve uma intensa articulação
por setores do GDF no sentido de escolher o candidato, definir os
aliados e recorrer a métodos patrimonialistas e coronelescos de operar a
máquina em favor do atual presidente. Tudo isso com o objetivo de
manter o PT-DF num papel subalterno, de mero coadjuvante, que cumpre
apenas a triste função de legitimar os projetos políticos e ambições
pessoais de um “seleto” grupo de dirigentes” – ressalta no e-mail
distribuído.
Erica Kokai cobra ainda que a vaga ao senado em 2014 deve ser
reservada a um candidato petista, conforme compromisso assumido por
todos os candidatos à direção partidária. Em sendo assegurada ao PT, a
vaga deve ser disputada por Geraldo Magela e Chico Leite, mas na
articulação PT-PMDB há quem defenda a atribuição da vaga a Gim Argelo ou
ao deputado Reguffe. Este último nega qualquer possibilidade de sair na
mesma coligação de Agnelo.
Veja aqui a íntegra do vídeo e abaixo a íntegra do e-mail
Mandato sem paredes – 27 de novembro de 2013
Companheiras e companheiros,
É com alegria no coração que, findo o
Processo de Eleição Direta – PED, venho agradecer a cada um(a) do(a)s
1.820 companheiro(a)s que votaram em mim, no último domingo. Diante da
poderosa máquina política mobilizada para nos derrotar, que não teve
escrúpulo em usar a estrutura de governo para cooptar votos, constranger
e intimidar a militância, os 31,2% dos votos obtidos foram um bom
resultado.
Nesses quase sessenta dias de
campanha, tive o privilégio de ir a todas as cidades do DF dialogar com a
militância, apresentar minhas propostas e, de forma transparente,
apontar os equívocos dos atuais dirigentes do PT, que têm contribuído
para o seu completo esvaziamento como instância de discussão entre o
governo e a sociedade. Participei de todos os debates, mesmo enfrentando
“claques”, organizadas por setores do GDF, que, mediante a odiosa
prática do assédio moral, frequentemente obrigavam comissionados a esse
papel indigno. Praticaram assédio moral inclusive na hora da votação.
Sob esse aspecto, é necessário
reconhecer que este PED foi um processo viciado desde o início. Houve
uma intensa articulação por setores do GDF no sentido de escolher o
candidato, definir os aliados e recorrer a métodos patrimonialistas e
coronelescos de operar a máquina em favor do atual presidente. Tudo isso
com o objetivo de manter o PT-DF num papel subalterno, de mero
coadjuvante, que cumpre apenas a triste função de legitimar os projetos
políticos e ambições pessoais de um “seleto” grupo de dirigentes.
Francamente, não é este o PT que
ajudamos a construir. O PT surgiu para libertar e não para aprisionar.
Surgiu para radicalizar na democracia e não para subjugar quem se opõe
às práticas exercidas por sua direção. Nosso Partido foi forjado nas
lutas populares e não na burocracia do Estado e da máquina partidária.
Por isso mesmo, penso que é importante aproveitar este momento para
fazer uma profunda reflexão junto à nossa militância a respeito de
alguns acontecimentos observados neste PED.
É necessário avaliar, por exemplo,
por que tivemos a mais baixa freqüência de eleitores desde a implantação
do PED, em 2001. Votaram, no último domingo, apenas 6.891 filiados.
Isso significa apenas 49,2% daqueles que estavam aptos a votar (14.000) e
14,4% do total de filiados (48.000). Pior ainda: o presidente eleito
obteve apenas 3.656 votos, o que significa 26% dos aptos a votar e pouco
mais de 7% do universo de filiados. O menor percentual na eleição de um
presidente do PT no Distrito Federal! Esses números preocupam muito,
pois mostram que a imensa maioria dos petistas não tem interesse em
participar da vida orgânica do PT e está desmotivada para exercer a sua
militância.
Os números refletem também a
incapacidade da atual direção de, nos últimos quatro anos, estimular o
debate político, fazer as necessárias críticas (e autocríticas),
formular propostas e intervir no diálogo do partido com o governo e com a
sociedade. A (re)eleição de dirigentes com baixa representatividade,
que não tenham compromisso com o fortalecimento do partido, mas apenas
com os seus projetos e interesses pessoais, irá contribuir para agravar
ainda mais a situação antes descrita.
Essa ameaça fica mais evidente
quando se considera a inacreditável desorganização demonstrada pelo
diretório local do PT em conduzir um processo dessa magnitude, a começar
pelo completo e deliberado desrespeito às decisões do IV Congresso
Extraordinário do PT, que definiu regras claras sobre filiações,
formação política e finanças. De “jeitinho” em “jeitinho”, atingimos o
caos neste último domingo, quando centenas de filiados com suas
contribuições em dia não tiveram assegurado seu direito de votar.
Mas o Partido dos Trabalhadores é
muito maior do que a sua presidência. O PT é feito de homens e mulheres
de coragem de coragem e de luta. Este é o seu maior patrimônio, que é um
patrimônio da classe trabalhadora e não temos o direito de desistir
deste projeto. Pelo contrário, devemos nos organizar para disputá-lo,
trazê-lo para a esquerda, assegurar seu funcionamento orgânico, resgatar
os seus valores, ampliar os seus vínculos com os movimentos sociais e
transformá-lo em um espaço vivo de reflexão e permanente formulação de
propostas para a construção de uma sociedade livre da exclusão social,
da discriminação e do preconceito, em qualquer de suas formas.
Precisamos reencantar a militância para que, em 2014, possa sair às ruas
com a alegria e a garra que sempre a caracterizaram e, assim,
garantirmos a reeleição da presidenta Dilma e do governador Agnelo
Queiroz.
Muito obrigada pelo seu voto e seu apoio.
Um abraço fraterno.
Erika Kokay – Deputada Federal e militante do PT