Sexta, 27 de novembro de 2015
Do MPF 
Ordem é de 8 de outubro, a pedido do MPF,
 em vista de contaminação por metais pesados no rio Cateté e por 
descumprimento da licença ambiental
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou no
 dia 8 de outubro a  paralisação das atividades da mineração Onça Puma, 
da Vale, em  Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará. A decisão de 
paralisação da mina atende a pedido  do Ministério Público Federal (MPF)
 que aponta o descumprimento da  licença ambiental da mina e a 
contaminação do rio Cateté por metais  pesados.
A contaminação, 
possivelmente causada pelo  empreendimento de extração de níquel, já 
provocou casos de malformação  fetal em aldeias dos índios Xikrin. A 
situação é ainda mais grave porque  a Vale até hoje não instalou os 
projetos de compensação socioambiental  que são obrigatórios pela 
legislação brasileira e expressamente  determinados na licença ambiental
 da mineradora.
Para o ministro  Francisco Falcão, presidente do 
STJ e responsável pela suspensão da  mina, “na seara da atividade de 
extração mineral a questão da  preservação do meio ambiente, intimamente
 ligada à preservação da saúde,  tem sempre enorme relevo. Assim, 
imperativo aplicar-se os princípios da  prevenção e da precaução à 
questão em exame”. No entanto, passados mais  de um mês da decisão, a 
mineração de níquel da Vale continua  funcionando normalmente em 
Ourilândia do Norte.
O processo do MPF/PA  contra a Vale no caso 
da Onça Puma tramita desde 2012. Em agosto  de 2015, decisão do Tribunal
 Regional Federal da 1a Região  (TRF1), em Brasília, ordenou a 
paralisação do empreendimento, diante de  laudos que comprovam a 
contaminação do rio Cateté por metais pesados  bioacumulativos. A Vale 
não chegou a paralisar as atividades porque  obteve, logo em seguida, um
 mandado de segurança no mesmo Tribunal que  suspendeu os efeitos da 
decisão anterior. O MPF, por sua vez, recorreu  ao STJ e conseguiu a 
nova ordem de paralisação, que até agora não foi  cumprida pela empresa.
 Nessa semana, o STJ enviou ofício à Justiça  Federal em Redenção (onde 
começou o processo judicial) para que obrigue a  paralisação.
“A
 Vale tem instalado diversos empreendimentos nos  arredores das terras 
das Aldeias Xikrin. Há projetos futuros para serem  instalados, como o 
S11D. Inclusive, foram protocolados pela Vale, no  DNPM (Departamento 
Nacional de Produção Mineral), pedidos de exploração  dentro das Terras 
Indígenas, provavelmente na expectativa da aprovação  do Marco 
Regulatório da Mineração, que admitirá a exploração minerária  no 
interior de terras indígenas. Ou seja, os Xikrin se encontram em  
território sitiado por diversos empreendimentos da Vale”, explica a  
procuradora da República Luisa Astarita Sangoi, uma das responsáveis  
pelo caso.
Além da paralisação da mina, o processo judicial sobre
  a Onça Puma também trata da compensação socioambiental aos índios. Em 
 violação à legislação ambiental, a empresa instalou a exploração  
minerária sem implantar os planos e projetos para mitigar e compensar os
  impactos que causa às comunidades. Por decisão judicial, foi obrigada a
  pagar, a partir de agosto de 2015, o valor mensal de R$ 1 milhão para 
cada aldeia afetada.
O STJ aceitou um pedido da  mineradora para
 que o dinheiro fosse, por enquanto, depositado em juízo e  não 
repassado aos índios. Mesmo assim, a Vale não vem depositando os  
valores em dia e não cumpriu ainda o repasse da parcela de novembro.
Entenda o caso -
 As três aldeias Xikrin da região do Cateté, no sudeste do Pará, entre  
as cidades de Ourilândia do Norte, Parauapebas e São Félix do Xingu,  
foram cercadas por quase todos os lados por uma das atividades  
econômicas mais poluidoras, a mineração. São 14 empreendimentos no  
total, extraindo cobre, níquel e outros minérios, todos de propriedade  
da Companhia Vale do Rio Doce, alguns já implantados, outros em  
implantação. Um dos empreendimentos, de extração e beneficiamento de  
níquel, chamado Onça Puma, implantado sem o cumprimento da legislação  
ambiental, em sete anos de atividade contaminou com metais pesados o rio
  Cateté e inviabilizou a vida dos cerca de 1300 Xikrin. Casos de  
má-formação fetal e doenças graves foram comprovados em estudos. Um  
processo judicial do MPF tenta desde 2012 paralisar a mineração e  
assegurar compensações devidas aos índios.
