Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Balanço Político da Greve dos Professores do DF

Sexta, 27 de novembro de 2015
BALANÇO POLÍTICO DA GREVE DOS PROFESSORES

Primórdios do porvir.

A Greve é um dos mais importantes instrumentos de luta da classe trabalhadora e um dos principais exemplos de Luta de Classes. Em uma luta, ou perdemos ou ganhamos.
Janeiro de 2015 foi o início de ano mais singular no DF com manifestações, protestos, atos públicos, passeatas e greves de diversas categorias, isso se estendeu para todo o mês de fevereiro provocando inclusive uma semana de Greve dos Professores -  de 23/02, primeiro dia de aula até 27/02 quando o Sinpro sepultou a greve do início do ano. A intensidade do movimento sindical foi respondida pelo governo com três elementos: 1) abertura de negociações, 2) promessas de recomposição financeira e 3) culpando a “herança maldita” do Governo Agnelo. As direções burocráticas ainda estavam “traumatizadas” com a vergonhosa derrota eleitoral do PT em Brasília, que nem chegou a ir para o segundo, a fuga de Agnelo para Miami e o fato concreto que o orçamento feito pelo PT realmente não cobria os pagamentos, isso tudo era somado ao prestígio do Governo de inicio de mandato. Para as burocracias em geral, e para o Sinpro em particular, era necessário barrar as lutas para evitar que o movimento  se radicalizasse e atingisse o governo Agnelo e os ajustes que viriam do governo Dilma, para tanto teve uma ajuda de Rollemberg que adiou o inicio das aulas em um mês.

Primeira tentativa de encerrar o movimento


Uma forte mobilização vai ocorrer em 26 de maio onde 140 mil servidores públicos do GDF são mobilizados para o Julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), onde o Ministério Público questiona o Reajuste Salarial conquistado por 32 categorias no Governo Agnelo, a vitória no TJDFT foi de 17 votos a favor do Reajuste e 0 votos contrários, nessa conjuntura o Sinpro se milita a chamar um ato com compactação de horário em vez de paralisação. O ensaio de novas mobilizações do Sinpro veio com as assembleias regionais do final de abril e durante o mês de maio, o termômetro ainda mostrava uma disposição de greve ainda para o primeiro semestre, mas o Sinpro encerrou (ou achou que tinha encerrado) qualquer possibilidade de greve na assembleia de 17 de junho, onde girou todos os argumentos e baterias no sentido de que “havia uma negociação em curso” e “até então nada tinha sido de descumprido”, por lado o Sinpro precisava garantir a realização do 10o Congresso de Educação do DF na mais absoluta tranquilidade (inclusive para impedir propostas como antecipação das eleições), além disso, o Sinpro acreditava realmente que Rollemberg cumpriria o acordo e pagaria o reajuste e o aumento das gratificações (auxílio-saúde e auxílio-alimentação), um prêmio como consequência de ter feito campanha para Rollemberg no segundo turno e da aprovação da ARO (Antecipação da Receita Orçamentária) tão defendida pelo Sinpro como a solução dos problemas.  No primeiro semestre dois foram os grandes momentos em que o Sinpro tentou sepultar definitivamente o movimento grevista para 2015, primeiro na Assembleia Geral de 27 de fevereiro, segundo na Assembleia Geral de 17 de junho.

Retomada

A retomada do movimento acontece em 24 de setembro com a paralisação chamada por várias categorias contra o pacote de ajuste fiscal do governo Rollemberg que sem nenhuma timidez copia o mesmo ajuste fiscal de Dilma. Apesar da paralisação o Sinpro desconecta o ajuste de Rollemberg como parte do ajuste do Dilma. Logo em seguida o Sinpro se vê obrigado a chamar uma nova paralisação, às pressas e desorganizada para dia 29 de setembro (menos de uma semana da última chamada) por causa do remanejamento do Fundo Previdenciário, onde o dinheiro da aposentadoria seria usado para pagar os salários dos servidores da ativa. Em jogo de cena o Sinpro que queria e sugeriu essa manobra faz postura de quem era contra. No entanto isso acirrou os ânimos da categoria.

A Greve dos Professores começa finalmente

O sentimento principal antes da Assembleia Geral do dia 08 de outubro era que a greve deveria ter sido feita no inicio do ano e que agora as condições para uma greve no fim do ano eram muito ruins, principalmente por que não havia tempo para repor e uma greve no fim do ano estragaria as férias. Nas escolas havia um sentimento que não havia condições de fazer greve agora, mas quem compareceu na Assembleia Geral de 08 de outubro foi à vanguarda do movimento e um setor significativo que acreditava em uma greve rápida prometida pela Sinpro. Havia sangue no olho, mas o colírio estava no bolso. Na Assembleia Geral do dia 08 de outubro aprovamos começar a greve no dia 15 de outubro, em uma semana que havia: dois feriados, vários abonos, dias já repostos em sábados anteriores e várias escolas com dia de confraternização marcada, ou seja, uma semana de confusão que ninguém sabia se a escola estava parada porque era feriado, abono, dia já reposto, confraternização dos professores ou greve, dia 08 de outubro não aprovamos a greve, e sim, aprovamos emendar uma semana de feriado prolongado.
A Greve realmente começou com as assembleias regionais de 19 de outubro, a direção consegue eleger 90% do Comando Geral de Greve, a greve da Saúde se fortalece e se radicaliza, na Assembleia Geral do dia 20 de outubro a Presidência da CLDF é ocupada (um ato meramente simbólico, mas que abre negociações), outras categorias apontam para decretação de greve, os piquetes de convencimento se apresentam de forma mais efetiva e as primeiras ações de rua começam despontar, mas a greve “rápida” não se cumpre. A greve é decretada ilegal, o Ministério Público aplica uma multa abusiva. A adesão da greve fica cada vez mais baixa a ponto do Sinpro esconder os números que poderiam está em torno de 50% ou no máximo 60% de adesão, mesmo assim surge a primeira proposta do GDF para a categoria.

Dia 28 de outubro de 2015

A brutal e descabida repressão de 28 de outubro de 2015 foi um dos momentos mais importantes da Greve dos Professores, o Sinpro que até então entendia o GDF como seu aliado, fica assustado com Rollemberg. A adesão à greve estava cada fez menor e caindo, no entanto a brutal repressão do dia 28 provocou um comoção em toda categoria com uma “adesão de solidariedade” onde a greve chegou a um patamar de 95% da categoria paralisada e a Assembleia Geral de 30 de outubro tinha presente 10 mil professores, uma assembleia radicalizada disposta a maiores enfretamentos. Devido a repressão do dia 28 havia uma crise institucional na Polícia Militar, onde houve troca de Comando da PM, aquartelamento dos policiais militares e queda do Secretário de Segurança, não havia um único policial na proteção do Palácio do Buriti no dia 30 de outubro, onde 10 mil professores estavam na praça. Nesse momento a direção burocrática do Sinpro em vez de seguir o caminho de aumentar as ações radicalizadas, busca novas negociações procurando “sensibilizar” o GDF, o que explica o absurdo de não ocupar o Palácio do Buriti no dia 30 de outubro com 10 mil professores dispostos e pedindo a radicalização do movimento. O problema é que a adesão de 95% da categoria paralisada também serviu para antecipar e esticar o feriado de finados. Dia 03 de novembro é o primeiro levantamento oficial de adesão a greve e os números são alarmantes menos de 50% da categoria está em greve e as assembleias começam esvaziar, o Sinpro novamente em vez de optar pela radicalização, começa o discurso de “já somos vitoriosos, essa greve foi pela nossa dignidade”, neste momento a Greve caminhava para o fim.

O Fim da Greve, a traição Da diretoria e a derrota da categoria

A partir do dia 09 de novembro o Sinpro implora ao GDF para mentir para categoria fazendo qualquer promessa que de fim a greve, em vez disso o GDF desdenha o sindicato e piora a proposta feita anteriormente e parte pra cima do Sinpro, exigindo o pagamento da multa de 400.000,00 por dia de greve, ameaçando não repassar o dinheiro do Sinpro e bloquear bens e contas do Sinpro. As negociações viram uma piada, pela primeira vez em toda história das greves dos professores os membros da base não participam das reuniões da Comissão de Negociação, nem mesmo dos membros da base que são ligados a direção do