Sexta, 20 de maio de 2016
Michèlle Canes - Repórter da Agência Brasil
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo
Tribunal Federal (STF) a inclusão do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), do ministro do Planejamento, Romero Jucá, e dos
senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA) em um
inquérito já aberto na Corte que investiga o suposto pagamento de
propina na construção da usina Belo Monte. O ex-ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão (PMDB-MA) já é investigado.
O pedido de
extensão da investigação foi baseado na delação premiada do ex-senador
Delcídio do Amaral. O inquérito tramita em segredo de Justiça no STF e
tem como relator o ministro Edson Fachin.
Segundo Janot, Delcídio
do Amaral disse na delação que houve pagamento de “ao menos R$ 30
milhões, a título de propina pela construção de Belo Monte, pagos ao PT e
ao PMDB” e que o dinheiro pago ao PT foi destinado à campanha da
presidenta afastada Dilma Roussef. Já o valor pago ao PMDB foi destinado
ao “grupo de José Sarney”, do qual fazem parte Lobão, Renan, Jucá,
Raupp e Barbalho. Ainda segundo Delcídio, o pagamento da propina era
feito pelas empresas participantes do consórcio da usina.
Para o procurador, os políticos tinham consciência de que os valores vinham de vantagens indevidas.
“Conforme
visto, os políticos não apenas tinham consciência de que os valores
eram provenientes das vantagens indevidas destinadas aos diretores e
altos funcionários de empresas públicas e sociedades de economia mista
federais, mas também atuavam, direta ou indiretamente, para a
continuidade do esquema de pagamento de vantagens indevidas, seja pela
manutenção dos diretores em seus cargos, seja pela manutenção do cartel
de empresas ou, ao menos, pela não interferência em seu funcionamento”,
diz Janot no pedido.
O procurador-geral destaca que fatos sobre
Belo Monte também estão sendo analisados pelo juiz federal Sérgio Moro,
da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação
Lava Jato.
Renan Calheiros
Em nota
publicada na página da presidência do Senado, a assessoria de imprensa
de Renan disse que “todas as imputações envolvendo o senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) são por ouvir dizer ou fruto de interpretações
subjetivas. O delírio do ex-senador Delcídio do Amaral, por exemplo, é
por ‘fazer parte do time do Sarney’. O senador Renan Calheiros reitera
que sempre esteve e continua à disposição para quaisquer
esclarecimentos”.
Valdir Raupp
A
assessoria de Raupp também se manifestou por meio de nota e informou que
“o senador Valdir Raupp esclarece que jamais fez indicações políticas
para o setor elétrico e que as acusações do ex-senador Delcidio do
Amaral são descabidas e inverídicas”.
Romero Jucá
O
advogado do ministro Romero Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro,
disse que a delação do ex-senador Delcídio do Amaral é descompromissada
com a realidade, não cita um fato específico e não traz nenhuma citação
que justifique a abertura de inquérito. A assessoria do ministro
divulgou nota em que informa que todos os recursos para a campanha do
PMDB em Roraima, estado do senador, “foram recebidos oficialmente e
fazem parte das prestações de conta”. A assessoria ressaltou que as
contas das campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Edison Lobão
O
advogado Antonio Carlos de Almeida Castro também faz a defesa do
senador Edison Lobão e disse que já fez o pedido de arquivamento do
inquérito contra o ex-ministro, já que, segundo ele, nunca ninguém disse
que deu dinheiro ao senador.
Jader Barbalho
O
senador Jader Barbalho disse à Agência Brasil que a única declaração do
ex-senador Delcídio do Amaral sobre ele na delação premiada é que
Barbalho é um senador influente no Senado. Em relação a Belo Monte,
Barbalho disse que não tem relação com nenhuma empresa. “Não conheço
ninguém de Belo Monte, não tenho relação com empresa nenhuma de Belo
Monte. Desafio que alguém possa dizer que teve algum contato comigo, que
teve alguma contribuição. Não tem nada”, disse.
Dilma Rousseff
Sobre
a informação de que os recursos ilegais teriam financiado a campanha de
Dilma, o coordenador jurídico da campanha eleitoral da presidenta
afastada e do presidente interino Michel Temer, Flávio Caetano, divulgou
nota na qual repudia as declarações feitas pelo ex-senador Delcídio do
Amaral.
“Repudiamos, com veemência, a afirmação mentirosa do
senador cassado Delcídio do Amaral de que haveria repasse ilegal de
recursos para a campanha eleitoral de Dilma e Temer”, diz a nota. O
texto reafirma que todas as doações foram “devida e legalmente
contabilizadas, com a prestação de contas aprovada por unanimidade pelo
Tribunal Superior Eleitoral”.