Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 28 de março de 2019

Depois de ser considerado o anfitrião da República recebendo os chefes dos 3 poderes, como poderoso coordenador da Previdência, agora perdeu tudo

Quinta, 28 de março de 2019
Por
Helio Fernandes*

Deu um almoço na bela mansão, presentes apenas deputados, alguns queriam somente  conhecer a mansão. Rodrigo Maia falou, não devia ter falado. além do mais precisa ser interpretado. A fala, textual: “Vou BLINDAR a reforma da Previdência". BLINDAR pode ser contra ou a favor. Bolsonaro, apesar de despreparado, incompetente e impopular, AINDA detém o Poder.
Fez uma declaração. "precisamos de pacificação entre governo e os parlamentares". Como César Maia, até ontem era o coordenador privilegiado e prestigiado, mas não é governo foi afastado.

Entronizado como coordenador, o super ministro Paulo Guedes. Ninguém é mais governo do que ele. Foi logo á Câmara, começou a conversar. Não inovou, repetiu o que vem afirmando desde que foi convidado, e vem ratificando depois da posse. Mas anteontem e ontem, cara a cara com deputados foi diferente.

Acreditou que fosse conquistar os deputados, com a afirmação que julgava, os deputados iriam adorar: "O projeto está aberto, posso conversar sobre alterações, MENOS a economia  de 1 trilhão em 10 anos. Essa é fundamental e intocável"!

O primeiro semestre está perdido. E pode arrastar o projeto todo por um tempo incalculável. O tempo precário de Bolsonaro.

BOLSONARO DETERMINA AOS QUARTÉIS QUE COMEMOREM O 31 DE MARÇO DE 64.  É A VELHA PAIXÃO POR DITADURAS, PROCLAMAM
 
Como deputado, revoltou todo o plenário, afirmando sem constrangimento: "Meu grande ídolo é o coronel Ulstra". Reconhecido como o mais covarde e sórdido torturador, os generais que tomaram o poder em 64, não aguentaram mais, mandaram o coronel Ulstra para o Uruguai, como Adido Militar. Isso num governo, que prendia, torturava, cassava impunemente.
 
O general Médici que se transformou em "Presidente" com a morte de Costa e Silva aprendeu com Pinochet a "gostar de assistir" sessões de tortura". Existem documentos sobre esse fato, fornecido pelos americanos, que apoiaram e financiaram as ditaduras do Brasil, Argentina e Chile.
 
O "presidente" Geisel nomeou o Shigeaki Ueke para a Petrobras e depois para o Ministério de Minas e Energia, fez uma fortuna colossal, foi protegido pelo "presidente". Ha mais de 30 anos, vive no Texas com os filhos, mais ricos do que os Bush, que nasceram lá.
 
Bolsonaro não considera ditadura, um regime em que o "presidente" (Geisel, não eleito, autorizava que matassem membros da oposição, "mas pedia cuidado"). Terminada a ditadura, restabelecido o que se chamou de REDEMOCRATIZAÇAO.
 
Órgãos de informação dos EUA, inundaram o Brasil, com documentos sobre o regime de 21 anos, em que os generais"presidentes" podiam tudo.
 
O "presidente" Médici, gastou uma fábula de dinheiro, "construiu" a Belém Brasília, que segundo se dizia, "Ligava o nada a coisa alguma". Os ministros Delfin Neto e Andreazza, favoreceram de tal maneira a Inglaterra, na construção da Ponte Rio Niterói, que o Rei e a Rainha, vieram à inauguração de uma simples ponte.
 
Bolsonaro devia seguir o exemplo do general Augusto Heleno, seu conselheiro de todos os momentos. Examinando esse período histórico, afirmou publicamente: "Depois da ditadura, o Exército tem apoiado intransigentemente, a Liberdade e a Democracia no pais”.
 
PS- Não quero citar meu exemplo pessoal. Se não houve ditadura, toda a violência insaciável, exercida contra mim e contra a Tribuna da Imprensa, não existiu.
 
CONGRESSO CUMPRIU SUA OBRIGAÇÃO APROVOU O ORÇAMENTO IMPOSITIVO, NÃO FOI DESAFIO OU REPRESÁLIA
 
Se aprovar o orçamento, terá cumprido seu dever. Só pode entrar em recesso depois de aprovado orçamento. Só que era uma bagunça, o orçamento meramente AUTORIZATIVO, mexiam em tudo, o congresso aprovava uma coisa, era executada outra. O disparate e o desperdício do dinheiro do contribuinte, espantoso e assustador.
 
Afonso Arinos de Mello Franco eleito senador, decidiu colocar ordem na casa, quer dizer, no pais. Conversou muito, e diante da receptividade, apresentou o projeto do orçamento IMPOSITIVO aprovado por esmagadora maioria. Portanto os 448 votos de ontem não representam desafio ou represália.
 
Desafio e represália estão presentes na decisão dos mais diversos e diferentes partidos. Estão sendo criados os mais numerosos grupos, para alterarem o projeto da Previdência. Ameaça verdadeira à sua aprovação.
 
Culpam Bolsonaro e Guedes, querem a volta de Maia à coordenação.
 
CONTESTADO NA CÂMARA, GUEDES FOI AO SENADO
 
Como não mudou o discurso, a repulsa foi a mesma. "Perguntado se o projeto estava aberto a mudanças, respondeu em duas etapas".
 
À primeira, com umas palavras, "TODAS", mas fez considerações singulares: "O projeto foi redigido por técnicos, mas pode ser emendado por parlamentares", e se preparou para responder à segunda, que tem ocorrido em todas  as oportunidades.
 
Era sobre a economia de "1 trilhão em 10 anos, 100 bilhões por ano" Recusou qualquer mudança, mas respondeu com outras palavras: "Se reduzirmos esses números, estaremos condenando filhos e netos". Ele sabe que não convencerá a ninguém, nem a ele mesmo. Não pretende  "viver o ostracismo que viveu nos EUA, logo depois de formado em Chicago".
 
Nem emprego tinha, fez ligações que não podia fazer. Até que foi "descoberto por Bolsonaro". Já desperdiçou uma parte do crédito, mas ainda acredita no futuro.
 
Discorreu 4 horas inúteis.
 
A BOVESPA CAIU 4 POR CENTO
 
Estou noticiando por vários motivos. Depois de atingir os 100 mil pontos, é a maior queda. No linguajar repetitivo e vulgar do mercado, está "precificado" pelas dificuldades cada vez maiores da aprovação da Previdência,
 
Como consequência coerente, pouco depois do meio dia, o dólar era negociado ligeiramente acima de 4 reais. Mas fechou a 3,99. Tudo planejado. 

*Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa.
Matéria pode ser republicada com a citação do autor.