Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 18 de março de 2019

Paulo Guedes falou quase uma hora, perdeu tempo não convenceu ninguém

Segunda, 18 de março de 2019
Por
Helio Fernandes*

No seu estilo retumbante, comunicou que vai "participar diretamente da tramitação do projeto da Nova Previdência". Deixou bem claro que não fará concessões, e começou por criticar os próprios parlamentares, "o legislador tem que lembrar que também é cidadão".

Surpresa geral, ele continuou verbalizando e gesticulando, não deu explicação. Insistiu, textual: "A sobrevivência do país depende da aprovação integral do projeto que já está na Câmara e no senado".

Só ele falou, não permitiu apartes. E terminou, eufórico e alvissareiro: "A meta do projeto, é economizar 1 trilhão em 10 anos, não negociaremos, pois atingiremos facilmente a proposta que está no projeto".

Especialistas do Brasil e do exterior, analisam o projeto, e concluem: "Se a economia chegar a 600 bilhões em 10 anos, devem ficar satisfeitos". E recomendam: "Só estão preocupados com a tramitação parlamentar do projeto". E lembram (mas o ministro esquece) que o país nesses 10 anos, viverá intensamente com outros fatos acontecendo.

Formado nos EUA, passou quase todo o tempo de ostracismo, lá. Vinha pouco ao Brasil. Foi "descoberto" por Bolsonaro, assim: "Sou completamente analfabeto em economia, o setor será dominado pelo economista Paulo Guedes". Agora, Bolsonaro explica: "Ele tem autonomia, eu tenho poder de veto".

PS - Bolsonaro foi modesto, restringindo seu "analfabetismo", apenas à economia.

PS2 - Ao contrário, Guedes, durante muito tempo, subalternamente ligado a grupos comprometidos dos EUA, virou estrela no Brasil, "conduz o destino e o futuro do país".

PS3- Ou pelo menos, admite soberbamente, que tem cacife para isso.

PS4- A arrogância pode triturar seu projeto alucinado, disparatado, apenas roteiro de inconsistência, incoerência, imprudência.
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NÃO EXISTE DECISÃO PELO VOTO DE MINERVA

Só que O Globo, desatento e desinformado, informa (?) na Primeira: "O voto de Minerva foi dado pelo presidente Toffoli". Os canais de TV do mesmo grupo, erraram juntos. Como o STF tem chegado quase sempre em 5 a 5, o presidente, o ultimo a votar, obrigatoriamente tem que desempatar. Se na hora dele votar, o placar estivesse em 8 a 2, 7 a 3, 6 a 4, o voto do presidente não teria a menor importância, já estava tudo decidido.

No TSE, (Tribunal Superior Eleitoral) pela composição, existe a possibilidade de ser "fabricado" um voto de Minerva. O que foi premeditado e executado pelo ministro Gilmar Mendes para salvar da cassação, o presidente Temer, corrupto e usurpador. Vergonha, descalabro, decadência moral.

O TSE tem 7 membros, um, sempre Ministro do Supremo, que preside a Corte. Os outros 6 são ministros nomeados pelo presidente da República. Três, efetivos, com mandato fixado, só podem ser demitidos depois de terminado o mandato.

Os outros três, temporários, podem ser substituídos, (defenestrados sumariamente) sem explicação. Durante meses, Gilmar foi construindo um necessário e indispensável 3 a 3. Gilmar indicava, Temer nomeava alguém, da sua intimidade, que iria absolvê-lo.

Sem o menor constrangimento, Gilmar deu o voto de Minerva, salvando o presidente corrupto da cassação.

Com tudo isso, no julgamento da corrupção do Caixa 2, quando votou, Gilmar poderia definir o placar em 6 a 4 a favor da Justiça Federal, empatou de 5 a 5, permitindo que Toffoli, o último a votar, desempatasse para um lado ou para o outro, nada a ver com o voto de Minerva.

Mas criando clima de incerteza e insatisfação, estimulando polêmica, com interpretações diversas, quase sempre negativas.

PS- Tentarei dissecar o DECIDIDO, com essa constatada divisão do STF, com os insuspeitos, 5 a 5.

PS2- Levando o grupo de comunicação Globo a cometer o erro. Ou EQUÍVOCO, tão engendrado e admirado na própria história da Organização.
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NA ONU, JEAN WYLLYS É DELIBERADAMENTE INSULTADO POR UMA EMBAIXADORA DO BRASIL

Num debate sobre "autoritarismo e direitos humanos", a representante do Brasil, embaixadora Farani Azevedo, agrediu o professor e ex-deputado de forma baixa e não diplomática: "O presidente Bolsonaro não fugiu do Brasil, mesmo depois de uma tentativa real de tirar a vida dele".

Wyllys respondeu, seguro, compenetrado e sem ofensa: "Bolsonaro me insultava, e começou campanha de destruição da minha reputação com FAKE NEWS". Havia grande audiência que aplaudia o ex-deputado e vaiava a embaixadora, que lia um texto escrito antecipadamente.

A embaixadora abandonou o debate, não pôde ouvir o comentário de Wyllys: "A senhora vir com um discurso pronto, é sintoma de que minha presença amedronta o seu governo".

Mais desgaste para o Brasil e para Bolsonaro, que sabia de tudo.
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BOLSONARO ANTES DE IR AOS EUA: "MINHA IMAGEM ESTÁ PÉSSIMA NO EXTERIOR".

Decidiu então se recuperar, sacrificando a grande tradição do Itamaraty. E segundo o embaixador Roberto Abdenur, (ex-embaixador nos EU, e influente até hoje), em entrevista à Globo News: "Bolsonaro está DECAPITANDO (textual) a nova geração de diplomatas de alta competência". Na mesma entrevista, foi claro e incisivo," a nossa preocupação, é que Bolsonaro aceite um alinhamento automático com os EUA, ou melhor com o presidente ocasional que é Trump".

O presidente Bolsonaro já confessou publicamente: "O presidente Trump é  meu ídolo".

Em troca, o presidente Trump mandou Bolton dar entrevista rasgadamente elogiosa, acenando com promessas que não pode cumprir: "Trump sabe que uma das reivindicações históricas do Brasil, é pertencer ao seleto corpo de membros do Conselho da ONU". Trump não tem poder ou prestigio para garantir essa vaga.

Jhon Bolton terminou a fala de 6 minutos, com esta frase miserável e mentirosa, fabricada deliberadamente para influenciar e mistificar o encontro: "Trump gosta de ser chamado de o Bolsonaro do Sul".

Inacreditável e impressionante que Bolsonaro tenha gostado da falsa comparação. Bolton não tem caráter, credibilidade ou respeito pela verdade. No passado, foi o carrasco da destruição do Iraque. Como assessor do presidente George W Bush, "convenceu-o  de que o Iraque tinha formidável arsenal atômico". O país foi destruído, mais tarde a ONU desmentiu tudo. É esse intermediário tenebroso, que "prepara" o encontro Trump-Bolsonaro.

Conversarão amanhã terça feira. As exigências do presidente dos EUA, assustadoras. A possível concordância do presidente do Brasil, retrocesso para o país e para a sua respeitada e tradicional política diplomática. O assunto será discutido por muito tempo, para infelicidade do Brasil. Continuaremos  a examiná-lo e comentá-lo.

*Matéria pode ser republicada com citação do autor
Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa