Terça, 26 de março de 2019
Por Negodai, artistas dos bons. Compositor e cantor do Gama, de Brasília, do povo
Bom dia!
A música Brasília faz parte do álbum Uma parte de mim, meu primeiro CD autoral. A força da poética usa, em alguns versos, nomes das composições do cantor e compositor Lenine. A música faz uma crítica à sociedade ainda fundamentada nos preconceitos, na má distribuição de renda, num país que humilha os seus, que não leva em consideração àqueles que ainda não possuem voz nem vez. A composição compara às cidades satélites de Brasília às lavadeiras do rio que também vivem à margem. Propõe a educação como solução para sair dessa condição de margem, mas enquanto isso não acontece o que se vê é violência e morte nas ruas do Distrito Federal e também de todo Brasil.
Música: Brasília
Autor: Negodai
Eu não sou nenhum Leão do Norte
Eu sou aqui do centro do Centro Oeste
Canto falo ando as ruas e ninguém me vê
Meus ecos não ecoaram
Minha voz não reverberará
Silêncio só se for o das estrelas,
Pois tal qual ele também tenho voz
Também tenho voz! Também tenho voz!
Grito no silêncio
Ecoa a surdez
Como surdo mudo, no submundo
Surjo, sugo, jogo o jogo sujo
Surto, solto ao Leo
Querendo ver o clarão da aurora
Sem surdina para atrapalhar
Agora, meus olhos negros hão de ver
Nego, nego nem que seja daí
Onde ninguém possa ver ou escutar
A surdina do congresso mudo
Muda não o timbre,
Mas a essência
Não sou um arauto de Ariano Suassuna,
Mas queria ser
Sou um detrito no Distrito
Que não luta vendo tanta podridão social
Pobres, pretos! Pretos pobres!
Voz sem vez, vez sem sorte
Quanta igualdade, tanta diferença
Aqui em Brasília é assim
Um céu lindo brilha para todos,
Mas os direitos não brilham iguais
Do Lago, Lago Sul, Lago norte
Santa Maria, Samambaia, estrutural, P Norte.
Do Lago, Lago Sul, Lago norte
Santa Maria, Samambaia, estrutural, P Norte.
E tanta diferença se ver aos extremos!
De um lado a ponte
Do outro a sorte
É isso aí, pessoas soltas, lançadas ao trote
Sem voz nem vez, voz nem vez, mas morte
No Gama, na Ceilândia, Itapoã
Sobradinho, Planaltina, Taguatinga, Dvo
São Sebastião, Recanto das Emas, Riacho Fundo,
Vicente Pires, Vila São José
Riqueza e pobreza
Significados tão distantes
Insignificantes como significado
Da injusta distribuição social
Em alguns instantes
A lavadeira do rio
Que vive a margem
Aqui denominadas, ora são cidades
Com todo seu encantamento
Se sentará em frente ao quadro negro para assim quem sabe
Tirar a mancha que polui e mata não só o ambiente, mas toda nossa
Toda nossa! Toda nossa!
Toda nossa gente...
Em alguns instantes
A lavadeira do rio
Que vive a margem
Aqui denominadas, ora são cidades
Com todo seu encantamento
Se sentará em frente ao quadro negro para assim quem sabe.
Tirar a mancha que polui e mata não só o ambiente, mas toda nossa.
Toda nossa! Toda nossa!
Toda nossa gente...
Eeee ee eooo
Toda nossa,
Toda nossa gente