Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Água e sabão neutro contra a gripe do porco

Médicos dizem ser desnecessário o uso de álcool na higienização das mãos

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
    
São Paulo - Um prática que deveria ser sempre seguida, mas ganhou maior difusão com a pandemia da influenza A (H1N1)- gripe suína, o ato de lavar as mãos não precisa mais do que água e sabão. É o que recomendam o Ministério da Saúde e médicos ouvidos pela Agência Brasil.

Mas a higienização das mãos com o álcool gel também se transformou num hábito do brasileiro, com o crescimento de casos da doença no país. Por causa disso, houve o aumento na procura pelo produto, que chegou a sumir das prateleiras de alguns pontos comerciais e a ter os preços elevados.

O  presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge Carlos Machado Curi, desfaz a crença de que o álcool gel seja essencial na higienização das mãos para evitar a contaminação pelo vírus Influenza (H1N1). Ele disse que basta apenas lavar bem as mãos com água e sabão neutro, e alertou para os riscos do uso indiscriminado do produto.

“Apesar de não se espraiar da mesma forma que o álcool líquido, esse produto também incendeia com facilidade, favorecendo a ocorrência de  acidentes, principalmente,  com crianças e mesmo com adultos”, disse.

De acordo com Machado Curi, os profissionais da área médica de várias especialidades há algum tempo alertam, por meio de campanhas, para a necessidade de reduzir o uso do álcool líquido, uma ação que, na opinião dele poderia também ser aplicada no caso da versão na forma em gel.

Parceira da APM e de outras entidades nessas campanhas, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor defende a aprovação do Projeto de Lei 692/2007, que proíbe a venda do álcool líquido para fins domésticos. “É um produto muito perigoso, facilmente inflamável e responsável pela maior parte dos acidentes com queimaduras em nosso país”, informou por meio de um comunicado.

Embora as campanhas estejam voltadas para a restrição do uso do álcool líquido, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor alega que as análises feitas pela entidade comprovaram que, mesmo na forma de gel, o perigo de acidentes existe e que, nestes casos, as crianças são sempre as maiores vítimas.

No setor de atendimento a pacientes com queimaduras no Hospital das Clínicas  de São Paulo, no entanto, não há o registro de casos frequentes de vítimas de queimaduras com álcool gel, segundo informou o médico responsável pelo departamento, David Gomes.

Ele revelou que entre 12 a 15% dos casos de queimaduras têm origem no uso de álcool líquido. Já os atendimentos causados pelo uso inadequado do produto na forma em gel são raros com apenas dois registros até hoje. O médico também concorda com os especialistas que para higienizar bem as mãos “bastam água e sabão”.


Edição: Aécio Amado