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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Eleições aumentam inflação

Quarta, 20 de janeiro de 2010
Por Ivan de Carvalho
1. O secretário estadual da Fazenda, Carlos Martins, espera para 2010 um índice de inflação de seis por cento. Ele não anunciou isso expressamente. Até mesmo porque a questão inflacionária, embora seja do seu interesse, como secretário da Fazenda de um estado, não é da sua competência ou área de atribuições, mas da responsabilidade do presidente da República, do presidente do Banco Central e do ministro da Fazenda. Do presidente da República, claro, porque é ele que manda, nomeia e demite, querendo, os outros dois. E, assim, não há como negar que ambos fazem o que quer o presidente.

Mas voltemos aos seis por cento de inflação em 2010. É que o secretário Carlos Martins fez uma conta. Disse ao blog Por Escrito esperar que, com a atividade econômica voltando ao normal, 2010 seja “muito bom”. E sapecou: “Eu estou estimando um crescimento real na arrecadação em torno de dois por cento, o que significa um crescimento nominal de oito por cento, mais ou menos”. Ora, se o crescimento nominal é de oito por cento e o real, de dois por cento, os seis que ficam boiando aí nessa conta representam a inflação esperada pelo secretário.

Será, se a expectativa do secretário se confirmar, o maior índice de inflação dos oito anos de mandato do presidente Lula. Coincidentemente – e, como já escrevi várias vezes antes, não acredito em coincidências e acasos – um ano eleitoral.

2. Desde o começo do governo Jaques Wagner, a oposição na Assembléia Legislativa, especialmente por intermédio das lideranças sucessivas dos deputados Gildásio Penedo e Heraldo Rocha, ambos deputados democratas, vem insistindo em que a administração estadual relegou a segundo plano a questão da segurança pública. Em verdade, isso ficou de certo modo explícito durante a campanha eleitoral de Wagner e os primeiros tempos de seu governo, fases em que eram anunciadas saúde, educação e emprego e renda como as três prioridades do governo, não sendo citada a segurança pública.

O evidente avanço constante da criminalidade, da violência e do número de vítimas levou afinal o governador – estimulado por um episódio de ataques feitos por bandidos a instalações policiais – a declarar que dali por diante a segurança pública passava a ser uma prioridade, ao lado das três já citadas. Inaugurava-se, assim, teoricamente – na prática tinha-se de aguardar para saber – uma nova fase na questão da segurança.

Bem, quem melhor pode avaliar se a prioridade está sendo aplicada, de fato, é a população baiana. Quanto à oposição, confia em que a avaliação da população é concorde com a sua. Mesmo assim, trata de reforçá-la com números. O líder Heraldo Rocha afirma que, “como no exercício de 2009”, também para 2010 o orçamento do Estado prevê um investimento baixo na área de segurança pública. “Quando o governo – disse o deputado ao blog Política Livre – investe mais de R$ 1 bilhão em um ano em diversas áreas e em segurança pública aplica R$ 26 milhões, aí está a prova de que este setor não é prioridade deste governo”, conclui.


Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta


Ivan de Carvalho é jornalista baiano