Quarta, 27 de abril de 2011
Por Ivan de Carvalho

Um exemplo
que põe isso a nu é o PMDB. Elegeu uma bancada de seis deputados estaduais, mas
três deles já não podem ser considerados oposicionistas e inclusive se dispõem
a ingressar no PSD, o novo partido que está sendo fundado pelo prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab, pelo vice-governador paulista, Afif Domingos e pelo
vice-governador baiano, Otto Alencar, entre outros políticos.
A liderança
de Otto Alencar sobre a seção baiana do PSD significa que os políticos,
incluindo parlamentares, que estão migrando para a nova e ainda futura legenda
o fazem com a disposição de apoiar o governo de Jaques Wagner, do PT. É a este
governo que a oposição baiana tem de fazer frente, no âmbito estadual. Evidente
que, no âmbito nacional, o confronto desigual é com o governo petista da
presidente Dilma Roussef.
Assim, vistas
as coisas sob o ângulo dessa esqualidez de quadros políticos oposicionistas
(houve baixas pesadas na bancada oposicionista baiana na Câmara federal com as
eleições, o que se acentuou mesmo depois do pleito com o fenômeno do adesismo
pós-eleitoral e a perda, nas eleições, das duas cadeiras de senador que ainda
não estavam sob o controle da base política de Wagner), podem os apressados
imaginar que os oposicionistas que restaram estão em situação desesperadora.
Mas pode não ser exatamente assim.
É provável
que neste momento hajam grandes dificuldades de parlamentares e outras
lideranças estaduais dos principais partidos da oposição baiana, a exemplo do
DEM, PSDB e PMDB e PR (estes dois últimos, oposição somente em nível estadual,
mas não federal), segurar as bases municipais remanescentes e atrair novos
militantes.
Daí a
declarada disposição do deputado democrata ACM Neto e do presidente da seção
estadual do DEM, ex-deputado José Carlos Aleluia, de buscar a renovação com a
incorporação de novos quadros a serem buscados com o máximo empenho.
Mas tão
poucos são os que se mantiveram firmes na oposição em que o eleitorado os
colocou que talvez isto os beneficie. Afinal, é muito praticamente impossível,
em um regime democrático, chegar-se a algo próximo de um consenso eleitoral, a
uma força tão hegemônica que se aproxime da unanimidade. Enquanto o regime for
democrático e a democracia for exercitada, isso é inviável.
Então, sempre
haverá uma parcela considerável da população, e mais especificamente do
eleitorado, que discordará do governo, a ele se oporá e buscará, em eleições,
sufragar os candidatos que estejam alinhados com essa discordância, vale dizer,
que estejam fazendo oposição.
Como, na
atual conjuntura, em nível estadual e em nível da bancada federal, são poucos
os parlamentares e outros políticos de destaque, a exemplo do ex-ministro
Geddel Vieira Lima, do ex-governador Paulo Souto, do ex-senador César Borges,
do ex-deputado José Carlos Aleluia e do deputado João Almeida, do ex-prefeito
de Feira de Santana, José Ronaldo, será fácil a essa parcela oposicionista do
eleitorado identificá-los e identificar-se com eles. Como o discurso de
oposição, na boca de poucos, como os líderes na Câmara e na Assembléia
Legislativa, lhes acarretará visibilidade. Uma notoriedade que pode ser
importante para eles, pessoalmente, em eleições.
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Este artigo
foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de
Carvalho é jornalista baiano.