Sábado, 30 de abril
Deu na revista Época
Delúbio
Soares volta ao PT, de onde nunca saiu de verdade, e traz com ele os negócios
de sua família, tocados à sombra do poder público
Diego
Escosteguy e Murilo Ramos. Com Marcelo Rocha
Num dia
ensolarado em setembro do ano passado, o petista Delúbio Soares encaminhou-se
ao complexo empresarial Brasil XXI, no centro de Brasília, entrou pela garagem
e se dirigiu à sala 320 do Bloco E. Lá, o grupo petista ligado ao ex-ministro
José Dirceu mantém um discreto escritório, destinado a encontros políticos
reservados e a negociações obscuras. Na portaria do prédio, uma placa informa
que ali funciona a “Lobato Advocacia e Consultoria Jurídica”, do advogado
Marthius Lobato. Ele presta serviços ao Fenadados, sindicato petista que reúne
trabalhadores de empresas de informática. O Fenadados é chefiado pelo
sindicalista Carlos Alberto Valadares, conhecido como Gandola, amigo de Delúbio.
NEGÓCIOS
Sede da empresa de Delúbio em Goiânia, que administra um site de lançamentos imobiliários. O principal anunciante é a incorporadora Brookfield
Sede da empresa de Delúbio em Goiânia, que administra um site de lançamentos imobiliários. O principal anunciante é a incorporadora Brookfield
A mesma
sala 320 serve de sede oficial de outro escritório de advocacia, do petista e
sindicalista Luiz Egami, também amigo de Delúbio e nome ligado a José Dirceu em
Brasília. Lobato, Egami e Gandola são personagens desconhecidos do público, assim
como Delúbio, companheiro de todos eles, uma vez foi. Nenhum deles tem cargo no
governo, mas todos transitam pelos mesmos gabinetes do poder onde o setor do PT
capitaneado por Dirceu reina há oito anos. A missão dessa equipe, assim como a
de Delúbio sempre foi, é defender os interesses políticos e econômicos do PT. A
sala 320 é um dos principais pontos de encontro do grupo.
O próprio Dirceu, o “chefe da organização criminosa” do mensalão, nos dizeres da Procuradoria-Geral da República, costuma frequentar as reuniões na sala 320. Desta vez, porém, ele não estava lá. Numa das salas do escritório, em volta de uma mesa quadrada de vidro, Delúbio e outros sete companheiros reuniram-se para discutir os rumos da campanha de Dilma Rousseff. Dois deles, que frequentam o local, aceitaram contar a ÉPOCA o que se passava ali. Naquela ocasião, a turma de Dirceu debatia formas de captar mais recursos para a campanha de Dilma. Também discutiam estratégias políticas, sobretudo ações em redes sociais como o Twitter, para enfraquecer a candidatura do tucano José Serra. Segundo petistas, políticos e lobistas ouvidos por ÉPOCA, Delúbio fez de tudo para ajudar na campanha presidencial de Dilma.